Sobre terreno em declive, casa de madeira se integra à mata
A madeira é a principal protagonista do projeto da Casa Vila Taguaí, localizada em Carapicuíba, a 22 km do centro da capital de São Paulo. Trata-se de um empreendimento imobiliário concebido a partir da parceria da arquiteta Cristina Xavier e do engenheiro Hélio Olga, visando uma alternativa inovadora de construção de espaços de moradia e ocupação de áreas verdes. Outro intuito do projeto foi o de viabilizar a pesquisa do sistema construtivo que emprega madeira originária de áreas de manejo sustentável do Acre.
A Casa Vila Taguaí integra um conjunto de oito residências construídas no condomínio Chácaras do Refúgio, uma gleba de 12 mil m² com mata atlântica. A topografia acidentada foi fator determinante na implantação das unidades – três modelos que variam de 130 m² a 170 m².
Projetadas segundo o sistema construtivo desenvolvido pelo engenheiro Hélio Olga, todas as casas são pré-fabricadas. Nas paredes externas, divisórias, lajes de piso e cobertura são empregados painéis autoportantes de madeira cumaru, produzidos com dimensões variáveis, de modo a facilitar o armazenamento, o transporte e a montagem. Esses painéis têm oito centímetros de espessura e são formados por vigotas espaçadas a cada dez centímetros, sendo o “espaço entre elas preenchido com duas réguas paralelas e o vazio interno utilizado para passagem de instalações elétrica e hidráulica”, explica a arquiteta Cristina Xavier.
O partido arquitetônico levou em conta a grande declividade do terreno –verdadeiro barranco, com cerca de 45 graus de inclinação– além do indispensável isolamento da madeira em relação ao solo, dado o risco de apodrecimento. Por isso, todas as casas foram suspensas, apoiadas apenas em um conjunto de colunas e vigas transversais de jatobá. Cria-se assim um amplo terraço, cercado por um grande jardim exclusivo, além da área verde comum a todos os moradores do condomínio. O necessário contraventamento (sistema de travamento da estrutura, para torná-la mais rígida) é assegurado pelas paredes de blocos de concreto da escada que liga os dois pavimentos.
No pavimento superior, o living e os dormitórios têm aberturas voltadas para norte e leste, que coincidem com a direção do caimento do terreno e gozam de melhor vista. As áreas molhadas (banheiros, cozinha e lavanderia) estão centralizadas na fachada oeste, onde uma pequena passarela dá acesso às casas.
A laje de cobertura, protegida por manta termoplástica, apresenta beiral de 1,20 m nas quatro faces e abriga placas de captação de energia solar.
Para a arquiteta, a experiência com o uso da madeira mostrou-se muito positiva, especialmente se considerar que o material não foi submetido a qualquer espécie de tratamento. “Só usamos madeira de lei e ela respondeu satisfatoriamente a todas as exigências técnicas e às necessidades de conforto”.
Ficha técnica
Vila Taguaí, Carapicuíba (SP)
Projeto de Cristina Xavier e Hélio Olga
Detalhes do projeto- Área do Terreno 12.000 m²
- Área Construída 1.250 m²
- Início do Projeto 2007
- Conclusão da Obra 2010
- Projeto Cristina Xavier e Hélio Olga
- Colaboradores Henrique Fina, Lucia Hashizume e João Xavier
- Projeto de Arquitetura Cristina Xavier e Hélio Olga
- Projeto de Fundação Luis Fernando Meirelles
- Projeto Estrutural - Concreto Hélio Olga
- Construção Ita Construtora
- Projeto de Instalações Elétricas Sandretec