Rafael Reis

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Arábia apela a técnicos brasileiros para lapidar geração para Copa em casa

O sucesso ou fracasso dentro de campo da Arábia Saudita como anfitriã da Copa do Mundo-2034 passa pelo trabalho de dois brasileiros.

Os cariocas Marcos Soares e Mário Jorge dirigem respectivamente as seleções sub-20 e sub-17 da nação do Oriente Médio. Ou seja, são eles que estão moldando hoje os jogadores que formarão a base da equipe asiática daqui a nove anos.

Em 2034, os garotos atualmente lapidados pela dupla de treinadores brasileiros terão entre 25 e 29 anos. Pelo menos em teoria, viverão o auge de suas carreiras e terão a responsabilidade de conduzir a Arábia a uma campanha histórica.

Essa é a intenção do governo saudita. "A ambição é gigante. Aqui não tem questão financeira, não tem nenhum outro problema para se preocupar. Eles têm um projeto para desenvolver o futebol ao longo de uma década. E não estão economizando para isso", explicou Mário Jorge, em entrevista por telefone ao "Blog do Rafael Reis".

Do Flamengo à Arábia

Enquanto Soares já é um veterano em assuntos de Arábia (está por lá desde 2021), Mário Jorge ainda nem completou um ano no Oriente Médio.

Até junho passado, ele era funcionário do Flamengo. O treinador dirigiu praticamente todas as equipes menores rubro-negras entre 2016 e 2024 e chegou a comandar o time principal em algumas oportunidades -foi interino depois das saídas de Vitor Pereira e Jorge Sampaoli, dois anos atrás.

"Minha conversa com a Arábia começou ainda em 2021, quando o Marcos Soares me indiciou para substituí-lo no Al-Hilal. Na época, achei que valia a pena continuar no Flamengo. Mas mantivemos o contato. No ano passado, me ligaram falando que havia aparecido oportunidade melhor. Passei por uma entrevista, eles aprovaram meu nome, fizeram a proposta e eu aceitei."

Em sua primeira temporada novo emprego, o técnico brasileiro já conseguiu pelo menos um feito expressivo. Ao ser vice-campeão asiático sub-17, classificou a Arábia para o Mundial da categoria, algo que não acontecia desde a década de 1980.

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Além de participar dos campeonatos de seleções, que acontecem só esporadicamente, Marcos Soares também comanda a geração 2008 saudita no campeonato nacional sub-18.

"Essa é uma das iniciativas da federação para acelerar o desenvolvimento dos jogadores. Convoquei uma seleção permanente sub-17, com atletas emprestados dos principais clubes do país, que disputa o Campeonato Saudita de uma categoria acima [sub-18]. Mesmo contra adversários mais velhos, somos líderes e vencemos 21 dos 23 jogos que disputamos", contou o treinador.

Até beber água virou lição

Apesar de considerar que os garotos da geração que deve representar a Arábia na Copa-2034 têm "técnica e habilidade" surpreendentes, Mário Jorge considera que eles ainda têm muito a melhorar na mentalidade para conseguirem fazer frente ao primeiro escalão do futebol mundial.

"Aqui no Brasil, o menino encara o futebol de base como a oportunidade da vida. Então, leva mais a sério os treinos e a rotina. Na Arábia, os meninos jogam mais pela paixão. Ou seja, precisam ter mais compromisso com o dia a dia de treinamentos, aprender a se alimentar melhor, viver mais como atletas."

"Aos poucos, estamos implantando uma nova mentalidade, com academia todo dia e treinos mais rígidos. Quando cheguei aqui, eles paravam o treino para beber água. Tivemos que implantar até a hidratação dentro de campo", completou o brasileiro.

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Caio Marcelo Picolo

Tão phu di dos ... contrata os técnicos portugueses 

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