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Após pressão, prefeitura de SP anuncia mais policiamento e drones em blocos

Briga generalizada durante o bloco Academicos do Baixo Augusta, em janeiro - Nelson Antoine/UOL
Briga generalizada durante o bloco Academicos do Baixo Augusta, em janeiro Imagem: Nelson Antoine/UOL

Thais Sant'Anna

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/02/2020 19h24

A prefeitura de São Paulo se pronunciou hoje, depois de ser citada em uma carta aberta, assinada por 153 blocos, pedindo mais segurança nas ruas da cidade durante o Carnaval. A mensagem citava casos de arrastão, furtos, roubos e violência no pré-Carnaval e dizia: "É fundamental que exista segurança pública proporcional ao tamanho do Carnaval, ou as pessoas deixarão de frequentá-lo por medo".

A carta foi endereçada à Polícia Militar, ao prefeito de São Paulo, Bruno Covas, e ao secretário municipal de Cultura, Alexandre Youssef, entre outras autoridades. Por meio de nota oficial, a prefeitura afirmou que deve aumentar o efetivo, com 1.821 agentes a mais da Guarda Civil Metropolitana, e repensar ações de segurança nas ruas.

"Serão utilizados dez drones nos blocos com maior previsão de público, por consequência também mais vulneráveis aos crimes de oportunidade. No fim de semana pré-Carnaval, foram usados quatro drones. Quanto à estrutura, foram montadas torres de observação para segurança patrimonial e apoio à Polícia Militar —seis por dia—, instaladas nos principais trajetos dos desfiles. Além disso, a SMSU [Secretaria Municipal de Segurança Urbana] se reuniu durante a semana com os outros órgãos envolvidos, incluindo as forças estaduais de segurança, para reunião de Avaliação Pós Ação, o que é de praxe em grandes eventos", diz o comunicado.

A polícia prendeu 413 pessoas no último fim de semana. Entre os detidos estão dois suspeitos de roubar um policial civil em um bloco na avenida Luís Carlos Berrini. Na ação, cinco pessoas foram baleadas.

Fernanda Toth, uma das fundadoras do bloco Casa Comigo, que saiu às ruas no sábado (15), na av. Ipiranga, conta que sentiu falta da PM no desfile. "O policiamento deixou a desejar. O que fizemos foi o que sempre fazemos quando vemos algum assédio ou violência. A gente para o som e fala no microfone", diz ela.

"O arrastão é um crime que voltou à moda, infelizmente. Teve na Paulista no outro domingo, teve na Virada Cultural, teve no Carnaval na rua dos Pinheiros, na Berrini e teve no centro. Não é um problema do Carnaval", pondera.

Jorge Vespero, um dos fundadores do Bloco Amigos da Vila Mariana, também reclamou da falta de policiamento e de ação da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). "Muito foi falado dos superblocos e de grandes eventos, mas também houve prejuízos para os blocos de bairro. No nosso caso, pela primeira vez em 19 anos, não pudemos fazer o cortejo pelas ruas, porque havia apenas uma viatura da CET, com uma funcionária", relata.

Bruno Ferrari, da Confraria do Pasmado, afirma que o Carnaval tem um "valor bilionário para a cidade e os blocos geram recursos e empregos". "A prefeitura precisa dar, em contrapartida, uma estrutura que sustente o Carnaval. Segurança, transporte, saúde. Isso tudo é atribuição da prefeitura. [...] É preciso criar uma polícia especializada para lidar com grandes eventos. Não estou falando só do Carnaval, mas de grandes manifestações pacíficas", diz.

Mais policiamento não é mais truculência

Ferrari deixa claro que mais policiamento não é sinônimo de mais truculência, o que é reforçado por Thais Haliski, uma das coordenadoras da Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo, que também assinou a carta aberta.

"Não aceitaremos truculência, discriminação, violência policial contra quem quer que seja. Dentro ou fora dos blocos. Acreditamos na competência dos órgãos responsáveis em articular estratégias que visam o bem-estar de todos", explica ela.

Por meio de nota, a Polícia Militar se manifestou dizendo que a Operação Carnaval Mais Seguro conta com, em média, 15 mil agentes por dia.

A Operação Carnaval Mais Seguro conta com uma média de 15 mil policiais por dia e que os policiamento preventivo e ostensivo foram intensificados para o Carnaval, "com a instalação de postos de apoio nos principais corredores de desfiles de blocos e no sambódromo".

"Há tendas de acolhimento para atendimentos de vítimas em situação de vulnerabilidade ou assédio. Houve reforço também no número de viaturas e de aeronaves empregadas, além do uso da tecnologia. Em média, 12 helicópteros Águia do Comando de Aviação da PM estão destacados para o patrulhamento diário no estado. Os locais de eventos contarão ainda com monitoramento em tempo real por meio do Dronepol —em média 50 drones por dia."

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