'Jeitinho' da Fifa pode fazer vida do Flamengo bem mais dura no Mundial

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A Fifa anunciou nesta terça-feira que um playoff entre América, do México, e LAFC, dos Estados Unidos, irá definir o substituto do clube León, que foi excluído do Super Mundial de Clubes, que começa no mês que vem, nos EUA. Ainda não há informações sobre quando e onde será disputada a partida.
O anúncio veio em seguida à decisão do TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), que não aceitou o recurso do León e já aproveitou para tampouco levar em conta o pedido do Alajuelense, da Costa Rica, para disputar o torneio. Eu já explico essa história a seguir.
O fato é que o Grupo D do Mundial, que parecia bastante acessível ao Flamengo, pode ficar mais difícil se o América for o substituto do León. O América é o Flamengo do México. O clube mais popular, que arrasta torcida onde quer que jogue. É também o clube mais vezes campeão no país e ganhou os últimos três títulos domésticos importantes, todos sob comando de André Jardine: Apertura-23, Clausura-24 e Apertura-24. A decepção foi não ter vencido a ConcaChampions, o torneio continental, nestes anos.
Nesta quinta-feira, o América começa a disputa das quartas de final contra o Pachuca, em busca do tetracampeonato nacional. No México, o campeonato nacional é disputado em turno único, com mata-mata a partir das quartas. Apesar de o Toluca ter feito a melhor campanha, o América, com a segunda, é considerado o favorito para ficar com o título e é reconhecidamente o melhor time do país. O León, diga-se, entrou com a sexta posição e também está nas quartas, onde vai enfrentar o Cruz Azul.
Classificação e jogos
Jardine, campeão olímpico com a seleção brasileira em Tóquio, chegou ao México pelo humilde San Luis, em 2022. Fez grande campanha, chamou a atenção do grandalhão América e virou ídolo. O Botafogo tentou contratá-lo no início do ano, mas Jardine preferiu seguir no América.
O Los Angeles FC, que não é o Galaxy, chama menos a atenção. Neste caso, talvez a entrada do LAFC no lugar do León seria até benéfica ao Flamengo. Está no meio da tabela da MLS americana e tem como destaques os veteraníssimos franceses Lloris e Giroud. O jogo do Flamengo contra América ou LAFC será em Orlando, portanto bem longe da Califórnia e em uma cidade de comunidade brasileira gigantesca. Então o grande desafio é mesmo o técnico (caso passe o América), não o ambiente.
A exclusão do León se deu porque o time é propriedade do mesmo grupo que é dono do Pachuca, que também está no Mundial. A Fifa não aceitou as explicações mexicanas, entendeu que um comando único controla os dois clubes e decidiu excluir um deles. O Tribunal Arbitral, em Lausanne (Suíça), referendou hoje a decisão da Fifa.
"Foi uma sentença dura, os rivais eram influentes, a pressão, intensa, e os interesses, muito altos", lamentou-se o León em comunicado que acabou de forma enigmática. "Sabemos que um clube deve nos substituir no Mundial de Clubes e desejamos que os valores esportivos sejam honrados e respeitados, que não possam ser vendidos nem comprados".
O "jeitinho" da Fifa se deu justamente na escolha do substituto. Pelo regulamento do Mundial, nenhum país pode ter mais de dois representantes, a não ser que times do mesmo país tenham sido campeões continentais. O Brasil tem quatro representantes porque times brasileiros ganharam as últimas quatro Libertadores. Mas a Inglaterra, por exemplo, só tem Manchester City e Chelsea. Liverpool e Arsenal ficaram fora do Mundial, mesmo com um ranking Uefa muito superior aos de Red Bull Salzburg, Benfica ou Juventus. O mesmo se deu com os espanhóis. O Real Madrid entrou como campeão da Champions, o Atlético de Madrid por ter ranking superior ao do Barcelona, e o time catalão ficou fora.
Pela regra imposta pela própria Fifa e que serviu para definir vagas da Europa, América do Sul e Ásia, deveria ser colocado no torneio o Alajuelense, da Costa Rica, que entrou com recurso no TAS para denunciar o modelo multiclubes mexicano e esperava ficar com a vaga. Por que? Pelo fato de ele ser o clube mais bem rankeado na Concacaf quando são excluídos mexicanos e estadunidenses da lista.
Como o Mundial já tem Monterrey e Pachuca, do México, Seattle Sounders e Inter Miami, dos EUA, não deveria ser possível entrar no torneio um terceiro time de um destes países.
Mas o TAS considerou os recursos de León (para se manter no torneio) e Alajuelense (para entrar no lugar) um "mesmo caso", desestimou ambos e não deu as justificativas (disse que o fará no futuro). Assim, abriu as portas para a Fifa promover o tal playoff entre LAFC, que perdeu a final da ConcaChampions para o León em 2023, e o América do México, primeiro colocado no ranking Concacaf - aqui sim, o ranking foi levado em conta.
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