Perdão faz bem a quem perdoa; veja 6 dicas para colocar em prática

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Perdoar quem nos fez mal nem sempre é uma tarefa fácil, mas esse ato pode ser benéfico para a saúde de várias maneiras. Guardar mágoa tira a paz, gera estresse, afeta a qualidade do sono e pode, de fato, adoecer.
"O fato de nutrir sentimentos negativos, como ansiedade e raiva, deixa o organismo cada vez mais suscetível ao desencadeamento de doenças, como depressão, alterações na pressão arterial, problemas cardíacos", afirma Júlio Rique Neto, professor de psicologia e pesquisador do tema.
Um estudo conduzido por Charlotte Van Oyen Witvliet, então professora do departamento de psicologia do Hope College, em Michigan (EUA), mostrou como o sofrimento e o perdão têm influência direta no nosso organismo.
Ela pediu a voluntários que se recordassem de alguma ofensa grave ou um grande prejuízo que alguém lhes tivesse causado no passado. Nesse momento, foram detectados pressão sanguínea, batimentos cardíacos e tensão muscular semelhantes aos que acontecem quando se sente raiva.
Em contrapartida, quando se imaginavam perdoando e compreendendo os motivos que levaram o outro a agir de maneira a magoá-los, utilizando para isso a empatia e compaixão, os corpos dos voluntários responderam fisiologicamente, voltando ao estado normal.
Para a psicóloga Adriana Santiago, autora do livro "O Poder Terapêutico do Perdão", quem perdoa vive mais e melhor porque "deixa de arrastar as correntes dos ressentimentos e, por isso, consegue aplicar sua força vital em questões que auxiliam o florescimento pessoal".
Ela avalia que quem não consegue pedir perdão também atrapalha a sua própria evolução, visto que possui dificuldades de admitir os erros e, geralmente, terceiriza a responsabilidade por suas falhas. E há também aquelas pessoas que consideram humilhação e têm medo do outro não aceitar. "É preciso entender que podemos pedir perdão sem esperar que o outro perdoe. Só o fato de pedir já nos liberta para uma vida mais plena", ressalta.

Dicas para colocar perdão em prática
- Não encare como fraqueza: Esqueça a ideia de que pedir perdão é uma atitude de fraqueza. Pelo contrário, revela firmeza de caráter, maturidade emocional, resiliência e disposição para evoluir.
- Entenda que toda história tem dois lados: Cada pessoa é única, com as próprias deficiências e dificuldades, e carrega uma visão particular de mundo. Por isso, antes de julgar o outro, é preciso exercer a empatia e compreender que um ato que lhe pareceu cruel ou ofensivo pode não ser resultado de uma intenção nociva.
- Tente ver lado humano: Busque enxergar o lado humano de quem quer suas desculpas. Nem sempre uma relação é calcada na reciprocidade, no respeito, na flexibilidade e na empatia. Todo mundo é capaz de errar --se você parar para refletir, talvez também tenha magoado alguém ao longo da vida. O que importa é procurar sempre aprimoramento pessoal e relacional. Todos somos passíveis de mudanças, sendo assim, se precisar perdoar, comprometa-se a dar uma segunda chance para a pessoa modificar o comportamento.
- Pense nas consequências em longo prazo: Em um grupo de amigos, a falta de perdão pode prejudicar completamente a dinâmica de interações, dificultando a espontaneidade e a manifestação de afetos. Numa família, a falta de perdão é algo que pode se estender às próximas gerações, afetando relações futuras. Recusar-se a perdoar leva à perda da possibilidade de aprendizado, de conhecer mais a si e o outro. Entrar em contato com a própria humanidade pode ser um primeiro passo que vai ajudar a identificar mais facilmente como enfrentar a situação.
- Dê uma chance para explicações: Ainda que tenha a ideia fixa de não aceitar um pedido de desculpas, não custa nada ouvir o que o outro tem a falar. Com a escuta, a percepção do ocorrido pode ser muito diferente. Inclusive, por meio do diálogo vocês podem juntar os dois lados e as duas experiências e pensar em estratégias mais efetivas para resolver o problema. Entretanto, é fundamental organizar as emoções antes da conversa, pois isso reduz o risco de projetar questões que são apenas suas no outro.
- Perdoe-se primeiro: Se você não conseguir desculpar a si mesmo por certas atitudes que tomou --como xingar ou ofender --, continuará com dificuldade de perdoar outra pessoa.
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