Paula Gama

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ReportagemCarros

'Mercado de carros elétricos vai desmoronar', diz presidente da JAC Motors

Em 2023, a JAC Motors Brasil tomou uma decisão ousada: concentrar sua linha de veículos exclusivamente em carros elétricos, uma escolha que parecia estar alinhada com as tendências globais de mobilidade sustentável.

No entanto, menos de um ano depois, a marca revisa sua estratégia e anuncia o lançamento de sua nova picape Hunter, equipada com motor a diesel.

Essa mudança de direção, segundo Sérgio Habib, presidente da JAC Motors Brasil, está diretamente relacionada à realidade do mercado brasileiro e às políticas governamentais.

Em entrevista ao UOL Carros, Habib explica que, apesar do entusiasmo inicial com a eletrificação, o cenário atual impõe desafios que tornam difícil a viabilidade de um mercado 100% elétrico no país.

"O mercado elétrico vai diminuir"

"Hoje, os carros elétricos representam apenas 2% do mercado no Brasil, cerca de 5 mil veículos emplacados por mês. Nosso mercado total é de 2,5 milhões de carros ao ano", explica Habib.

Ele afirma que a perspectiva para esse segmento é de redução:

"Com a nova alíquota de 35% para importação de veículos elétricos, que está subindo gradualmente, o mercado de carros 100% elétricos vai desmoronar".

Para Habib, a decisão do governo de aumentar os impostos de importação sobre veículos elétricos torna a eletrificação menos atraente para consumidores.

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"O Brasil não vai subsidiar carros elétricos, hoje o governo não tem dinheiro nem para pagar o Bolsa Família... Além disso, nosso país produz e exporta petróleo, é natural que prefira fomentar a venda de veículos a combustão", afirma ele.

Segundo o executivo, o mercado brasileiro não está pronto para um salto completo para a eletrificação.

"O carro elétrico é sensacional para uso urbano, mas não para viagens longas", diz ele, ao explicar que a falta de infraestrutura de carregamento torna impraticável o uso de veículos 100% elétricos em regiões fora dos grandes centros urbanos.

Habib ainda compara a situação no Brasil com mercados mais avançados, como os Estados Unidos e a Europa, onde o crescimento das vendas de elétricos também começou a estagnar.

"Nos EUA, o mercado elétrico parou de crescer em 7% e, na Europa, o percentual caiu de 13,5% para 12,5%", aponta. A principal dificuldade, segundo ele, está na autonomia limitada e no tempo de recarga, fatores que continuam a ser obstáculos para uma adoção mais ampla.

Para a JAC Motors, o caminho, pelo menos por enquanto, é equilibrar a oferta de veículos elétricos e a combustão.

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Habib resume o cenário com uma afirmação contundente:

"Vamos voltar para combustão, que é o que o governo brasileiro quer."

O lançamento da picape Hunter

JAC Hunter
JAC Hunter Imagem: Divulgação

É nesse contexto que a JAC Motors lança a Hunter, uma picape média movida a diesel, um claro indicativo do realinhamento da montadora.

A Hunter HD 4x4 chega ao mercado com um preço inicial de R$ 259.900, mas com um bônus de R$ 20 mil de desconto nas primeiras mil unidades, saindo por R$ 239.900.

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A picape tem dimensões imponentes: 1,92 metros de altura e 5,33 metros de comprimento, além de capacidade de carga de 1.400 kg, superando rivais na categoria.

Equipada com motor 2.0 turbodiesel que entrega 191 cv e torque de 46,9 kgfm a 1.500 rpm, a picape utiliza um câmbio automático de oito marchas fornecido pela alemã ZF.

Habib destaca que o veículo foi pensado para as condições do Brasil, onde longas distâncias e a necessidade de confiabilidade mecânica tornam o diesel uma escolha mais adequada. O plano da JAC é de vender entre 3 mil e 4 mil unidades por ano, em um mercado de 150 mil picapes.

Sérgio Habib também comenta sobre a situação da recuperação judicial da JAC Motors no Brasil, mencionando que a empresa deve sair desse processo até o início de 2025.

Ele explica que a solicitação de saída será feita ao juiz em novembro de 2024, com previsão de conclusão em fevereiro, após o recesso judiciário.

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Reportagem

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