Julio Gomes

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Sequência do City é a pior desde 2017, o único ano em branco de Guardiola

Pep Guardiola assumiu um time profissional pela primeira vez em 2008, alçado do Barcelona B para o principal. Desde então, construiu uma carreira que lhe dá, para muitos, o posto de maior técnico da história do futebol. Só teve um ano, neste período todo, em que ele não levantou um troféu sequer. E a atual sequência do Manchester City, de quatro derrotas seguidas, é a pior vivida pelos Citizens e por Pep desde o primeiro ano em que o catalão chegou ao clube que pertence a Abu Dhabi.

Considerando que em 2008 o Barcelona não podia ganhar nenhuma taça, entre os anos corridos de 2009 e 2024, somente em 2017 Pep Guardiola não levantou um troféu. Até mesmo vivendo o ano sabático, na temporada de 2012/2013, Pep ganhou títulos: em 2012 (Copa do Rei com o Barça) e 2013 (abrindo a temporada 13/14 com a Supercopa da Europa pelo Bayern de Munique, depois ainda ganharia o Mundial de Clubes no fim de 13). Se olharmos para temporadas, e não anos corridos, a pior dele como treinador foi a 2016/2017, a primeira no comando do City.

Vamos lembrar o time base de Guardiola naquela temporada? No gol, apesar da contratação do chileno Claudio Bravo, Pep optou pelo argentino Willy Caballero em boa parte dos jogos importantes. Zabaleta e Sagna eram os laterais direitos, Clichy e Kolarov se revezavam na esquerda. Os zagueiros eram Stones, recém contratado, e o próprio Kolarov aparecia muito por ali - Kompany, hoje técnico do Bayern, vivia machucado e em fim de carreira. Otamendi também jogava muito. O meio de campo tinha os brasileiros Fernando e Fernandinho, já estava De Bruyne, David Silva era o camisa 10 e Yaya Touré, desafeto dos tempos de Barcelona, atuava com frequência. No ataque, Sterling e Sané eram os pontas, e Kun Aguero era a grande estrela. Gabriel Jesus chegou no meio da temporada.

Aquele time do City de 16/17 acabou a Premier League em terceiro lugar, 15 pontos atrás do Chelsea (de Kanté, Hazard, Diego Costa e Conte). Na Copa da Inglaterra, perdeu na semifinal para o Arsenal. Na Copa da Liga, perdeu na segunda fase para o Manchester United. E na Copa dos Campeões da Europa foi eliminado nas oitavas de final pelo Monaco, de um jovem chamado Mbappé. O City ganhou por 5 a 3 na ida e perdeu por 3 a 1 na volta - na época, valiam os gols fora de casa como critério de desempate.

Não foi uma temporada desastrosa, mas foi a única da vida de Guardiola como técnico profissional em que ele não ganhou nada, acabando o ano corrido de 2017 sem levantar uma taça sequer.

Em outubro de 2016, o City amargou uma sequência de seis jogos sem vitórias somando todas as competições - três acabaram em derrotas, uma delas por 4 a 0 para o Barcelona na Champions, com hat trick de Messi. Na Premier League, entre março e abril já de 2017, o City ficou quatro jogos sem vencer e no meio desta série foi eliminado pelo Monaco na Champions. Foram os dois piores momentos de Guardiola no City naquela temporada inicial e os dois piores até o momento atual.

Desde então e até este mês de novembro, nunca mais o City havia passado mais de três jogos sem vencer. As quatro derrotas em sequência são a primeira de Guardiola no City - caiu para Bournemouth e Brighton na Premier, Tottenham na Copa da Liga e levou uma piaba de 4 a 1 do Sporting na Champions League. Ainda ouviu a torcida do Brighton cantar que ele "será demitido pela manhã", uma gozação espirituosa.

Quais as razões para isso? Uma explicação fácil é a ausência de Rodri, o contestado Bola de Ouro da temporada passada. O volante espanhol se machucou e está fora até o meio do ano que vem. Com ele em campo, o City não perdia, simplesmente isso. Sem ele, as derrotas começaram a ser empilhadas. Ainda que tenha bons meio campistas, o time não tem um jogador como ele, de área a área, com ótimo passe, grande capacidade de recuperação e jogo aéreo bom na frente e atrás.

Guardiola tem dado pouco protagonismo a Foden, que foi o melhor jogador do time na última temporada, mas perdeu espaço com a chegada de Savinho e mais protagonismo para o belga Doku. Haaland faz uma grande temporada, mas o time não está acompanhando o momento brilhante do norueguês. Além da série de quatro derrotas seguidas, o City já passou por muitos apuros na Premier League, conseguindo viradas e pontos no apagar das luzes em mais de um jogo.

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Talvez a culpa sejam dos pé frios do Oasis - os anos de separação da banda dos irmãos Gallagher, que vivem lá no estádio, são os anos que coincidiram com o melhor momento da história do City. Brincadeiras à parte, é um ano esquisito, sem dúvida, que lembra aquele primeiro de Guardiola no clube. Se vai acabar em branco, só saberemos daqui a seis ou sete meses.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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