Com Roberta Sá, bloco Quizomba exalta mulheres e sustentabilidade, no Rio
Na manhã do sábado pós-Carnaval, a Lapa dos agitos noturnos se rende à contagiante passagem do bloco Quizomba, cria do bairro do Rio de Janeiro. Sob o comando da cantora Roberta Sá, 180 batuqueiros levaram alegria para 48 mil foliões, segundo a Riotur, órgão da prefeitura carioca.
Com um look transparente, a cantora acredita que a mulher está cada vez mais livre e defende esse empoderamento.
"Há dez anos, jamais sairia com essa roupa transparente na rua por milhões de questões. Fomos criadas para se cobrir, para se recatar. O que importa no ser humano é o caráter, não o que ele veste. E todo mundo no Carnaval é um artista e pode se expressar do jeito que bem entender", explicou ela.
Nesse Carnaval o bloco traz a sustentabilidade como tema e faz uma homenagem a Beth Carvalho, morta em abril de 2019. Roberta Sá cantou o sucesso "Andança" e em conversa com UOL, entre uma música e outra, exaltou a madrinha das madrinhas.
"A gente (mulheres) só está aqui hoje, cantando samba para tanta gente, porque a Beth existiu e resistiu, sempre, numa militância constante durante toda a vida", disse.
Criado em 2001 e antenado nas questões urgentes da sociedade, a sustentabilidade é o tema desse Carnaval e está sendo vivida na prática.
"Temos o apoio da ONG Recicle está atrás do trio, com duas caçambas fazendo coletas de materiais recicláveis: garrafas, latinhas do público e dos batuqueiros. Nossa ideia é fazer um desfile limpo", explica Raquel de Paula, produtora do Quizomba.
O bloco tem fãs fiéis e assíduos de outros Carnavais. O professor de Educação Física Matheus Monteiro, 35 anos, frequenta anualmente desde os 20: "O Quizomba é o bloco que mais frequentei no Carnaval do Rio. Há pelo menos 15 anos venho participar do desfile".
Casado com a servidora pública, Ana Carolina Monteiro, 32 anos, Matheus ajudou a espalhar a boa fama do bloco: "Sou mineira, mas moro no Rio e tentamos vir todos os anos. Nós adoramos porque é um bloco tranquilo. E esse ano trouxe meus pais, que vieram de Minas e minha sogra que já mora aqui".
Outro que não só está no bloco como organizou uma "caravana" é o professor Fábio dos Santos. Ele levou um total de 18 amigos que combinaram todos os preparativos por um grupo de WhatsApp.
"É o melhor bloco de todos. A animação, as músicas e não tem confusão, fica todo mundo aqui na harmonia e na paz, só curtindo", disse ele.
Houve ainda a participação de integrantes do bloco Desliga da Justiça. O convite fez parte de uma homenagem a Carlos França, que começou como batuqueiro do Quizomba e depois fundou o Desliga da Justiça. O músico morreu na terça-feira de Carnaval.
"O Quizomba é pai do Desliga, por isso estamos aqui para homenagear o Carlinhos", falou Leonardo Monteiro, presidente do Desliga da Justiça.
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