Novo Jeep Compass: o que SUV deve mudar para voltar a ser o mais vendido

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Bonito, imponente e agora ainda mais tecnológico. O novo Jeep Compass foi apresentado na Europa na última segunda-feira (05), com visual renovado e até 380 cv na versão elétrica. Mas quem conhece o histórico recente do modelo no Brasil sabe que o desafio vai além do design ou da ficha técnica.
Quando foi lançado por aqui, em 2016, o Compass caiu como uma luva para o mercado brasileiro. SUV médio com pegada premium, produzido em Pernambuco e com a aura aventureira da marca Jeep, ele rapidamente se tornou o queridinho nas concessionárias. Chegou a ser líder absoluto da categoria, superando rivais com anos de estrada.
A liderança geral, no entanto, ficou no passado nos últimos anos. E, em 2025, até mesmo a primeira colocação entre os SUVs médios tem ficado com o Toyota Corolla Cross.

Como será o novo Compass
A Jeep aposta em mudanças na nova geração do Compass, que foi lançada oficialmente na Europa como linha 2026 - e que deve chegar ao Brasil a partir do último trimestre do ano que vem, segundo planos industriais da Stellantis para a fábrica de Goiana (PE).
A novidade não é apenas um facelift. O Compass 2026 representa uma ruptura com o modelo atual. Sai de cena a plataforma Small Wide, entra a STLA Medium, uma arquitetura modular mais moderna, eficiente e pensada para a eletrificação. Essa base já equipa modelos como o novo Peugeot 3008 e oferece ganhos importantes em espaço interno, dirigibilidade e suporte a sistemas avançados de assistência ao motorista.
O novo Compass também cresce: são 4,54 m de comprimento (14 cm a mais), 1,90 m de largura e 2,77 m de entre-eixos - o que promete mais conforto para passageiros e um visual mais robusto. Na cabine, destaque para a tela central de até 16", painel digital de 10", comandos físicos preservados, carregamento por indução e novos modos de tração.
Eletrificação no centro da estratégia
A nova geração do Compass traz apenas versões eletrificadas. A opção de entrada é híbrida leve (MHEV), com motor 1.2 de três cilindros (136 cv) e um elétrico auxiliar de 28 cv, somando 145 cv. Em seguida, o híbrido plug-in combina um motor 1.6 THP de 150 cv com um elétrico de 125 cv, totalizando 195 cv e autonomia elétrica de 87 km, graças à bateria de 17,8 kWh.
Pela primeira vez, o Compass terá versões totalmente elétricas. A de tração dianteira entrega 213 cv e 508 km de autonomia (bateria de 74 kWh). Já a versão com 231 cv e bateria de 96 kWh alcança 660 km. No topo da linha, o modelo 4x4 une dois motores (213 cv na frente e 179 cv atrás), com 375 cv no total e até 600 km de autonomia.
Por aqui, espera-se que o Compass brasileiro adote soluções de eletrificação da família Bio-Hybrid, ou seja, com motores híbridos flex, além da possibilidade de importar a versão 100% elétrica. Parte dos R$ 13 bilhões prometidos pela Stellantis para a América Latina até 2030 deve ser usada justamente para viabilizar essa nova etapa do SUV em solo nacional.
Versão atual enfrentou problemas
A nova geração do Compass tenta deixar para trás problemas apresentados pelo modelo atual. Em novembro de 2022, o Ministério Público Federal entrou com uma Ação Civil Pública de R$ 50 milhões contra a montadora, apontando 22 defeitos crônicos nos Compass fabricados a partir de 2018. O documento citava problemas de segurança, consumo excessivo de combustível, falhas elétricas e até risco de incêndio.

Os problemas refletiram no mercado de usados, e modelos que eram bem recebidos pelas revendas começaram a ser recusados ou desvalorizados de forma agressiva.
"Ofereço R$ 100 mil em um Compass que vale R$ 138 mil na Fipe", revelou para a coluna o dono de uma rede de seminovos. O motivo? O famigerado trocador de calor, uma peça que, quando falha, pode contaminar o câmbio com óleo do motor - e o conserto pode ultrapassar R$ 60 mil.
Apesar das ações e mesmo diante de soluções preventivas desenvolvidas por oficinas especializadas, não houve um recall oficial para os problemas apontados.
Um futuro promissor
O novo Compass chega com tudo para surpreender: nova plataforma, mais tecnologia, visual acertado e foco em eficiência energética. É um carro global, que precisará atender aos exigentes mercados da Europa e da América Latina. Ao mesmo tempo, o powertrain será brasileiro, o que aumenta a expectativa em torno de sua confiabilidade mecânica.
Se a marca conseguir entregar um produto tecnicamente sólido, sem vícios ocultos e com pós-venda à altura do que os consumidores esperam, tem tudo para reconquistar espaço entre os SUVs médios.
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