Botafogo e Galo mostram que SAF não é sinônimo de transparência
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Botafogo e Atlético-MG não publicaram suas demonstrações financeiras de 2024 dentro do prazo previsto em lei. Ambos são SAFs controladas respectivamente por John Textor e seu grupo Eagle, e a família Menin.
Em sua explicação, a Lei da SAF justamente fala em criar "normas de constituição, governança, controle e transparência". A melhoria do ambiente de negócios foi uma justificativa dada por legisladores e advogados para instituição do novo modelo.
O Botafogo não deu justificativa para a falta de publicação, o Galo promete anúncios sobre seus dados financeiros no dia 14 de maio.
Sabe-se que há nos bastidores uma discussão sobre a obrigatoriedade da publicação pelas SAF. Mas a Lei Geral do Esporte não parece deixar muita dúvida. Diz que as organizações esportivas, "independentemente da forma jurídica adotada", ficam obrigadas a publicar seus balanços até o final de abril.
A Lei da SAF fala em poder publicar no sítio eletrônico para entidades com receita acima de R$ 78 milhões.
Independente da questão jurídica, que teoricamente poderia render punições, Botafogo e Atlético-MG estão sonegando a seus torcedores explicações importantes sobre o objeto de sua paixão.
No caso do Botafogo, a Eagle, empresa de Textor, enfrenta crise financeira de tamanho ainda não explicado. O Lyon está virtualmente rebaixado por problemas nas contas, e está em processo de análise na Uefa sua participação nas competições europeias.
Textor não publica há um ano contas da Eagle, que está ameaçada de ser dissolvida no Reino Unido por essa falha.
O balanço do Lyon, que tem ações em bolsa, diz que o Botafogo revendeu direitos de jogadores ao Lyon no valor de cerca de 90 milhões. Um deles foi Luiz Henrique, antes de ser vendido ao Zenit. Não se sabe o preço.
Não se sabe também se o Botafogo fechou ou azul após dois titulares importantes, já que vinha de mais de R$ 500 milhões de déficit nos dois anos anteriores. Essas respostas serão dadas com a publicação de contas claras e transparentes.
Na Europa, Textor tem dado respostas aos protestos de torcedores do Lyon. Aqui, omite dados financeiros.
No Galo, a SAF enfrenta problemas financeiros como indicam dados prévios divulgados pelo próprio clube. A família Menin não conseguiu resolver o problema da dívida pesada, com bancos e pela arena.
Depois de anos de promessas de reestruturação, um débito de R$ 1,4 bilhão segundo a divulgação do clube no início do ano.
Não são notícias boas, mas o torcedor merece conhecê-las. Foi a falta de controle de contas e de transparência que levou essas instituições centenárias a terem de ser vendidas como SAF.
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