Um Ancelotti que sempre fugiu de seleções ou Jesus com sangue nos olhos?
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Carlo Ancelotti, pelo jeito, deixará o Real Madrid ao final desta temporada. Como o Mundial de Clubes não é prioridade para o clube espanhol, não é um fator a ser levado em consideração. A questão é saber se ele fica até o próximo confronto direto contra o Barcelona, que pode decidir o título espanhol, no dia 11 de maio, ou se sai antes disso.
A impressão, pelas notícias que chegam da Espanha e a relação (que nunca foi amorosa) entre Carletto e o presidente, Florentino Pérez, é que o italiano sairá sendo ou não sendo campeão de La Liga - lembrando que o Madrid já está fora da Champions e perdeu, no sábado, o título da Copa do Rei para o Barça. O mais provável é que depois da estrondosa temporada passada, a atual acabe com zero título.
Carlo Ancelotti nunca demonstrou publicamente vontade alguma de assumir a seleção brasileira. Ele fez parte da comissão técnica de Arrigo Sacchi na Copa do Mundo de 1994 e, depois disso, nunca trabalhou em seleções. Nunca quis, recusou um bilhão de convites e sempre deixou clara sua predileção pelo futebol do dia a dia, o universo dos clubes. Isso segue igual. Não sabemos se só Ednaldo Rodrigues acha que Ancelotti pode assumir a seleção brasileira, se é uma espécie de devaneio, ou se a possibilidade é, de fato, real.
Sinceramente, nem acho que seria o fim do mundo o Brasil jogar contra Equador e Paraguai, pelas eliminatórias, sem técnico. É melhor decidir bem e com calma do que correr com uma decisão para dois jogos que têm pouca (quase nenhuma) importância em termos de classificação. Que diferença fará ter um técnico que nem sequer terá feito qualquer tipo de avaliação para convocar jogadores?
Classificação e jogos
Mas existe esse discurso aí da CBF de que, em junho, a seleção já terá novo treinador. Para isso acontecer, as estrelas precisam se alinhar e novamente ficará aquela espera por quem sequer sabemos se quer ser técnico da seleção. Ficar esperando resultado de jogo do Campeonato Espanhol. É dose para leão.
O outro candidato em linha é Jorge Jesus. E esse quer ser técnico da seleção, é o sonho da vida dele, já disse abertamente e vem até de graça - não que dinheiro seja problema para a CBF.
O Al Hilal, assim como o Real Madrid, vive uma temporada ruim um ano depois de ganhar praticamente tudo e estabelecer recordes. Já perdeu a Copa do Rei Saudita, a Liga Saudita parece impossível e sobrou a Champions asiática, o que não é pouco (mas seria uma espécie de prêmio de consolação em uma temporada estranha). Nesta terça, o Al Hilal faz jogo único contra o Al Ahly por uma vaga na final do continente e, se vencer, ainda na semana disputa a decisão. Ao contrário do Real Madrid, o Al Hilal dá, sim, muito peso ao Mundial de Clubes, que começa em junho. Mas creio que já conta com uma saída de Jesus, caso venha a chamada da seleção brasileira.
Não há comparação entre as carreiras de Ancelotti e Jesus. Mas há vários fatores que, no meu modo de ver, deveriam fazer a CBF se inclinar pelo português, não pelo italiano.
1) A já citada vontade, a motivação; 2) Fala o mesmo idioma, ainda que Ancelotti consiga se virar em um português mesclado com italiano e espanhol; 3) Conhece o público brasileiro, o jogador brasileiro, o futebol local e já mostrou, no Flamengo, entender exatamente o espírito que o brasileiro busca no futebol; 4) Jorge Jesus sempre foi um técnico mais ofensivo do que Ancelotti, e acho que isso também é algo a ser levado em conta. E, claro, se isso importa para a CBF, 5) o timing para ter o português é melhor considerando os tais jogos de junho pelas eliminatórias.
Parece que desta vez não há escapatória, a seleção terá um técnico estrangeiro. Eu talvez tenha sido o primeiro a falar de Ancelotti, assim que Tite anunciou que não ficaria depois da Copa. Sempre achei o italiano uma figura extraordinária. Mas confesso que perdi um pouco da empolgação com essa lenga-lenga e pela clara preferência pelo Real Madrid e pelo futebol de clubes. Hoje, eu iria de Jesus. E vocês?
5 comentários
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Osmair da Cunha Ozorio
O Ancelotti tinha que voltar para o Milan, ajeitar aquilo ali e fazer o clube voltar à ser grande. Quanto à Seleção da CBF, por mim tanto faz, como tanto fez...
Carlos Alberto de Lima Botelho Filho
Ja defendi muito o Carletto, mas concordo com o colunista. J Jesus está motivado e tem conhecimento prévio do nosso futebol
Flávio Higuti
Jesus obvio… Onde ja se viu pagar 5MM por mes pra um tecnico de futebol