Sigam bem, amigas! Bloco de lésbicas e bissexuais faz esquenta de Carnaval
No desfile do dia 29 de fevereiro, pós-Carnaval, o bloco Siga Bem Caminhoneira espera atrair cerca de 20 mil pessoas. Desde que foi criado em 2017, o cortejo tomou proporções inesperadas, saltando de um público de mil para 13 mil foliões.
Ontem, com a finalidade de fazer um esquenta para o Carnaval e arrecadar fundos para o desfile, o bloco fez uma festa no espaço cultural Mundo Pensante, no bairro do Bixiga (centro de SP). Ainda que sem a bateria de 26 integrantes e 100% feminina, a festa reuniu a rede do bloco.
Chama-se rede porque é assim que as mulheres encaram o convívio das integrantes. "O Siga Bem é um grande grupo de acolhimento às mulheres lésbicas e bissexuais, e que tem forte atuação voltada para todas as raças, classe sociais e corpos. É um espaço de representatividade e seguro para elas", conta Barbara Kansawa, produtora do bloco.
A gerente de varejo Ana Carolina Gomes, 28, natural de Brasília e morando em São Paulo há três anos, sempre curtiu muito o Carnaval. Há dois anos ela conheceu o bloco, que entrou totalmente para sua vida. Ana Carolina começou a tocar agogô e entendeu o grupo como, além do Carnaval, um local de expressão da mulher.
" Hoje eu nem vou mais em grandes blocos, porque não tem mais como enxergar a liberdade do Siga Bem em outros desfiles", conta, enfatizando que não considera o Carnaval de São Paulo acolhedor para as mulheres lésbicas
Ana Carolina também conta que a festa deste sábado permitiu a entrada de homens, ao contrário dos ensaios, que são exclusivos para as mulheres. Já o desfile durante o Carnaval é aberto para todos, porém é ressaltado que o protagonismo é totalmente feminino.
Para a gerente de produção Lilian Oliveira, 29, a vida pode ser dividida em "antes e depois" do Siga Bem Caminhoneira. "Pela minha aceitação, bem-estar e em me sentir representada e próxima de pessoas que pensam como eu", comemora.
A publicitária Giovanna Pieroni, 23, conta que o Siga Bem sempre a salva da fossa. "Não faço nada, não toco, não danço, mas o bloco tem muita importância para minha vida. Terminei um noivado há 15 dias e estou aqui hoje. No primeiro ensaio do bloco, há uns três anos, eu fui e minha vida deu uma guinada".
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