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Iti malia! Mamães golfinhos também usam voz de bebê para falar com filhotes

Filhote de golfinho nada ao lado da mãe em Hakkeijima Sea Paradise, um aquário de Yokohama, no Japão - Xinhua
Filhote de golfinho nada ao lado da mãe em Hakkeijima Sea Paradise, um aquário de Yokohama, no Japão Imagem: Xinhua

29/06/2023 04h00

Estudo mostra que fêmeas da espécie golfinho-nariz-de-garrafa alteram seu assobio característico ao se comunicarem com a prole.Um estudo publicado nesta segunda-feira (26) no jornal da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS) revela que golfinhos fêmeas alteram o tom de seu assobio característico ao se comunicarem com seus filhotes.

Um grupo internacional de pesquisadores acompanhou por mais de três décadas 19 golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) do sexo feminino em Sarasota Bay, uma lagoa no estado americano da Flórida.

O golfinho-nariz-de-garrafa é a espécie de golfinho mais famosa no mundo e existe também no Brasil, em especial nas costas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O estudo mostrou que, assim como os humanos mudam a voz ao falar com bebês e crianças, usando uma entonação mais aguda e uma frequência mais lenta, as mamães golfinhos também atingem uma modulação mais alta e uma frequência mais espaçada ao se direcionarem a sua prole.

O assobio dos golfinhos é um sinal único e importante enviado aos seus pares, semelhante a chamar um indivíduo pelo próprio nome. "Eles usam esses assobios para rastrear uns aos outros. Estão constantemente dizendo 'estou aqui, estou aqui'", explica uma das autoras do estudo, a bióloga marinha Laela Sayigh, da Woods Hole Oceanographic Institution, em Massachusetts.

Filhote de golfinho branco do Pacífico recém-nascido nada com a mãe - Getty Images/imageBROKER RF - Getty Images/imageBROKER RF
Golfinho com filhote nos mares da África do Sul
Imagem: Getty Images/imageBROKER RF

Para coletar os dados, os cientistas colocaram microfones nos golfinhos em vários períodos, registrando sons quando estavam na companhia de seus filhotes e quando estavam nadando sozinhos ou com outros adultos.

Filhotes de golfinhos ficam com suas mães por uma média de três anos em Sarasota, e os pais não desempenham um papel prolongado ou relevante no seu desenvolvimento.

"A mudança ocorreu com todas as 19 mães do estudo", aponta o biólogo Peter Tyack, da Universidade St. Andrews, na Escócia, também coautor do estudo.

Golfinho  - Clearwater Marine Aquarium - Clearwater Marine Aquarium
Golfinho
Imagem: Clearwater Marine Aquarium

"Este é um dado sem precedentes, absolutamente fantástico", afirma o biólogo marinho Mauricio Cantor, da Oregon State University.

O porquê de seres humanos, golfinhos e outros animais usarem a "fala de bebê" (baby talk) é incerto, mas cientistas acreditam que isso pode ajudar os filhos a aprender a pronunciar novos sons.

Pesquisas que datam da década de 1980 sugerem que bebês humanos podem prestar mais atenção à fala com uma faixa de tom mais alto. Fêmeas de macacos-rhesus podem alterar suas chamadas para atrair e manter a atenção da prole, e os pássaros tentilhões-zebra elevam seu tom e diminuem suas canções para abordar os filhotes, talvez facilitando o aprendizado do canto.

"A adaptação da comunicação faz sentido para a espécie golfinho-nariz-de-garrafa, que tem uma vida longa e altamente acústica, na qual os filhotes devem aprender a vocalizar muitos sons para se comunicar", diz o ecologista comportamental Frants Jensen, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, coautor do estudo.

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