'Sereia' fica um minuto submersa em homenagem da Viradouro às mulheres
Segunda escola a desfilar na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, em 2020, a Unidos do Viradouro homenageou as mulheres que lutaram para construir o Brasil com o samba-enredo "Viradouro de Alma Lavada". Na comissão de frente, mulheres interpretaram ganhadeiras, que sobreviviam lavando roupas, e trocaram de roupa durante o desfile.
A atleta Anna Giulia Veloso, da seleção brasileira de nado sincronizado, representou uma sereia e ficou um minuto submersa em um tanque com 7 mil litros de água simulando a lagoa do Abaeté, em Itapuã, na Bahia.
O carro abre-alas "Prelúdio das Águas", em referência a uma das canções das ganhadeiras, é o maior da história da Viradouro, com 50 metros de comprimento. O público aprovou: durante as "paradonas" da bateria, o público dos setores populares cantou a plenos pulmões o samba-enredo. A cada alegoria que chegava na Apoteose, os torcedores iam ao delírio.
A cantora baiana Margareth Menezes, em sua estreia na Sapucaí, representou uma colombina no quarto carro alegórico, "Ciranda de Roda à Beira do Mar Aberto", um dos carros mais lúdicos e luxuosos da escola neste desfile.
Com um telão de LED em que se lia o slogan "Lute como uma mulher", a última alegoria da escola, que "coroa" as ganhadeiras, entrou na Sapucaí com problemas. Parte da alegoria caiu e componentes tentaram resolver. Bombeiros seguraram entrada para checar forte cheiro de gás saindo do veículo, mas constataram ser normal da combustão.
Além disso, uma componente da escola passou mal durante o desfile e foi levada por maqueiros para o posto médico na dispersão
A agremiação de Niterói foi campeã uma vez do Grupo Especial, em 1997. No ano passado, terminou em segundo lugar.
"Viradouro de Alma Lavada"
Compositores: Cláudio Russo, Paulo Cesar Feital, Diego Nicolau, Júlio Alves, Dadinho, Rildo Seixas, Manolo, Anderson Lemos e Carlinhos Fionda.
Intérprete: Zé Paulo Sierra.
Ora yê yê ô oxum! Seu dourado tem axé
Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!
Levanta, preta, que o Sol tá na janela
Leva a gamela pro xaréu do pescador
A alforria se conquista com o ganho
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor
Mainha, esses velhos areais
Onde nossas ancestrais acordavam as manhãs
Pra luta sentem cheiro de angelim
E a doçura do quindim
Da bica de Itapuã
Camará ganhou a cidade
O erê herdou liberdade
Canto das Marias, baixa do dendê
Chama a freguesia pro batuquejê
São elas, dos anjos e das marés
Crioulas do balangandã, ô iaiá
Ciranda de roda, na beira do mar
Ganhadeira que benze, vai pro terreiro sambar
Nas escadas da fé
É a voz da mulher!
Xangô ilumina a caminhada
A falange está formada
Um coral cheio de amor
Kaô, o axé vem da Bahia
Nessa negra cantoria
Que Maria ensinou
Ó, mãe! Ensaboa, mãe!
Ensaboa, pra depois quarar
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