Firmino, herói improvável, e Kane, eterno pé frio, lavam a alma com títulos

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Dois clubes separados por léguas de distância, tanto geográfica quanto historicamente, levantaram troféus no fim de semana. O Al Ahly sagrou-se campeão da Ásia. O Bayern de Munique, da Alemanha.
Foi o primeiro título continental do Al Ahly, que recebeu fortes investimentos na Arábia Saudita, mas meio que ficou à margem dos outros grandes, Hilal, Nasr e Ittihad, nestas duas temporadas. Não era o favorito, mas ganhou. Já o domínio do Bayern na Alemanha, principalmente neste século, dispensa comentários.
Como protagonistas, dois jogadores que viveram temporadas diferentes. Muito diferentes. E que lavaram a alma no fim de semana, com troféus em mãos.
Roberto Firmino começou o ano sendo retirado da lista de inscritos do Al Ahly para a temporada saudita. Ele foi a primeira grande contratação do clube, em julho de 2023, após não ter o contrato com o Liverpool renovado. Nunca se deu muito bem com o treinador alemão Matthias Jaissle e foi parecendo cada vez mais perto de um fim de carreira melancólico. Teve o nome especulado em clubes do Brasil e da Inglaterra, mas ficou lá na Arábia Saudita.
Poderia ter sentado no contrato milionário, que só acaba no meio do ano que vem. Mas não. Trabalhou quieto, mesmo fora dos jogos do Saudita. Firmino virou um devoto religioso cinco anos atrás e hoje é pastor. Apoiou-se na religião e na família, atravessou o momento e, quando chegou a hora da Champions League asiática - onde seguia inscrito -, foi premiado e escalado como titular por Jaissle. Foi possivelmente o melhor jogador dos três duelos, quartas, semi e final, com dois gols e três assistências no total. Com a tarja de capitão no braço, levantou o troféu.
Uma reviravolta inacreditável, surreal, de um cara que é mesmo iluminado. Por onde passou, teve de se equilibrar nas gangorras da vida e sempre sobreviveu aos baixos, que invariavelmente vieram antes dos altos. Firmino foi o herói altamente improvável do título do Al Ahly.
Já Harry Kane, coitado, foi campeão com o Bayern. Finalmente, conquistou um título, o primeiro da carreira. Mas... coitado? Bem, é jeito de falar. O pé frio de Kane é incorrigível, é impossível de esquentar.
O cidadão chegou ao Bayern na temporada passada e conseguiu participar da primeira vez em 12 anos em que o gigante ficou sem um título sequer. Neste ano, o título da Bundesliga era inevitável. Mas Kane levou um amarelo na rodada anterior e não podia participar da partida de sábado, contra o Leipzig. Os companheiros faziam a parte deles e venciam o jogo, quando Kane desceu das tribunas ao pé do campo para comemorar. Adivinhem. Adivinharam? Gol do Leipzig nos acréscimos, e nada de título. No domingo, uma vitória do Bayer Leverkusen empurraria a decisão para o fim de semana que vem, que é o que possivelmente os torcedores do Bayern e o próprio Kane mais queriam. Mas, adivinhem de novo. O Leverkusen empatou.
E o Bayern de Munique foi campeão da maneira mais deprimente que se pode ser: sem jogar. Sim, Kane comemorou, tirou fotos com o troféu, postou no Instagram a celebração cantando "We Are The Champions". Deve estar feliz, claro. Mas vamos combinar, né? É pé frio demais o homem. Até para ganhar título, ele é pé frio.
Firmino jogou apenas 31 partidas na temporada, fez 12 gols, mas deu duas assistências, acabou eleito o melhor em campo e levantou o troféu na mais importante delas, a do título da Ásia. Já Kane fez 36 gols em 44 partidas na temporada, só que não pôde estar presente na decisiva. De maneiras diferentes e com "estrelas" diferentes, os dois são campeões. Um, improvável, o outro, mais do que provável.
Eles ainda terão uma chance em 2025 de ganhar o mundo! Kane, com o Bayern, no Super Mundial da Fifa, no meio do ano, nos Estados Unidos. Firmino, com o Al Ahly, na Intercontinental que será disputada no final do ano, com campeões de cada continente. Enquanto a hora não vem, que possam celebrar o desafogo da melhor maneira possível.
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