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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Não consegue perdoar? Coloque em prática essas 6 dicas e resolva o problema

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Imagem: iStock

Heloísa Noronha

Colaboração para o VivaBem

21/11/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Mágoa e ressentimento podem afetar relacionamentos e até mesmo a saúde e a qualidade de vida
  • Perdoar não é um processo fácil, mas entender que não é uma fraqueza pode ajudar
  • Além disso, tentar entender o lado do outro, assim como seus motivos para tal ato, pode facilitar

Aceitar um pedido de desculpas por algo ruim que alguém fez é uma provação para muita gente. Alguns até querem passar uma borracha por cima da questão, mas não sabem muito bem como. Outros resistem a perdoar enquanto vão acumulando mágoa e ressentimento, o que afeta relacionamentos amorosos e familiares e até mesmo a qualidade de vida.

Para se ter ideia do impacto até mesmo na saúde, as mágoas e os ressentimentos são geradores de estresse, que causam respostas fisiológicas de defesa, com adrenalina e noradrenalina. Tais substâncias, quando produzidas em quantidades excessivas, podem provocar reações adversas no organismo, como elevação na pressão arterial, alteração nos processos metabólicos, diminuição no fluxo sanguíneo no coração.

De fato, perdoar não é um processo fácil, mas pode fazer bem ao seu corpo. Para facilitar as desculpas, veja a seguir seis dicas:

1. Não encare como fraqueza

Esqueça a ideia de que pedir perdão é uma atitude de fraqueza. Pelo contrário, revela firmeza de caráter, maturidade emocional, resiliência e disposição para evoluir.

2. Entenda que toda história tem dois lados

Cada pessoa é única, com as próprias deficiências e dificuldades, e carrega uma visão particular de mundo. Por isso, antes de julgar o outro, é preciso exercer a empatia e compreender que um ato que lhe pareceu cruel ou ofensivo pode não ser resultado de uma intenção nociva.

3. Tente ver lado humano

Busque enxergar o lado humano de quem quer suas desculpas. Nem sempre uma relação é calcada na reciprocidade, no respeito, na flexibilidade e na empatia. Todo mundo é capaz de errar —se você parar para refletir, talvez também tenha magoado alguém ao longo da vida. O que importa é procurar sempre aprimoramento pessoal e relacional. Todos somos passíveis de mudanças, sendo assim, se precisar perdoar, comprometa-se a dar uma segunda chance para a pessoa modificar o comportamento.

4. Pense nas consequências em longo prazo

Em um grupo de amigos, a falta de perdão pode prejudicar completamente a dinâmica de interações, dificultando a espontaneidade e a manifestação de afetos. Numa família, a falta de perdão é algo que pode se estender às próximas gerações, afetando relações futuras. Se recusar a perdoar leva à perda da possibilidade de aprendizado, de conhecer mais a si e o outro. Entrar em contato com a própria humanidade pode ser um primeiro passo que vai ajudar a identificar mais facilmente como enfrentar a situação.

5. Dê uma chance para explicações

Ainda que tenha a ideia fixa de não aceitar nenhum pedido de desculpas, não custa nada ouvir o que o outro tem a falar. Com a escuta, a percepção do ocorrido pode ser muito diferente. Inclusive, por meio do diálogo vocês podem juntar os dois lados e as duas experiências e pensar em estratégias mais efetivas para resolver o problema. Atenção, porém: é fundamental organizar as emoções antes da conversa, pois isso reduz o risco de projetar questões que são apenas suas no outro.

6. Perdoe-se primeiro

Se você não conseguir desculpar a si mesmo por certas atitudes que tomou —como xingar ou ofender —, continuará com dificuldade de perdoar outra pessoa.

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Sou eu quem quero pedir perdão, e agora?

Pedir desculpas por um erro cometido parece complicado à primeira vista, mas na prática pode funcionar bem, se você adotar uma postura empática e honesta. Afinal de contas, o primeiro passo, que é reconhecer a falha, já foi dado. Após isso, basta seguir algumas recomendações:

1. Seja sincero

Não peça da "boca para fora", falando o que o outro gostaria de ouvir, sem uma intenção genuína. Outro erro muito comum é a pessoa pedir desculpas apenas por mera formalidade, ou mesmo para interromper um discussão, sem a real intenção de redenção do ato cometido. A arrogância ou o comportamento de se esquivar das situações dificultam a aceitação e o diálogo.

2. Escolha o momento adequado

Às vezes, na ânsia de querer resolver as coisas, há o risco de invadir o espaço da pessoa ou optar por uma circunstância imprópria (na frente de terceiros, por exemplo). Sinalize antes que deseja conversar, sem pegar ninguém de surpresa.

3. Saiba que seu pedido pode não ser aceito

Prepare-se para a possibilidade de o pedido de desculpas não ser aceito de imediato. É preciso respeitar o limite e tempo do outro. O livre arbítrio precisa ser respeitado, pois o processo de elaboração de uma situação acontece de forma diferente para cada um. Se o outro não aceitar o pedido de perdão, o que fazer? Isso pode acontecer e não faz mal. É preciso ter em mente que é um direito da pessoa e que você fez a sua parte. Isso em nada diminui o ato de pedir, já que no devido momento o outro poderá atender ao pedido.

4. Tenha em mente qual foi o erro

Saiba claramente qual foi o seu erro antes de chegar até a pessoa para conversar. Isso ajuda a ser direto, objetivo e assertivo, o que faz toda a diferença. Um exemplo: "Cometi tal erro com você, mas pensei bastante e fui injusto. Quero pedir desculpas".

5. Não assuma o papel de vítima

Se fizer isso, o outro imediatamente estará na função de culpado e a conversa já se iniciará com um ruído. Evite acusações e busque as palavras certas se desejar ser ouvido.

6. Converse com outras pessoas

Se for necessário, converse com pessoas próximas. Assim, você pode "investigar" se existe uma abertura para fazer as pazes antes de um convite para uma conversa.

Fontes: Blenda de Oliveira, psicóloga e psicoterapeuta pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e psicanalista pela SBPSP (Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo); Giovana Rossi Lenzi, coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Santa Catarina, em São Paulo (SP); Marcelo Alves dos Santos, psicólogo e docente do curso de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas; Silvia Cury Ismael, gerente de Psicologia do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo (SP).