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Papo Preto #12: Babu diz que foi cauteloso com falas sobre racismo no BBB

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Colaboração para Ecoa, de São Paulo

25/11/2020 04h00

Quando entrou no BBB, o ator e cantor Babu Santana tinha ambições modestas: divulgar seu nome para aumentar os trabalhos de sua banda, saciar sua curiosidade de espectador, quem sabe durar três semanas no programa... Mas, quando saiu, na antevéspera da final, soube que tudo tinha sido muito maior do que esperava.

"Toda essa mobilidade, todos os debates, todas as pautas que eu levantei no programa viraram pautas de discussões. Isso foi muito legal, foi muito interessante me testar enquanto civilidade, estar com pessoas que provavelmente eu não estaria, enfim. Foi uma experiência antropológica, podia dizer assim, cara", conta ele (a partir de 3:30 do arquivo acima).

Babu Santana possui uma longa trajetória artística e ganhou uma visibilidade imensurável durante e após a participação no BBB 20. Em entrevista a Pedro Borges, editor-chefe do Alma Preta, ele conta neste 12º episódio de Papo Preto ter aproveitado as oportunidades profissionais que surgiram, adiantou quais são seus projetos futuros, compartilhou o que pensa sobre a questão racial e também sobre o cenário político do Brasil.

Nascido e criado no Vidigal - comunidade que tem uma das mais bonitas paisagens do Rio de Janeiro e fica de frente para o mar -, Babu diz que sempre brinca que sua família o preparou para o Big Brother. Porque a minúscula, mas bem localizada, casa de sua mãe, atraía sempre grupos enormes de parentes que se dividiam nos quatro cômodos para curtir a praia e a vista. Uma convivência tão intensa, ele conta, ensina logo a ver e respeitar o outro.

"Acho que todas as questões que a gente vive hoje é um pouquinho da pessoa se colocar no lugar do outro, né? Quando o cara racista, machista, homofóbico, eu acho que é a ausência desse cara vibrar e pensar no próximo, em como a vida se apresentou para essa pessoa", diz (a partir de 12:19 do arquivo acima). A capacidade de alteridade serviu até para que ele acalmasse seu coração no convívio com pessoas que se portavam mal. "Eu, desde pequeno, sei dividir as coisas. Essa pessoa deve ter nascido numa outra casa onde ela não tinha que dividir, onde tinha pessoas servindo ela". Mas sem passar pano.

A forma como Babu abordou um racismo ao mesmo tempo para milhões de brasileiros e confinado em uma casa com muitas pessoas diferentes é um dos pontos da conversa. Ele lembra que, nos anos 1990, a posição hegemônica era de que não havia racismo no Brasil. Ou seja, a resistência até mesmo à existência do racismo é enorme. "Ao invés de dar murro em ponta de faca - porque a gente sabe que é uma ponta de faca - acho que tem que buscar formas de introduzir o assunto de forma que vai tocar essas pessoas que precisam mudar. O interessante para as gerações futuras é que essa cultura do racismo se dilua", afirma (a partir de 23:46 do arquivo acima).

Também por isso, ele afirma que tentou abordar o assunto com cuidado no jogo para que isso não acabasse o prejudicando. "Eu sabia que, por se tratar de programa megapopular, o que se dizia ali de qualquer assunto tinha que ser falado com muita tranquilidade. Em relação ao jogo, de forma que não me prejudicasse, e em relação ao movimento também".

Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL e coletivos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.

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