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Glamour Garcia fala de depressão entre pessoas trans: "Teatro me salvou"

Britney, personagem de Glamour Garcia na novela A Dona do Pedaço - Globo/João Miguel Júnior
Britney, personagem de Glamour Garcia na novela A Dona do Pedaço Imagem: Globo/João Miguel Júnior

De Universa, em São Paulo

10/09/2019 10h49

Glamour Garcia, que faz sucesso interpretando Britney na novela A Dona do Pedaço, compareceu ao Encontro com Fátima Bernardes de hoje (10). Quando o tema do programa se voltou para o Dia da Prevenção à Depressão, a atriz comentou sobre a incidência da doença entre pessoas transgênero.

"A gente vive em uma sociedade que fica na superfície de tudo, e esse superficial acaba atrapalhando no processo de se aprofundar nos nossos próprios sentimentos", começou ela.

"Falando de pessoas trans, por exemplo, é um quadro muito abrangente. Muitas pessoas trans desenvolvem depressão pela perseguição sistemática, e pelas muitas formas como a sociedade acaba não aprofundando no sentimento e na vivência dessas pessoas", disse ainda.

Jairo Bouer, outro convidado do programa, falou mais sobre o assunto. "A gente tem uma série de pesquisas que mostram que a população LGBTQI tem risco de transtornos mentais e risco de suicídio de três a cinco vezes maior do que a população que se identifica como cis e hétero", contou.

Garcia ainda contou sua experiência escolar, onde sofreu bullying por sua identidade de gênero. "Eu reflito muito sobre essa temática, porque antes a gente não tinha um nome para isso, para bullying. Mas a gente tem que lembrar que bullying é um conjunto de ações, e que grande parte delas acabam culminando em violências sistemáticas, que não são quaisquer violências", disse.

"Essas violências trazem não só um retrocesso pessoal, mas um processo de todas as perdas — a perda de sua cidadania, a perda da sua autoconfiança, a perda de suas capacidades. Em muitos momentos eu me senti não só perdida, como ausente de tudo isso", continuou.

"Eu tive autoestima zero em vários momentos, mas eu acho que o que me trouxe à vida foi o teatro", concluiu. "O teatro foi uma possibilidade de não só me desenvolver, mas de ter amor, de ter anseio, de estudar, de me entregar à vida. Se não fosse o teatro eu não só não estaria aqui, como talvez não estivesse nem viva."