Animes e mangás: o melhor de 'Jujutsu Kaisen' é a dublagem brasileira

Tal qual toda a comunidade otaku, sempre soterrada pela quantidade de animes para assistir, também deixo algumas coisas para terminar depois. E o recesso de final de ano serviu para, finalmente, concluir o arco de Shibuya em "Jujutsu Kaisen". E enquanto assistia àquelas lutas bem animadas —e com explicações de poderes confusas— me peguei pensando: a dublagem brasileira de "Jujutsu Kaisen" salva muito esse anime.

Embora reconheça a importância de "Jujutsu Kaisen" na comunidade, tenho algumas ressalvas em relação à obra. Acredito que Gege Akutami tem uma pequena dificuldade de explicar suas ideias, então tanto o mangá quanto o anime acabam sendo produções confusas e que, por esse motivo, parecem mais profundas do que são na verdade. Mas um dos pontos altos da obra é a relação entre os personagens, aí não tem para ninguém.

"Jujutsu Kaisen" é uma série que transborda carisma, com um elenco divertidíssimo e com interações muito humanas. Os melhores episódios são os que mostram os personagens apenas vivendo a vidinha deles. E por mais que as lutas de "Jujutsu Kaisen" sejam deslumbrantes, me diverti mais com o episódio da partida de baseball da 1ª temporada do que com a luta contra Mahito no arco de Shibuya.

E o anime fica ainda melhor quando estamos assistindo com dublagem em português. Não só porque a tradução feita pelo estúdio Som de Vera Cruz seja muito clara e impecável, mas também pelo trabalho dos dubladores. Yuri Tupper, Fabrício Vila Verde e Amanda Brigido brilham como o trio principal Yuji, Megumi e Nobara. Léo Rabelo deu um tom muito característico para o Satoru Gojo, e Francisco Júnior mostra ser especialista em dublar vilões por seu Sukuna impecável.

Caso ainda não tenha tido essa oportunidade, dê uma chance de ver "Jujutsu Kaisen" com a dublagem em português. Garanto que vai melhorar ainda mais a experiência com a obra.

"Jujutsu Kaisen"
Onde: Crunchyroll e Netflix

"Percebemos que o time de localização fez um trabalho ótimo de adaptação, mesmo que todos os personagens sejam da cultura japonesa. Entendemos que é importante que pessoas de outros lugares do mundo também consigam sentir essa proximidade com os personagens."

Manabu Otsuka, CEO do estúdio MAPPA em entrevista a Splash durante a CCXP 24 falando sobre a dublagem brasileira de 'Jujutsu Kaisen'

Boas dublagens brasileiras em animes recentes

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Imagem: Reprodução

"Demon Slayer"
Aqui temos um equilíbrio quase perfeito do que se deve respeitar e do que se pode brincar numa dublagem. Ao mesmo tempo em que há um cuidado para deixar interpretações e até mesmo a pronúncia de nomes próxima ao japonês, há espaço para pequenas brincadeiras que dão leveza. Disponível na Crunchyroll e Netflix.

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Imagem: Reprodução/Production I.G

"Kaiju No.8"
Assim como em "Jujutsu Kaisen", aqui os dubladores tiveram espaço para colocar uma personalidade bem brasileira aos personagens, mas sem aqueles exageros de enfiar meme nos diálogos em que não fariam sentido. Você assiste a esse anime e, às vezes, até esquece que a trama é ambientada no Japão. Disponível na Crunchyroll.

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Imagem: Shueisha/Wit Studio/Cloverwork

"Spy x Family"
Ouso dizer que a dublagem de "Spy x Family" entendeu melhor o anime do que a equipe japonesa. No original, demora para eles entenderem que o anime é uma comédia com ação, e não uma obra séria. A versão brasileira se tocou disso desde o começo, o que foi fantástico. Disponível na Crunchyroll e Netflix.

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Dogão é mau? Mangá de autora de "Beastars" vira polêmica

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Mangá Imagem: Reprodução/Akita Shoten

A mais recente edição da revista Shonen Champion (de "Welcome to Demon School! Iruma-kun" e "Shy") trouxe o início da serialização de um novo mangá chamado "Taika no Risei" ("Os Motivos de Taika", em tradução livre), da autora Paru Itagaki, mas esse título já havia se tornado uma polêmica na internet antes mesmo do lançamento por conta de sua premissa inesperada.

A trama de "Taika no Risei" começa apresentando a adolescente Ao, uma jovem comum que tem uma vida social comum e gosta de games online, principalmente para arranjar treta com desconhecidos. Ela mora em um lar estruturado com mãe e pai presentes, e a família tem como mascote um pitbull chamado Taika, um amorzinho em forma de animal. Taika é carinhoso e prestativo, a ponto de ninguém imaginar o que viria a acontecer em poucos dias.

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Um dia, Ao chega em casa e, ao abrir a porta, encontra o corpo de seu pai estirado no chão. Seu rosto estava todo deformado por mordidas, e ao lado ela vê Taika com o focinho e boca cheios de sangue. A adolescente chega à conclusão que o pitbull matou seu pai, mas por qual motivo?

Ela lembra que no dia anterior, durante o passeio, o próprio pai havia comentado que os pitbulls são criaturas dóceis desde que ninguém ative o 'botãozinho' em suas cabeças que muda seu comportamento. O que terá acontecido naquele dia? O que ativou o lado agressivo de Taika? De qualquer forma, Ao sente uma vontade de proteger seu cachorro de um possível sacrifício e decide ocultar o cadáver do seu pai e mentir para sua mãe sobre o paradeiro do marido dela.

Até aqui temos um mangá de suspense tradicional, mas há um detalhe importante sobre "Taika no Risei": no mundo desta história existe uma forma de "humanizar pets". Através de um processo ainda não detalhado na trama, há a possibilidade de antropomorfizar animais de estimação e transformá-los em criaturas humanoides, com capacidade de fala e tudo.

Esse intrigante mangá, no entanto, acabou ganhando outras interpretações quando teve sua premissa anunciada. Houve um temor de que seria um mangá promovendo relações sexuais entre humanos e animais, algo que não ocorreu no capítulo de estreia. Mangás são obras abertas, e não podemos dizer até onde a trama pretende ir, mas uma autora como Paru Itagaki que já criou tantas obras boas e responsáveis merece um pouquinho de confiança.

"Taika no Risei"
Onde: revista Shonen Champion
(Ainda sem publicação oficial no Brasil)

O quanto você conhece da Marinha em "One Piece"?

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Splash fez um novo quiz, dessa vez com perguntas sobre a Marinha no mundo de "One Piece". Quer testar seus conhecimentos e ainda descobrir qual é a sua patente? Clique aqui e faça o teste.

Mestre da Semana: Paru Itagaki, a mangaká rainha dos animais

Paru Itagaki, autora de
Paru Itagaki, autora de Imagem: Reprodução/YouTube

Mesmo com apenas 31 anos já podemos considerar Paru Itagaki uma das grandes autoras de mangá do Japão. Influenciada pelo meio artístico desde criança por ser filha do mangaká Keisuke Itagaki (autor da série "Baki"), desde jovem Paru exercitou a arte de desenhar. Chegou a fazer faculdade de cinema, mas por não conseguir emprego na área acabou debandando para os mangás. E que vitória para os fãs de quadrinhos!

Ela começou na Shonen Champion uma série de histórias curtas chamada "Beast Complex" (4 volumes) e, pouco tempo depois, ganhou a oportunidade de publicar o mangá "Beastars" (22 volumes, tem anime na Netflix), que se passa no mesmo universo. Ambas as obras foram publicadas no Brasil pela editora Panini —e saíram até juntas em um box.

Paru se destaca pela forma como desenha. Seu traço tem um estilo único, às vezes passa a impressão de ser um rascunho muito bonito, e ela é capaz de criar personagens muito expressivos. Suas duas obras de estreia são estreladas por animais antropomórficos, então ela teve um desafio a mais para transmitir emoções.

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Uma curiosidade é que a autora nunca mostrou seu rosto em público. Muito reservada, mas também bem humorada, Paru sempre aparece em eventos usando uma máscara de galinha.

Depois de "Beastars" a autora não parou mais. Desenhou uma obra autobiográfica chamada "Paru no Graffiti" para a revista Kiss, desenvolveu a série curta "Bota Bota" (1 volume) para a editora Nihon Bungeisha e, logo depois, retornou à editora Akita Shoten para publicar "Sanda" (16 volumes, tem anime anunciado) na "Shonen Champion". Agora vejamos o quão longe irá "Taika no Risei".

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