Ana Canosa

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Opinião

Quer saber se 'ele é pra você' ou se é hora de terminar? Beijo tem resposta

Dia 13 de abril se comemorou o Dia do Beijo. E olha, beijar é coisa séria. Muito mais do que um gesto romântico, o beijo pode carregar uma infinidade de mensagens: afeto, desejo, carinho, cuidado, ou até a falta deles. Pode selar compromissos, ativar memórias, aumentar a excitação e, em muitos casos, revelar se vale a pena seguir adiante com alguém ou se é melhor pedir um carro de aplicativo e ir para casa mais cedo.

É que embora o olhar e o toque possam atiçar a curiosidade, é na hora do beijo que a química se revela. Literalmente. Um beijo ruim pode travar a libido. E a ciência explica.

Pesquisadores da área de biologia evolutiva descobriram que o beijo funciona como uma espécie de "teste biológico". Nele, trocamos sinais químicos — como o cheiro e o gosto da pele, da saliva, da respiração. Tudo isso é processado pelo nosso corpo em segundos. E aí entra o tal do MHC (Complexo Principal de Histocompatibilidade), um conjunto de genes ligado ao sistema imunológico. Sem que a gente perceba, sentimos mais atração por quem tem um MHC diferente do nosso — o que indicaria, lá nos tempos das cavernas, um parceiro ideal para a reprodução.

Ou seja: às vezes o beijo é ruim porque o seu corpo detectou, por puro instinto, que não vai rolar. E pronto. A química não bate, o beijo não encaixa, e você já sabe que dali não sai nada que valha a pena.

Mas claro, não é só biologia. Beijar também envolve coordenação, entrega, sincronia. É quase uma dança. Tem gente que beija como quem corre uma maratona. Outros preferem o compasso lento, ritmado. Quando os estilos não combinam, dá ruído. E o desejo se perde.

Para muitas mulheres, especialmente, o beijo tem ainda mais peso. Estudos mostram que quanto mais beijos numa relação, maior a satisfação sexual — e que o beijo profundo, com língua, aumenta a chance de orgasmo. Não à toa, tantas se queixam de que, depois de um tempo, seus parceiros simplesmente pararam de beijar como antes. Como se o beijo fosse apenas uma etapa preliminar para o sexo, e não um prazer em si.

Talvez isso tenha a ver com como fomos educados: mulheres ensinadas a conter o desejo e, por isso, se permitem aproveitar mais o beijo; homens educados a não desperdiçar oportunidades sexuais — e aí usam o beijo só como meio para um fim - a penetração.

Mas o beijo é muito mais do que isso. Ele pode ser romântico, erótico, atrevido, delicado. Pode acontecer entre amantes apaixonados ou entre adolescentes esfomeados em alguma estação de metrô, sem a menor cerimônia. Beijo tem urgência, tem poesia, tem presença. E às vezes tem salvação.

Beijos salvam dias ruins. Beijos aliviam. Beijos reconectam. De bitocas nas crianças aos beijões de cinema, cada beijo conta uma história. E se a frequência de beijos anda minguando no seu relacionamento, talvez seja hora de olhar com carinho para a qualidade da conexão que vocês estão construindo.

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Ah, e se você beijou alguém por quem estava cheio de vontade — e não sentiu absolutamente nada — não se culpe. Pode ser só o seu corpo, esse sábio silencioso, dizendo com jeitinho: "essa pessoa não é para você".

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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