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Blocos de Carnaval levam clima de folia ao aniversário de São Paulo

Formado por uma bateria de cem mulheres, o bloco Pagú, que homenageia a escritora Patrícia Galvão, abriu o Cortejo Modernista - Nelson Antoine/UOL
Formado por uma bateria de cem mulheres, o bloco Pagú, que homenageia a escritora Patrícia Galvão, abriu o Cortejo Modernista Imagem: Nelson Antoine/UOL

Anahi Martinho

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/01/2020 00h53

Os blocos Pagú, Acadêmicos do Baixo Augusta e Ilú Obá de Min colocaram São Paulo para sambar neste sábado (25), em que a cidade completou 466 anos.

Formado por uma bateria de cem mulheres, o bloco Pagú, que homenageia a jornalista e escritora Patrícia Galvão, abriu o Cortejo Modernista logo após uma apresentação da Orquestra Sinfônica de São Paulo, liderada pelo maestro João Carlos Martins. Ele e os músicos se apresentaram calçando chinelos de borracha, em alusão a Heitor Villa-Lobos.

Marcos Palmeira, que interpretou o compositor, colocou o pé para fora da sacada do Teatro Municipal mostrando seus chinelos: "É que eu tenho gota. Vejam as minhas feridas nos pés", disse, citando o compositor.

Mário de Andrade (Pascoal da Conceição), Tarsila do Amaral (Rosi Campos), Anita Malfatti (Virginia Cavendish) e Oswald de Andrade (José Rubens Chachá) também participaram do Cortejo e depois seguiram adiante no bloco Pagú.

Segundo Pascoal da Conceição, o evento foi uma espécie de ensaio para a comemoração do centenário da Semana de Arte Moderna, que será em 2022. "Nesses tempos em que estamos passando por tanta imoralidade na cultura, me sinto dentro da luta. Me sinto entusiasmado pela luta", disse o ator em entrevista ao UOL.

As aposentadas Liliamar Lopes de Camargo, 66, e Maria Aparecida Azevedo, 80, saíram cedo da Freguesia do Ó, na Zona Norte, para curtir a programação do Centro. Foram ao show de Elba Ramalho e em seguida assistiram à Orquestra Sinfônica. "Nunca tinha vindo num aniversário de São Paulo aqui no Centro, costumo ficar mais no bairro. Está muito lindo, emocionante!", disse Liliamar.

Após o cortejo do Pagú, entrou em cena o bloco afro-afirmativo Ilú Obá de Min. Sobre pernas de pau, os integrantes do bloco desfilaram no Largo do Paissandu representando os orixás. Zezé Motta abriu o cortejo do Ilú Obá de Min contando a história da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, e em seguida entoando à capela o samba "Minha Missão", de João Nogueira. O público foi às lágrimas.

A programação de aniversário da cidade seguiu com os shows de Skank e Ney Matogrosso. Mineiro de Belo Horizonte, Samuel Rosa agradeceu o carinho dos paulistanos. "Muitas festas devem estar acontecendo pelo mundo todo nesse momento, mas duvido que exista em algum lugar uma conexão como essa de São Paulo".

Durante a homenagem ao palhaço Piolin, centenas de bolas coloridas caíram do céu. O aniversário de 466 anos da cidade foi marcado por um clima carnavalesco e festivo.

Quebra-pau

Apesar de alguns furtos de celulares, a festa de aniversário da cidade estava indo bem até o desfile do último bloco, o Acadêmicos do Baixo Augusta. Por volta das 21h, o trio largou na esquina das avenidas Ipiranga e São João, tocando clássicos carnavalescos. Não se passaram nem dez minutos de folia até que a banda precisasse interromper o som pela primeira vez.

Mais de dez pessoas trocavam socos, empurrões e pontapés. Uma jovem caiu desacordada e precisou ser socorrida pelo corpo de bombeiros.

"Não dá para a gente tocar com vocês se matando aí embaixo. Quem for da paz, segura a rapaziada, segura a onda!", pediram os músicos. A interrupção foi a primeira de muitas. Durante o desfile de cerca de uma hora, que terminou na Praça da República, ocorreram várias brigas generalizadas.

Em uma delas, os brigões chegaram a invadir o cordão do trio elétrico e sobrou soco e empurrão até para quem estava dentro. Os cerca de 30 seguranças do bloco tiveram dificuldade para conter a confusão.

Segundo um segurança que preferiu não se identificar, as brigas parecem ter sido iniciadas por ladrões, que tentaram roubar celulares e acabaram apanhando da própria vítima ou de pessoas ao redor. Durante o cortejo, a reportagem presenciou mais de dez assaltos e furtos e uma prisão em flagrante. Em outro momento, uma vítima de roubo chegou a discutir com o ladrão e conseguiu recuperar seu aparelho.

A estudante Laura Garcia, 24, acompanhou o Baixo Augusta com suas amigas mesmo em meio a brigas e roubos. "Fiquei com medo. Mas é bom que a galera vai ficando mais atenta para o Carnaval", disse a jovem.

"São pessoas que vêm para arrumar confusão e atrapalhar o evento. A principal ocorrência é furto de celular, cuidado com o seu", disse um sargento da PM que preferiu não se identificar.

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