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Mangueira polemiza no tema e busca o bi com releitura da história de Jesus

Carnavalesco Leandro Vieira é a aposta para levar a Mangueira ao bicampeonato - Júlio César Guimarães/UOL
Carnavalesco Leandro Vieira é a aposta para levar a Mangueira ao bicampeonato Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Colaboração para o UOL

Em São Paulo

28/01/2020 13h14

A Estação Primeira de Mangueira busca o bicampeonato e seu 21º título do Grupo Especial no Carnaval 2020 do Rio. Para isso, a escola vai levar para a avenida o enredo "A Verdade Vos Fará Livre", uma releitura da história de Jesus - ele nasce na manjedoura no morro da Mangueira.

O carnavalesco Leandro Vieira gosta de apostar em enredos de forte impacto e que lançam discussões acaloradas. Não tem sido diferente com o tema do Carnaval de 2020, e a Mangueira lida com uma campanha de setores conservadores que manifestam repúdio ao enredo.

"Acho que uma das minhas contribuições à Mangueira tem sido essa. A possibilidade de propor coisas que façam com que a escola saia da bolha do Carnaval", declara o carnavalesco de 36 anos, em entrevista ao colunista Anderson Baltar.

À frente do ritmistas, Evelyn Bastos permanece como rainha de bateria. Ela desfila pela escola desde os 4 anos de idade e foi coroada em 2014.

De acordo com a programação do Carnaval do Rio de Janeiro, a Mangueira será a terceira escola a entrar na Sapucaí no domingo (23/2). O início da apresentação da verde e rosa está previsto para ocorrer entre 23h30 e 23h50.

SAMBA-ENREDO

"A Verdade Vos Fará Livre"

Compositores: Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo

LETRA

Mangueira

Samba teu samba é uma reza

Pela força que ele tem

Mangueira

Vão te inventar mil pecados

Mas eu estou do seu lado

E do lado do samba também

Eu sou da Estação Primeira de Nazaré

Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher

Moleque pelintra no Buraco Quente

Meu nome é Jesus da Gente

Nasci de peito aberto, de punho cerrado

Meu pai carpinteiro desempregado

Minha mãe é Maria das Dores Brasil

Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira

Me encontro no amor que não encontra fronteira

Procura por mim nas fileiras contra a opressão

E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão

Eu tô que tô dependurado

Em cordéis e corcovados

Mas será que todo povo entendeu o meu recado?

Porque de novo cravejaram o meu corpo

Os profetas da intolerância

Sem saber que a esperança

Brilha mais na escuridão

Favela, pega a visão

Não tem futuro sem partilha

Nem Messias de arma na mão

Favela, pega a visão

Eu faço Fé na minha gente

Que é semente do seu chão

Do céu deu pra ouvir

O desabafo sincopado da cidade

Quarei tambor, da cruz fiz esplendor

E Ressurgi no cordão da liberdade

Rio de Janeiro