Ana Canosa

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Opinião

Pode transar nas Olimpíadas? Esporte e sexo são combinação que vale ouro

A ciência moderna não fornece evidências conclusivas de que a abstinência sexual impacte significativamente o desempenho atlético. Muitos especialistas em esportes argumentam, inclusive, que fatores como treinamento, nutrição, descanso e preparação mental têm um impacto muito maior na performance de um atleta.

Mesmo assim, o veto a relações sexuais antes de competições esportivas é uma prática adotada por alguns atletas e treinadores. Muhammad Ali, o famoso boxeador, é conhecido por ter praticado abstinência por até seis semanas antes de suas lutas.

As razões para isso variam e incluem evitar a distração mental, a perda de energia física, e manter os níveis de testosterona, pois embora não haja estudos conclusivos, alguns apontam que eles são alterados durante a prática sexual.

Crenças culturais certamente influenciam na decisão de manter ou não a privação. Na Grécia e Roma antigas era prevalente a teoria da conservação do esperma, e por isso alguns atletas olímpicos e gladiadores praticavam abstinência sexual antes das competições, acreditando que isso ajudava a preservar a força e a energia.

Em várias tradições religiosas e espirituais, a abstinência sexual é considerada uma forma de purificação e disciplina. Ao longo da história, em várias culturas militares, os soldados eram aconselhados ou obrigados a ficar sem sexo antes de batalhas importantes. A ideia era que a abstinência aumentaria a agressividade e a disposição para a luta.

Quem é contrário a essas motivações, alega que o sexo pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, o que pode ser benéfico para o desempenho, já que a atividade sexual libera endorfinas e outras substâncias químicas no cérebro que ajudam a relaxar e, inclusive, diminuir a dor, pela ativação da circulação sanguínea.

Isso pode ser particularmente útil para atletas que estão nervosos ou ansiosos antes de uma competição. Hormônios como dopamina e ocitocina trazem também uma sensação de prazer, bem-estar e motivação.

Os efeitos negativos do sexo em contextos competitivos têm mais relação com a forma com que ele é praticado e comportamentos associados. Houve ingestão de bebida alcóolica? Foi uma 'maratona' sexual? Atrapalhou o sono do(a) atleta?

Tudo liberado

Mas nas Olimpíadas de Paris, abstinência sexual me parece uma prática distante. Aliás, deve estar bem difícil não pensar em sexo. A começar por Phyrge, o mascote, que mais parece um clitóris e já foi apelidado de "Clitorito" nas redes sociais.

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A prática sexual é considerada uma possibilidade factível pelo comitê olímpico, que sabiamente colocou preservativos no kit destinados aos atletas.

Funcionário entra na piscina para resgatar touca durante Olimpíadas de Paris-2024
Funcionário entra na piscina para resgatar touca durante Olimpíadas de Paris-2024 Imagem: Reprodução

Fico imaginando passar 24 horas visualizando os corpos atléticos, cada qual moldado pelo esporte praticado, evitando pensar no assunto. É tanta beleza junta, para todos os gostos, de todas as nacionalidades, que os deuses do Olimpo esportivo arrancam suspiros e atiçam a imaginação, criando fantasias de toda ordem. É impossível não se sentir um tanto acanhado diante da força, da energia e dos músculos torneados.

Mas os humilhados serão exaltados. Fez história o homem de sunguinha colorida que entrou na piscina para resgatar a touca de natação de um atleta. Foi ovacionado, desfilando com seu corpo não "sarado" e pulando lindamente na piscina, mostrando que os pobres mortais também têm seu encanto.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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