Papo Preto #126: De qual tecnologia estamos falando?

No segundo episódio especial do 'Julho das Pretas', Papo Preto aborda a tecnologia a partir da perspectiva afrodiaspórica. Stela Diogo conversa com a cientista de dados Zaika dos Santos sobre a importância de olhar para as produções tecnológicas do continente africano e para todo o conhecimento ancestral do povo negro.

Tranças Nagôs, símbolos Adinkra e Geometria Sona são alguns exemplos desses saberes ancestrais herdados da África pré-colonial que foram apagados pela História. Para a intelectual e ativista Lélia Gonzalez, os povos negros e indígenas contribuíram na construção cultural do continente americano e, no caso do Brasil, um exemplo disso é a própria linguagem, que muitas vezes não é lembrada como tecnologia, mas também é.

A partir disso, Lélia cunha o termo 'pretoguês', que parte da influência das culturas africanas na língua portuguesa. "O continente africano tem mais de 2 mil línguas lá catalogadas, que não são dialetos, são linguagens, o que representa 30% da linguagem mundial", diz Zaika dos Santos. "Além da linguagem, a África também tem tecnologias da tecelagem, da impressão. Na África pré-colonial já existia esse sistema, mas era utilizando cabaças" (a partir de 05:58 do arquivo acima).

Ela diz que a tecnologia pensada por uma perspectiva ocidental hegemônica nasce apagando a história do povo negro de todas as formas possíveis. "O conceito de afrofuturismo consegue recaptular o processo histórico numa tríade de raciocínio acerca do passado, em um local de posicionamento acerca do presente, e numa referência a uma alusão ao futuro" (a partir de 13:43 do arquivo acima).

Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL, coletivos e veículos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.

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