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Anderson Baltar

Dragões, Casa Verde e Mancha se destacam na primeira noite de SP

Viviane Araújo desfilou como rainha de bateria da Mancha Verde - Ricardo Matsukawa/UOL
Viviane Araújo desfilou como rainha de bateria da Mancha Verde Imagem: Ricardo Matsukawa/UOL

22/02/2020 08h52

Após a primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, Dragões da Real, Império de Casa Verde e Mancha Verde saíram do Anhembi credenciadas à luta pelo título.

A Dragões, escola que vem "batendo na trave" nos últimos anos, trouxe muito bom gosto no visual e uma alegria que contagiou o público. A atual campeã, Mancha Verde, impressionou pelo visual e a Império de Casa Verde chamou a atenção pelo desfile altamente competente e tecnicamente perfeito.

Barroca Zona Sul

A primeira escola a desfilar, a Barroca Zona Sul, celebrou sua volta ao Grupo Especial, de onde estava ausente desde 2005. Contando a saga de Tereza de Benguela, a guerreira africana que criou o quilombo do Quariterê, no Mato Grosso do século 18, a verde e rosa apresentou um dos melhores sambas-enredo do ano, muito bem interpretado pelo intérprete Pixulé e conduzido por uma bateria entrosada.

Porém, o desfile apresentou problemas sérios de evolução. O carro abre-alas teve muita dificuldade de locomoção e prejudicou o bom andamento do desfile. Com isso, os dois últimos setores tiveram que apertar o passo para não estourar o tempo máximo de 65 minutos —o que foi conseguido com muito esforço. Certamente, essas falhas poderão custar décimos preciosos para a briga da Barroca em permanecer na elite do Carnaval paulistano.

Tom Maior

Buscando se recuperar do 12º lugar do Carnaval passado, a Tom Maior fez uma homenagem a personalidades da raça negra com o enredo "É coisa de preto". Com um carro abre-alas suntuoso, fantasias bem acabadas e um bom canto, a escola fez um desfile correto e que teve os seus momentos de empolgação com a ousadia da bateria de mestre Carlão.

Cabe destacar que, no regulamento deste ano, os jurados foram instruídos a premiar as baterias mais audaciosas —do que a Tom Maior pode vir a se beneficiar. No final do desfile, a evolução foi um pouco comprometida com uma leve correria para cumprir o tempo regulamentar.

Dragões da Real

Vice-campeã de 2019, a Dragões da Real provocou o primeiro momento de arrebatamento da noite. Com o enredo "A revolução do riso - A arte de subverter o mundo pelo divino poder da alegria", do carnavalesco Mauro Quintaes, a escola mostrou um belíssimo conjunto de alegorias e fantasias. O samba, criticado na pré-temporada, rendeu bastante e permitiu um desfile muito animado, com os componentes cantando a plenos pulmões.

Caprichada, animada e com evolução perfeita, a Dragões deixou no coração de seu torcedor a esperança de soltar o tão ansiado grito de campeão.

Mancha Verde

Após 80 minutos de paralisação no espetáculo por conta do caos que virou a dispersão após um carro da Dragões da Real ficar preso na rede elétrica, a Mancha Verde entrou na pista disposta a conquistar o bicampeonato. Para isso, a escola apostou em um visual luxuoso e imponente para contar o seu enredo "Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem", do multicampeão Jorge Freitas.

Era visível o esmero e o capricho na confecção das alegorias e fantasias. Os componentes fizeram sua parte e evoluíram com alegria pelo Anhembi. No entanto, o peso de algumas fantasias e o enredo, de compreensão difícil, pode vir a prejudicar a escola na apuração de terça-feira. De toda forma, foi uma apresentação que credencia a agremiação para a disputa no topo da tabela.

Acadêmicos do Tatuapé

A Acadêmicos do Tatuapé foi a quinta escola a desfilar no Anhembi. Com um enredo sobre a cidade de Atibaia, fez um desfile desigual no que diz respeito ao visual, com alegorias e fantasias que variavam na qualidade de concepção e acabamento, tornando-se um tanto tedioso.

A evolução foi contínua e tranquila, mas o canto das alas oscilou em vários momentos. O ponto alto do desfile foi o desempenho da bateria e do cantor Celsinho Mody, que mostraram garra e versatilidade. Pela impressão que deixou na pista, o Tatuapé deverá ficar em uma posição mediana.

Império de Casa Verde

O dia clareava quando o Império de Casa Verde entrou na pista do Anhembi. Por conta do atraso nas apresentações, a azul e branca acabou sendo prejudicada. Afinal, o seu carro abre-alas, com muitos efeitos especiais e uma iluminação especial, foi projetado para desfilar durante a noite. Porém, isso não foi capaz de empanar o brilho da apresentação da escola.

Com belos carros alegóricos e um dos melhores conjuntos de fantasias da noite, a agremiação fez um desfile muito competente na parte visual. Nem a chuva diminuiu o ânimo dos componentes. Mesmo sem ter uma comunicação com o público comparável com a da Dragões da Real, a Casa Verde fez um desfile tecnicamente qualificado, que a credencia a brigar por título.

X-9 Paulistana

A chuva já ameaçava cessar quando a X-9 Paulistana entrou na pista do Anhembi para encerrar a primeira parte dos desfiles. Com o enredo "Batuques para um rei coroado", sobre a variedade de sons e ritmos do Brasil, a escola fez um desfile de raça, mas repleto de problemas.

Com dificuldades de encaixe, o segundo carro alegórico chegou a desacoplar no meio da pista e comprometeu a evolução, com a formação de alguns claros na pista e uma correria a partir dos 30 minutos de desfile. As alegorias e fantasias eram extremamente simples e não impressionaram. O ponto positivo foi a bateria, que não deixou cair a cadência do bom samba-enredo. Duas vezes campeã do Carnaval paulistano, a X-9 deverá, mais uma vez, brigar na parte de baixo da tabela.

Anderson Baltar