Quais os fatores de risco para ter câncer de próstata, como teve Dr. Rey?
O cirurgião plástico Robert Rey, mais conhecido como o Dr. Hollywood, revelou que foi diagnosticado recentemente com um câncer de próstata, mas disse que está curado.
Em entrevista a Danilo Gentilli, no programa The Noite (SBT), ele explicou que foi detectado um tumor de 13 centímetros no seu órgão e se submeteu a quimioterapia, naturopatia, mas acredita ter sido curado por um milagre, pela combinação dos tratamentos com uma oração de seu pastor mórmon.
O que é a próstata?
A próstata é uma glândula do corpo masculino que está localizada entre o reto e a bexiga e tem como principal função produzir o fluido prostático, que faz parte da composição do sêmen e ajuda a proteger os espermatozoides. Estudos recentes apontam que homens que ejaculam com maior frequência têm risco menor de desenvolver o câncer de próstata, o tipo sólido mais comum entre homens.
Quais os sintomas do câncer de próstata?
O câncer de próstata não costuma dar sinais em seus estágios iniciais. No entanto, quando a doença já está mais avançada, é possível notar alguns sintomas locais, já que a presença do câncer influencia no tamanho da glândula e causa problemas principalmente na hora de urinar.
Os sintomas mais comuns do câncer de próstata são:
- Dificuldade para urinar (demorar para começar e terminar);
- Necessidade de urinar mais vezes durante o dia e/ou a noite;
- Diminuição ou alteração no jato de urina;
- Dor ou ardor ao urinar;
- Presença de sangue na urina ou no sêmen;
- Dor ao ejacular;
- Alteração nas fezes (pois o tumor pode pressionar o intestino)
Fatores de risco
Idade: tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam de forma significativa após os 50 anos. No Brasil, nove em cada dez pacientes diagnosticados têm mais de 55 anos;
História familiar: quando um indivíduo tem pai ou irmão que foi diagnosticado antes dos 60 anos, o risco é de três a dez vezes maior que na população geral;
Estilo de vida: há evidências de que homens com sobrepeso ou obesidade têm risco maior. Também há alguns indícios de que o excesso de alimentos gordurosos de origem animal, como carne vermelha e laticínios, possam aumentar as chances de desenvolver a doença, o que ainda tem sido estudado;
Genes: vários estudos têm sido feitos para identificar alterações genéticas hereditárias envolvidas no câncer de próstata, assim como acontece com o de mama. Mas essa causa seria pouco comum — a maior parte dos casos seria causada por mutações adquiridas ao longo da vida;
Tabagismo: o hábito parece elevar o risco de morte por câncer de próstata;
Cor da pele: homens negros têm 70% mais chances de desenvolver a doença do que indivíduos não-negros, de acordo com o Memorial Sloan Kettering Cancer Center, renomada instituição de pesquisa da área em Nova York. Cientistas ainda investigam a razão, desconhecida até o momento. Por isso, a Prostate Cancer Foundation sugere que homens negros comecem a realizar exames preventivos mais cedo, na casa dos 40 anos.
Outros: existem diversos estudos em andamento para avaliar a influência de outros fatores, como a exposição à combustão tóxica, bem como inflamações e infecções sexualmente transmissíveis (IST), como gonorreia ou clamídia.
Como é feito o diagnóstico e a prevenção?
Os principais exames para diagnosticar o câncer de próstata são o PSA (dosagem do antígeno prostático específico, em inglês), realizado a partir de uma amostra de sangue; e o toque retal, procedimento feito em consultório em que o médico insere o dedo indicador no ânus do paciente para apalpar a glândula e conseguir sentir eventuais nódulos.
É importante frisar que o exame de toque é um procedimento essencial e muito rápido, que não costuma durar um minuto — com o urologista utilizando luva e lubrificante — e não causa dor ou complicações.
Nem todo PSA alto e próstata aumentada são sinônimo de câncer, contudo. Uma prostatite (infecção na glândula) pode alterar o resultado do exame de sangue. A partir dos 50 anos, também é comum que os homens tenham uma condição chamada de hiperplasia prostática benigna — um aumento da próstata que pode ser sentido no exame de toque e que também dificulta a saída da urina.
Portanto, o médico pode pedir exames de imagem para complementar a investigação, se achar necessário. O diagnóstico definitivo só é obtido após uma biópsia — a retirada de uma amostra de tecido da glândula para análise em laboratório. Nem sempre a biópsia será pedida, mas os outros exames devem ser feitos anualmente.
De acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), a checagem para o câncer de próstata deve começar a partir dos 50 anos. No entanto, homens negros ou com histórico da doença na família precisam se submeter aos exames antes, aos 45 anos, pelo maior risco de desenvolver a doença.
Quais os tratamentos para o câncer de próstata?
As opções de tratamento para o câncer de próstata avançaram muito nos últimos anos — em especial as cirurgias, que podem ser feitas com a ajuda de robôs; e as chamadas terapias-alvo, com medicamentos que combatem especificamente as células tumorais.
Para determinar o melhor tratamento, o médico precisa analisar a idade do paciente, seu estado geral de saúde, a extensão do tumor e se houve ou não metástase (o espalhamento da doença para outros órgãos).
Entre as opções disponíveis estão a remoção cirúrgica do tumor, a aplicação de radioterapia e a hormonioterapia, com medicamentos orais para bloquear a produção de testosterona. A naturopatia, citada por Robert Rey, não está inclusa no padrão de tratamento reconhecido como eficaz pelas principais entidades de pesquisa em câncer de próstata, mas há especialistas que defendem o uso de suplementos alimentares e terapias "de corpo e mente" como forma de suporte ao bem-estar do paciente durante o tratamento convencional.
É possível, ainda, associar duas ou mais técnicas para aumentar as chances de sucesso do tratamento. Em último caso, quando o paciente não responde aos tratamentos ou está em metástase, é possível também usar a quimioterapia, sozinha ou combinada a outras terapias.
O câncer de próstata pode deixar sequelas, como impotência sexual?
A doença não provoca sequelas, mas pode se tornar grave ou fatal. Quanto aos tratamentos, tanto a incontinência urinária quanto a impotência podem ser temporários ou definitivos.
A incontinência urinária ocorre em cerca de 5% a 10% dos casos operados e pode durar alguns dias ou meses, até que o paciente retorne ao seu ritmo normal. A impotência pós-cirurgia ocorre em 30% a 50% dos casos, dependendo de alguns fatores como:
1. Se houver uma boa qualidade de ereção no período pré-operatório, as chances de continuar potente são melhores.
2. Pacientes jovens apresentam melhor recuperação da potência.
3. Possibilidade de preservação dos nervos na região, dependendo da extensão do tumor. Quanto maior o câncer, menor as chances de que sua retirada cirúrgica possa preservar os nervos responsáveis pela ereção.
Outras abordagens também podem levar à perda da potência sexual, como o bloqueio androgênico. Este tratamento hormonal, frequentemente associado à radioterapia quando o tumor "retorna", provoca a diminuição intencional dos níveis de testosterona do paciente para conter o câncer — o que pode provocar a impotência. Mas estas opções devem ser discutidas com o urologista.
É importante destacar que, quanto mais vigilante for o paciente, melhores são suas chances de nunca ter esta conversa. Afinal, quando o tumor é encontrado em fase inicial, maiores são as opções de tratamento e as probabilidades de se livrar do tumor com qualidade de vida.
*Com informações de reportagens publicadas em 21/11/2022, 16/02/2023, 06/09/2023 e 11/04/2024.
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