Break points: a estatística 'escondida' que ainda machuca Fonseca

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João Fonseca faz tantas coisas tão bem e encanta fãs e analistas de tal maneira dentro de quadra que seus pontos fracos acabam frequentemente ofuscados. Não que eles sejam muitos, sobretudo para um jovem de 18 anos que faz apenas sua segunda temporada completa como profissional. Um desses aspectos, porém, ficou evidente na derrota para Tommy Paul, na segunda rodada do Masters 1000 de Madri: seu aproveitamento de break points.
O carioca tem, na carreira, 37% de aproveitamento de break points. Trata-se de um número muito abaixo do ideal, que seria acima dos 40%. E não, esses 3% de diferença não significam tão pouco assim, até porque - repito - são números de carreira, não só de uma meia dúzia de torneios. Contando só 2025, Fonseca converteu 36% dos break points que conquistou.
É fácil relevar ou subestimar tal estatística. Em várias partidas com aproveitamento baixo, Fonseca consegue a quebra e sai com a vitória. Ou seja, danem-se os break points perdidos. E é verdade. Eles não fazem falta nesse tipo de duelo e ficam "escondidos" enquanto admiramos os números de winners, a velocidade da direita e os pontos vencidos com primeiro serviço - quesitos em que Fonseca costuma registrar estatísticas impressionantes. Veja alguns exemplos de triunfos assim:
- Contra Ethan Quinn, Challenger de Camberra: 2/7 (vitória por 6/4 e 6/4)
- Contra Tiago Tirante, quali do Australian Open: 4/13 (6/4 e 6/1)
- Contra Andrey Rublev, Australian Open: 2/10 (7/6, 6/3 e 7/6)
- Contra Pavel Kotov, Challenger de Phoenix: 3/11 (6/2 e 6/4)
- Contra Alexander Bublik, Challenger de Phoenix: 2/11 (7/6 e 7/6)
- Contra Learner Tien, Masters de Miami: 3/12 (6/7, 6/3 e 6/4)
- Contra Erler Moller, Masters de Madri: 4/13 (6/2 e 6/3)
No entanto, contra a elite, naquele tipo de encontro em que os pontos fracos ficam mais evidentes, fica fácil perceber. Contra Paul, João converteu só uma de suas 11 chances de quebra. Sim, é verdade que o americano jogou muito bem na maioria desses momentos, mas também é inegável que o brasileiro teve possibilidades para fazer mais do que fez. Ele mesmo admitiu isso, admiravelmente, depois da partida. E os break points que fizeram falta em Madri também machucaram João nas derrotas para Lorenzo Sonego (1/6), no Australian Open, e Jack Draper (1/7), no Masters 1000 de Indian Wells.
É algo em que Fonseca precisa melhorar (e imagino que ele e seu time já saibam disso), sobretudo porque é possível imaginá-lo em breve dentro do top 50, do top 30, do top 20, etc. Só que hoje, de todo o top 50, apenas cinco tenistas tem aproveitamento abaixo dos atuais 37% do brasileiro (Humbert 36%, Popyrin 33%, Griekspoor 36%, Perricard 36% e Borges 36%). Desses cinco, quatro estão apenas 1% abaixo.
Elite acima de 40%
Os tenistas do Big Four, todos com carreiras longas, sempre estiveram acima de 40%: Rafael Nadal teve o maior aproveitamento, com 45%. Novak Djokovic, ainda na ativa, acumula 44%. Andy Murray teve 43%. Roger Federer, 41%. E não se trata de querer comparar Fonseca a este grupo. A ideia aqui é citar as melhores referências e mostrar o quanto o brasileiro pode (precisa?) evoluir.
O mesmo vale para a elite de hoje. No top 5, Jannik Sinner, atual número 1 do mundo, tem 42% de break points convertidos. Apenas Taylor Fritz, com 38%, fica abaixo dos 40%. O resto é composto por Alexander Zverev (41%), Carlos Alcaraz (41%) e Novak Djokovic (44%).
Não se trata de uma questão de idade. Nas temporadas em que tinham 18 anos, Sinner (46%), Alcaraz (40%), Zverev (42%), Nadal (43%), Federer (41%) e Djokovic (45%) também já possuíam números desse porte. Esse tipo de referência é importante. Além disso, se citamos e celebramos tantas estatísticas e feitos precoces de João Fonseca nessa faixa etária, faz sentido também mostrar em que quesitos há espaço para crescer. E é ótimo que haja esse espaço.
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