McLaren se torna líder porque tem dois pilotos. E isso também é um desafio
Oscar Piastri venceu uma corrida muito equilibrada no Azerbaijão, ultrapassando o pole position Charles Leclerc na pista e sobrevivendo à pressão até o final da prova, que acabou sendo marcado por uma batida entre Sergio Perez e Carlos Sainz na luta pelo terceiro lugar, que caiu no colo de George Russell. Baku foi também outra uma prova negativa para o líder do campeonato, Max Verstappen, perdeu pontos para Lando Norris pela terceira corrida em sequência, mesmo tendo largado nove posições à frente do britânico.
A segunda vitória do ano e da carreira do piloto australiano joga ainda mais pimenta no clima interno da McLaren, que havia decidido antes da corrida de Baku que trabalharia mais em função de Lando Norris, vice-líder do campeonato, agora 59 pontos atrás de Verstappen. Ironicamente, contudo, foi Norris, que largou em 15º depois de pegar uma bandeira amarela na hora errada na classificação, que ajudou Piastri no GP do Azerbaijão, segurando Perez em um determinado momento da prova para que Piastri conseguisse parar nos boxes e voltar na frente do mexicano.
Esse foi o momento capital da prova. Piastri largou em segundo e percebeu na primeira parte da corrida que tinha que ir para cima de Leclerc quando os pneus dos dois estivessem mais novos. Afinal, ele chegou a ficar a 0s4 do ferrarista, mas depois foi perdendo contato.
Piastri estava a 5s9 de Leclerc e, parando antes do monegasco e saindo do box em um ritmo muito forte, conseguiu acabar com essa vantagem e ultrapassar Leclerc pela liderança na volta 38.
Mas forçar tanto os pneus logo no começo cobrou seu preço, e Piastri não conseguia sair da mira do DRS de Leclerc, que se manteve até as cinco voltas para o final, quando seus pneus começaram a sofrer, a menos de 1s do australiano.
McLaren é líder do mundial
Com o resultado, a McLaren fez o que parecia impossível no começo do ano: assumiu a liderança do mundial de construtores, com 20 pontos a mais que a Red Bull.
Isso porque, embora Perez tenha conseguido andar com os líderes o tempo todo, ele julgou mal uma disputa com Sainz e bateu, com poucas voltas para o final. E porque Verstappen teve outra tarde de muita reclamação via rádio em Baku. Ele seguiu com o mesmo problema do sábado: a traseira do carro perdendo contato com o solo, diminuindo sua aderência.
O holandês passou inclusive várias voltas atrás de Norris, mesmo tendo largado nove posições à frente do rival, que tinha pneus bastante usados a essa altura. A estratégia da McLaren com o britânico foi colocá-lo no pneu mais duro para ele conseguir exercer seu ritmo sem ficar muito preso atrás dos rivais, e depois ir ao ataque com pneus médios e mais novos no final.
Dito e feito: Norris tirou uma diferença de 15 segundos em relação a Verstappen e passou o holandês com facilidade, conseguindo um quarto lugar inesperado em Baku.
A julgar pelo que vimos neste domingo, a Red Bull segue sem encontrar o caminho, mesmo com as alterações que trouxe para o carro neste fim de semana e que tinham agradado a Perez, enquanto a McLaren continua sendo um carro constante em diferentes tipos de pista, conseguindo bater até mesmo a Ferrari em um circuito de rua e com curvas lentas, que casam melhor com o carro italiano.
É um bom sinal para a próxima etapa, também em um circuito de rua, em Singapura, onde a Ferrari venceu ano passado. Mas a questão dentro da McLaren segue a mesma: em seu segundo ano na Fórmula 1, Piastri está evoluindo muito, e mostra para a equipe que pode ser a aposta do futuro para a McLaren.
4 comentários
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José Evanildo Fernandes de Sousa
Juliane entrega uma excelente análise não só da corrida mas do cenário como um todo. De fato, a McLaren vem sobrando e o Piastri não tem nada de bolo. A meu ver, o australiano tem potencial para chegar junto e até mesmo ultrapassar o Norris uma vez que este sofre a pressão por resultados e aquele vem voando como o franco atirador. Boto minhas fichas no Oscar!
Flavio Machado Andrea Martins Ferreira
O Norris tem a janela de 2024 para ganhar. Está ficando claro que o Piastri é mais piloto mas ainda não tem a experiência ao seu lado. Mas com a confiança alta… E o Peres numa equipe de ponta faz cada dia menos sentido esportivo (haja $$)
Marco Romanelli
Há três corridas, ainda não acreditavam que a equipe tinha condições de disputar o título de pilotos. Em algum momento, perdemos a noção básica de que o menos pontuado ajuda o outro, porque são equipes, ou times, como dizem na língua deles. O piloto menos pontuado que não se comporta como membro de um time não merece o emprego, porque atrapalha todo mundo. E a equipe que precisa se pronunciar sobre isso não tem bons pilotos.