Com duas reformas, casa cresce de 90 m² para 230 m², ganha escritório e novo pavimento
Era uma vez uma casa térrea. Em 1965, quando foi projetada pelo arquiteto chileno Ignacio Covarrubias, era o que os moradores precisavam: 90 m² em um bairro residencial em Santiago do Chile. Desde então a casa passou por duas reformas: em 2002 para a adição de um espaço no subsolo, e em 2009 quando foi construído um novo pavimento no nível superior. Nas duas houve o cuidado de manter a volumetria do projeto original e sua conversa com a rua e o entorno.
Os dois projetos de reforma são do arquiteto Mathias Klotz -que é também o morador da casa. Na primeira intervenção, em 2002, Klotz necessitava acrescentar outra função ao espaço: ser sua residência e também seu estúdio de arquitetura. Para abrigar os dois programas foi preciso acrescentar mais um volume, de 40 m².
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Para respeitar a arquitetura de Covarrubias, a primeira intervenção foi enterrada. Houve um aumento de pouco mais de 40% da superfície pré-existente sem que isso alterasse o aspecto e o espírito original da obra, que continuava parecendo térrea para quem passava pela rua.
A ideia de Klotz foi interferir o mínimo possível na volumetria – o arquiteto conta, satisfeito, que seu vizinho não entendia o que tinha sido feito após tanto tempo de reforma. “A casa parecia a mesma”, revela. “As transformações foram feitas seguindo as linhas gerais da casa original com o único objetivo de resolver o programa da melhor maneira possível”, conta o arquiteto.
A mesma, só que maior
O novo ambiente subterrâneo foi implantado três metros abaixo do nível natural do terreno. Cozinha, lavanderia e dormitório de serviço foram demolidos e reorganizados em outros locais da casa durante a reforma, que, aliás, continuou funcionando tanto como residência quanto como estúdio. Estacas a cada um metro evitaram que a residência e os muros vizinhos viessem abaixo. O espaço subterrâneo foi construído entre esses muros e, acima dele, então, reinstalado os programa de serviços.
Da rua, o único vestígio do estúdio são as janelas retangulares abaixo do revestimento de tiras de madeira que passou a cobrir a fachada -solução que parece fazer o volume levitar.
Mas chegou a hora de querer mais espaço, mais privacidade. Os 130 m² total de área construída da casa e do estúdio já não satisfaziam Mathias Klotz. Foi preciso encontrar uma nova solução para ampliar a residência. Agora, só restava verticalizar: implantar um andar superior, mas que não chocasse, não brigasse com o entorno nem com a história arquitetônica da residência.
Uniformidade visual
A segunda ampliação, realizada em 2009, acrescentou um segundo andar com 100 m2 que abriga o quarto principal, closet, banheiro e uma nova área de estudo e descanso. Rapidez e limpeza foram essenciais, por isso a escolha da estrutura metálica, que parece pousar sobre a laje original.
A madeira da fachada foi substituída por um revestimento metálico aplicado sobre os dois volumes na elevação principal, conferindo unidade visual ao conjunto, quando visto a rua. Por dentro, um recorte na antiga laje de cobertura deixa passar a escada metálica que leva ao novo pavimento.
A madeira foi utilizada nos interiores: no revestimento do piso e nas tábuas de pinus com uma mão de pintura branca que cobrem o bloco que abriga closet e banheiro, e também serve como cabeceira da cama. (Bianca Antunes, colaboração para o UOL)
Bianca Antunes é editora de AU-Arquitetura & Urbanismo/Pini
Ficha técnica
Casa-estúdio, Santiago - Chile
Projeto de Mathias Klotz
Detalhes do projeto- Área do Terreno 400 m²
- Área Construída 230 m²
- Início do Projeto 2002 (1ª reforma) 2009 (2ª reforma)
- Conclusão da Obra 2009
- Projeto Magdalena Bernstein e Mathias Klotz
- Projeto de Paisagismo Mathias Klotz
- Construção Wilson Retamal/Herbert Höhne
- Cálculo Estrutural Patricio Stagno