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Drones, ameaça de morte e luta: Documentário brasileiro é indicado ao Emmy

Moto atravessa área de Floresta Amazônica incendiada em Rondônia, em cena do filme O Território - Alex Pritz/O Território/Divulgação
Moto atravessa área de Floresta Amazônica incendiada em Rondônia, em cena do filme O Território Imagem: Alex Pritz/O Território/Divulgação

Giacomo Vicenzo

De Ecoa, Em São Paulo (SP).

13/07/2023 16h05

O documentário "O Território" foi indicado ao Emmy 2023 em três categorias. O longa-metragem não ficcional narra a luta do povo indígena uru-eu-wau-wau defendendo suas terras de invasores em Rondônia.

Distribuído pela National Geographic, o documentário é dirigido pelo americano Alex Pritz e teve a ativista indígena Txai Suruí à frente da produção executiva.

No 75º Emmy Awards, "O Território" foi indicado nas categorias: cinematografia excelente para um programa de não-ficção; melhor direção para um programa de documentário/não-ficção e mérito excepcional na produção de documentários.

Filme retrata luta em defesa da floresta

O filme mostra jovens líderes, incluindo Bitaté Uru-Eu-Wau-Wau, que utiliza drones e redes sociais para monitorar o território, e Neidinha, uma ativista ambiental que tem dedicado décadas de trabalho em parceria com as comunidades indígenas.

Ivaneide Bandeira, também conhecida como Neidinha, cresceu em um seringal que hoje é a Terra Indígena Uru-eu-wau-wau. Desde criança, teve contato com o povo indígena e posteriormente, na década de 1980, começou a trabalhar na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) com indígenas isolados.

Desde então, ela passou a enfrentar ameaças de morte e a confrontar madeireiros ilegais, mineradores e outros invasores.

"No seringal, minha mãe me ensinou a ler em revistas como Grande Hotel, Sétimo Céu, Capricho e livros de bolso de bangue-bangue, onde as histórias sempre mostravam os indígenas sendo mortos e expulsos por invasores de suas terras. Decidi que, se um dia pudesse ir para aonde morava o povo da cidade, lutaria para defender os direitos dos povos indígenas", disse para reportagem de Ecoa em 2021.

A ativista ambiental Neidinha em cena do documentário 'O Território', indicado ao Emmy 2023. - Amazon Land Documentary/Alex Pritz - Amazon Land Documentary/Alex Pritz
A ativista ambiental Neidinha em cena do documentário 'O Território', indicado ao Emmy
Imagem: Amazon Land Documentary/Alex Pritz

Já Bitaté tinha apenas 18 anos durante as gravações do filme. Foi nessa mesma idade que os mais velhos de sua comunidade o nomearam presidente da Associação Jupaú, dedicada à proteção e conservação das terras uru-eu-wau-wau. Atualmente, ele faz parte do coletivo de comunicadores indígenas Mídia Índia e está cursando jornalismo na Universidade Federal de Rondônia.

No contexto, após a eleição de Jair Bolsonaro, as pressões exercidas por fazendeiros e ocupantes ilegais sobre as terras indígenas se intensificaram — o que é retratado no filme, trazendo também a versão dessas pessoas sobre a situação.

"O sonho brasileiro de quem está vivendo aqui é ter o seu pedacinho de terra pra poder trabalhar, tirar seu sustento. Produzindo alguma coisa, plantando pra fazer nosso Brasil ir pra frente", diz um agricultor no documentário.

Cartaz do filme "O Território", que conta com a trilha sonora de Eric Terena - Reprodução - Reprodução
Cartaz do filme "O Território", que conta com a trilha sonora de Eric Terena
Imagem: Reprodução

Apesar do desmatamento e do fogo serem ignorados pelo governo da época, os uru-eu-wau-wau assumem a arriscada tarefa de proteger a floresta. Como destaca Neidinha no documentário, o território deste povo tem funcionado como uma barreira contra a destruição.

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Um fazendeiro excêntrico cria um safári africano no Brasil. Uma cidade famosa por seus... caixões. Em 'OESTE', nova série em vídeos do UOL, você descobre estas e outras histórias inacreditáveis do interior do país. Assista:

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