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Neneca 'original' do Flamengo abençoa Hugo e se rende ao goleiro: "Único"

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Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/10/2020 04h00

Alçado ao posto de titular do Flamengo até que Diego Alves volte à ativa, o goleiro Hugo Souza, o Neneca, segue uma linhagem de tradição no futebol brasileira e também na Gávea.

Bem antes de o jovem nascer, um goleiro com o mesmo apelido defendeu o gol rubro-negro. Atualmente preparador do Al-Rayyan, do Qatar, Welesley Antonio Simplicio, o Neneca 'original' da Gávea, acompanha o seu xará e se derrete por suas qualidades.

"Ele tem um estilo único. É muito alto e rápido, é difícil encontrar aptidões assim. Comparar é complicado, mas ele lembra o Manga pelos braços longos. Tem um futuro muito brilhante pela frente. Se continuar humilde e corajoso em campo, não vai demorar muito para ele sair do país", disse Neneca ao UOL Esporte.

Entre 1984 e 1993, Simplicio realizou o sonho de garoto de defender as cores do clube do coração. Trazido do pequeno Goiânia (GO), trocou o radinho de pilha pelo contato pessoal com uma constelação que jamais imaginou conhecer. Ciente da responsabilidade de carregar a expectativa da Nação, o ex-jogador ressalta o peso da camisa e pede cabeça fria ao herdeiro.

Neneca  - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Imagem: Acervo pessoal

"Sei da responsabilidade que é estar no Flamengo, mas sei do prazer também. Ele está no melhor clube do mundo. Erros vão vir, tem de ver como ele vai reagir. Se tirarem ele do time, tem de seguir. Não está longe para ele ser o titular. Vai cometer erros, mas tem de assimilar e não se abater. Ele quer estar onde todos querem estar", pontuou.

O goiano trabalha no país-sede da próxima Copa desde 2003, mas a caminhada foi longa até iniciar sua trajetória por lá, período que inclui um ano e meio como preparador da seleção nacional. Torcedor do Fla desde a infância, ele chegou ao clube em 1984 e saiu em 93. Após integrar o elenco que levou a Copa do Brasil (90), o Carioca (91) e o Brasileiro (92), rodou por Guarani, Portuguesa, Madureira, Bragantino, dentre outros, até aceitar um convite do ex-técnico Cabralzinho para se aventurar no Oriente.

Como os treinos no Qatar ocorrem na parte da tarde, Neneca, que foi da mesma geração de nomes como Zinho e Alcindo, invade a madrugada para acompanhar os jogos do Rubro-Negro pela televisão. Ao falar do Fla, ele não esconde a empolgação e enfileira nomes dos craques com os quais pode trabalhar.

Neneca 2  - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Neneca trabalha como preparador de goleiros no Qatar
Imagem: Acervo pessoal

"Quando você entra em campo, são milhões que choram e que não comem se você perder. Eu tinha 14 anos e estava vendo um gol do Adilio contra o Vasco. Dois meses depois, eu estava entre eles. Tive o prazer de jogar só com craques. Aldair, Zico, Mozer, Sócrates, Leandro, Leonardo. Se você soubesse o que era o Leandro jogando...", contou.

Assim como Hugo, o ex-jogador do Fla também carrega o codinome por causa de Hélio Miguel, o Neneca, goleiro campeão brasileiro pelo Guarani em 1978. Com uma marca de respeito no Brasil, Souza trilha os caminhos para ser mais um a honrar o apelido. De um Neneca para o outro, o Flamengo segue bem representado debaixo da trave.