Grande Rio encanta com história de pai de santo, mas evolução compromete
Resumo da notícia
- Grande Rio preparou um belo desfile e empolgou público com samba-enredo
- Escola teve problema com carro abre-alas, o que deve custar pontos na apuração
- Rainha de bateria, a atriz Paolla Oliveira foi muito tietada e roubou a cena
A Acadêmicos do Grande Rio levou para a Sapucaí a história de Joãozinho da Gomeia, pai de santo negro e homossexual que venceu o preconceito e ficou conhecido como um dos líderes religiosos mais respeitados do país. O desfile terminou como um dos mais bonitos e empolgantes do Carnaval até aqui —incluindo o de São Paulo—, com intensa participação do público, alegria contagiante e sinergia entre componentes.
Com alegorias exuberantes, samba empolgante, figurinos originais e um conceito bem amarrado, 30 alas, 5 carros, 3 tripés e 3.200 integrantes mostraram como Joãozinho ascendeu no Candomblé e conseguiu se tornar uma personalidade influente na política e do mundo artístico nas décadas de 1950 e 1960, combatendo a intolerância religiosa. Mas nem tudo foi brilho. Problemas técnicos podem tirar a Grande Rio da luta direta pelo título.
Galera de pé
Contrastando com os desfiles da Mangueira e Paraíso do Tuiuti, mornos considerando o que se esperava dessas escolas, a Grande Rio acertou no samba e levantou a plateia na Sapucaí. A temática sobre religião africana com ritmo acelerado e melodia, conquistou a arquibancada e fez muitos torcedores —e não torcedores— sambarem.
Evolução problemática
A Grande Rio, porém, teve dificuldade para manobrar carros no aquecimento e o abre-alas não conseguiu entrar por completo, por conta de um atraso no posicionamento de destaques. Apenas a primeira parte da alegoria foi colocada a tempo na avenida. Isso gerou muito corre-corre e um "buraco" considerável na pista. A escola deve perder pontos em evolução.
Paolla, a rainha popular
Na concentração, uma integrante da Grande Rio roubou a cena: a rainha de bateria Paolla Oliveira. Com sua fantasia de Cleópatra, a atriz foi muito tietada por quem passava e precisou parar diversas vezes para tirar selfies. Outras musas também causaram, principalmente antes de o samba rolar, como Monique Alfradique e Adriana Bombom.
Vejo cores em você
A Grande Rio acertou com suas cores na avenida. O verde predominou, em referência à natureza e aos caboclos que se tonaram seguidores de Joãozinho da Gomeia. Com lindas fantasias, o visual também explorou os outros tons da escola, branco e vermelho, além de de azul, rosa, branco, amarelo. Uma paleta estilo arco-íris que, apesar da diversidade, pintou um quadro extremamente harmônico.
Mas esses carros, hein?
A equipe da Grande Rio teve de desacoplar o segundo carro alegórico para chegar à Praça da Apoteose. A alegoria, que já havia apresentado problemas na concentração, chegou a ficar parada bem na frente do portão de encerramento. Integrantes foram obrigados a correr para cruzar a linha de chegada no tempo regulamentar do desfile. Mais um pecado técnico diante de tantas maravilhas.
Samba-enredo
"Tata Londirá: O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias"
Compositores: Deré, Robson Moratelli, Rafael Ribeiro e Toni Vietnã
É pedra preta!
Quem risca ponto nesta casa de caboclo
Chama flecheiro, lírio e arranca toco
Seu "serra negra" na jurema, juremá
Pedra preta!
O assentamento fica ao pé do dendezeiro
Na capa de Exu, caminho inteiro
Em cada encruzilhada um alguidar
Era homem, era bicho flor
Bicho homem pena de pavão
A visão que parecia dor
Avisando salvador, João!
No camutuê Jubiabá
Lá na roça a gameleira
"Da Goméia" dava o que falar
Na curimba feiticeira
Okê! Okê Oxossi é caçador
Okê! Arô! Odé!
Na paz de zambi, ele é mutalambo!
O alaketo, guardião do agueré
É isso, dendê e catiço
O rito mestiço que sai da Bahia
E leva meu pai mandingueiro
Baixar no terreiro quilombo caxias
Malandro, vedete, herói, faraó
Um saravá pra folia
Bailam os seus pés
E pelo ar o bejoim
Giram presidentes, penitentes, yabás
Curva se a rainha e os ogans batuqueiros pedem paz
Salve o candomblé, eparrei Oyá
Grande Rio é Tata Londirá
Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé
Eu respeito seu amém
Você respeita meu axé
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.