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Djokovic destrói raquete, vira sobre Zverev e vai à semi no Australian Open

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

16/02/2021 10h35

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Novak Djokovic atravessava um momento delicado do terceiro set no duelo com Alexander Zverev quando resolveu descontar a raiva na raquete. Coincidência ou não, depois do game em que destruiu a peça, o número 1 do mundo venceu cinco games seguidos, virou a parcial e abriu uma vantagem que se mostrou decisiva. O sérvio acabou triunfando por 6/7(6), 6/2, 6/4 e 7/6(6), conquistando uma vaga nas semifinais do Australian Open.

O líder do ranking, que sofreu uma lesão abdominal na terceira rodada, atuou com uma bandagem no local dolorido, mas não aparentou ter seu tênis afetado pelo problema. Após as oitavas, Djokovic disse que fez tratamento intenso e jogou à base de analgésicos. Zverev, por sua vez, também vinha sentindo dores na região abdominal e jogou igualmente com uma bandagem.

Na semifinal, Djokovic será favoritíssimo, já que seu adversário será Aslan Karatsev, número 114 do mundo. O russo de 27 anos passou pelo qualifying e disputa um slam pela primeira vez na carreira. Depois de eliminar o argentino Diego Schwartzman e o canadense Félix Auger-Aliassime, Karatsev se classificou para as semis ao superar o búlgaro Grigor Dimitrov por 2/6, 6/4, 6/1 e 6/2. Dimitrov fez um bom começo de jogo, mas teve dores nas costas e não conseguiu competir em igualdade de condições.

Como aconteceu

Djokovic abriu a partida forçando o saque, mas cometendo duas duplas faltas e três erros não forçados. Zverev, que ganhou dois ralis longos, conseguiu a quebra, confirmou de zero em seguida e abriu 2/0. A vantagem acabou se mostrando decisiva. O alemão seguiu confirmando seu serviço sem problemas, enquanto o número 1 tinha problemas e precisava de games longos para seguir vivo na parcial. Nole salvou um break point no quinto game e um set point no nono game. O esforço foi recompensado quando Zverev sacou em 5/4. O alemão cometeu dois erros não forçados e perdeu o serviço.

A decisão só veio no tie-break, que foi parelho e com vários mini-breaks para os dois lados. Na hora da decisão, porém, o saque de Zverev apareceu. Com 4/5 no placar, o alemão encaixou dois ótimos serviços (um ace) para tomar a dianteira. Djokovic salvou um set point, mas errou uma direita no ponto seguinte e cedeu mais um set point. Com mais um belo saque, Zverev fez 7/6(6).

O segundo set foi totalmente diferente. Desta vez, foi Djokovic que começou mostrando um tênis impecável, sendo mais eficiente nas devoluções e forçando Zverev a jogar ralis mais longos. O sérvio também passou a levar vantagem nas trocas mais demoradas, e o resultado disso foram duas quebras e uma vantagem de 4/0 que praticamente já decidia a parcial. Pouco depois, o número 1 confirmou o saque no oitavo game, fazendo 6/2 e igualando o placar.

A virada após a fúria

O terceiro set foi o contrário do segundo. A precisão de Djokovic desapareceu, e Zverev ganhou uma quebra graças a dois erros não forçados e uma dupla falta do número 1. Sascha aproveitou, abriu 3/0 e só foi ameaçado no quinto game, quando salvou um break point com uma linda direita paralela. Dois pontos depois, o alemão confirmou o serviço, enquanto Djokovic, irritado, destruiu a raquete (veja no vídeo acima). A quebra, porém, veio pouco depois - cortesia de duas duplas faltas de Zverev no sétimo game.

O jogo mudou de direção mais uma vez. Djokovic empatou em 4/4 e, no nono game, Zverev cometeu mais três erros não forçados contra um sérvio que alongou pontos e não deu nada de graça. O número 1 quebrou mais uma vez, fez 5/4 e não vacilou para fechar a parcial na sequência: 6/4. Foram cinco games seguidos de forma consecutiva após o game em que quebrou a raquete.

Zverev não se deixou abalar pela virada e começou bem o quarto set. Mais uma vez, conseguiu uma quebra cedo e abriu 3/0. O alemão, entretanto, desperdiçou a vantagem outra vez. Primeiro, não conseguiu converter break points no quarto game. Depois, cometeu mais uma dupla falta e dois erros não forçados para perder seu serviço. Sascha teve mais chances no oitavo game, mas Djokovic salvou break points novamente. Primeiro, com uma ótima combinação saque-e-forehand. Depois, com uma curtinha perfeita. O serviço salvou Nole também no 12º game, quando Zverev teve até um set point, e um ace aberto resolveu o problema.

A parcial só foi decidida no tie-break, e mais uma vez Djokovic foi melhor nos momentos decisivos. O game de desempate foi equilibrado até o fim, e Zverev até salvou um match point em um rali. Com o placar em 6/6, porém, o alemão arriscou uma subida à rede e errou um voleio difícil. Com o segundo match point, Nole disparou um ace - seu 23º na partida - e garantiu a vaga nas semifinais.

O que significa

Sem usar o saque kick (o que mais machuca o abdômen), que é o seu segundo serviço costumeiro, Djokovic vem usando saques mais retos e arriscando mais com o segundo serviço. Contra Zverev, Nole saiu de buracos com uma ótima execução no fundamento e terminou o dia com 23 aces - dois a mais do que Sascha, o que o próprio sérvio chamou de milagre.

No fundo da quadra, seu jogo já não parece tão afetado pela lesão, embora a única pista que Nole deu sobre isso foi afirmar, na entrevista com Jim Courier, que precisa de mais tempo do que o habitual para aquecer e fazer bem as rotações necessárias para bater na bola. De qualquer modo, a partir do segundo set, Djokovic não fugiu de longas trocas nem demonstrou uma movimentação limitada - e isso é um ótimo sinal para suas chances de título.

Não se sabe o quanto os analgésicos vêm ajudando nessas atuações de Djokovic nem se sua lesão vem evoluindo ou regredindo, mas é justo afirmar que, na forma que demonstrou hoje, o número 1 será favoritíssimo contra Karatsev nas semifinais. Hoje, Nole parece a um pequeno passo de mais uma decisão em Melbourne.

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