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Nova Casa Respeita as Mina apoia mulheres vítimas de violência no Carnaval

Larissa Luz se apresenta na abertura da Casa Respeita as Mina - Reprodução/ Instagram
Larissa Luz se apresenta na abertura da Casa Respeita as Mina Imagem: Reprodução/ Instagram

Aurelio Nunes

Especial para o UOL, em Salvador

20/02/2020 04h00

Com uma apresentação da cantora Larissa Luz, a Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres do Estado da Bahia (SPM-BA) inaugurou nesta quarta, 19, a Casa Respeita as Mina.

Situada no Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, o espaço cedido pela Bahiatursa funcionará diariamente de 13h às 21h como ponto de apoio e para prestar orientação às mulheres vítimas de importunação ou violência durante os seis dias de Carnaval na capital baiana.

A partir de março, mês internacional da mulher, a Casa será palco de uma intensa programação cultural, com lançamentos de livros, oficinas, debates e gravação de programas de TV com conteúdo voltado ao público feminino.

"Que todas nós tenhamos um Carnaval livre, um carnaval sem medo", bradou Larissa, durante sua apresentação de 40 minutos em que mesclou canções de sua própria autoria, como "Bonecas Pretas", "Meu Sexo" e "Nanã", com o já conhecido repertório de interpretações personalíssimas de músicas de outros autores, a exemplo de "A Carne" (Elza Soares) e "Pata Pata" (Daúde), e de clássicos dos blocos afros, como "Deusa do Amor", de Moreno Veloso, gravada pelo Olodum.

A escolha de Larissa não foi aleatória. Desde 2017 ela comanda o Bloco Respeita As Mina. Na primeira edição, esteve ao lado de MC Carol e Tássia Reis, em 2018 foi acompanhada por Pitty e Karina Buhr, e, no ano passado, junto a Luedji Luna e Xênia França, que irão repetir a parceria este ano, no desfile de sábado, 22, no Circuito Barra-Ondina, às 23 horas.

"O machismo é algo entranhado na nossa sociedade, não se desfaz de uma hora para outra. Mas percebo pelos relatos de muitas amigas que circulam pelo Carnaval que aquela abordagem violenta na paquera já está deixando de existir. Por outro lado, para além do contexto do Carnaval, a violência está cada dia pior, principalmente a violência contra as mulheres negras", declarou Larissa Luz ao UOL.

Feminicídio

Segundo a Secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Julieta Palmeira, os dados fornecidos pelos órgãos de segurança do Estado da Bahia confirmam a impressão da artista. "Os casos de importunação e assédio vêm caindo ano a ano no Carnaval, mas os de violência doméstica são cada vez maiores. Somente esta semana registramos seis feminicídios na Bahia", comparou.

"O que a gente vem fazendo pra virar esse jogo são ações como estas do bloco e da Casa Respeita As Mina. Não tem como combater a violência contra a mulher sem um trabalho de sensibilização", completou.

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