Belíssimo teaser de 'Superman' sugere caminho ousado (sério!) para nova DC
Quando "Superman - O Filme" estreou em 1978, a grande novidade estava escrita no pôster: "Você vai acreditar que o homem pode voar". O teaser do novo "Superman", aventura que James Gunn prepara para o ano que vem, chega com a mesma fatia de esperança: o diretor quer que o público volte a se deslubrar com o super-herói no cinema.
É uma tarefa complicada, especialmente depois de uma década de filmes com os heróis da DC que se equivocaram profundamente sobre o que eles representavam. No caso particular de "O Homem de Aço", o herói era mostrado como um sujeito soturno, assolado pela dúvida de seu papel como símbolo de esperança. Um Superman de cores escuras e atitudes sombrias.
Tudo isso, claro, ficou no passado. Desde que assumiu a gerência da DC Films, James Gunn traçou algumas regras que lentamente começam a ser reveladas. Seu "Superman" não é um filme de origem, traz o herói ao lado de outros vigilantes fantasiados em meio a uma crise global e não tem medo de abraçar as características mais fantasiosas, mais bobas e juvenis, do personagem.

Claro que este é um primeiro teaser. Sua função não é revelar a trama e, sim, o tom que Gunn busca imprimir à história: ação vertiginosa e espetáculo cinematográfico entrecortados por momentos em que o herói revela sua humanidade. É a mesma estrutura que o diretor trouxe à trilogia "Guardiões da Galáxia", pendendo menos para o humor e mais para o romance e a aventura.
O traço mais assertivo, contudo, é a adoção das raízes do Superman nos quadrinhos como parte da construção desse novo filme. É uma decisão ousada, já que o cinema nunca mostrou um Homem de Aço como nos gibis.
Os quadrinhos do Superman sempre foram uma mistura bem calibrada de aventura e ficção científica, com ameaças espaciais, seres interdimensionais e uma coleção de coadjuvantes incomuns. É a Legião dos Super-Heróis do século 30! O androide assassino Brainiac! A sereia Lori Lemaris! Bizarro, sua cópia torta de uma Terra paralela!
Nada disso, porém, fez parte de suas versões em tela grande. Richard Donner, em uma época em que o próprio cinema se reinventava, acertadamente fez de seu trabalho clássico uma história de amor. Quando Bryan Singer assumiu a tarefa de recuperar o herói para o novo século, transformou "Superman - O Retorno" em mera continuação do filme de Donner. Já Zack Snyder achava que todo personagem da DC era o Batman.

O jogo agora mudou. Em pouco mais de dois minutos, "Superman" (interpretado por David Corensweat) revela um mundo habitado por outros heróis —Mulher-Gavião, Guy Gardner como o Lanterna Verde, Metamorfo, o enigmático Senhor Incrível—, exibe Nicholas Hoult como a nova face de Lex Luthor, mostra o Planeta Diário e sua equipe, Lois Lane (Rachel Brosnahan) à frente. É um mundo colorido e vibrante que acha espaço para colocar em cena Krypto, o Supercão! Já quero a pelúcia!
"Superman" é o ponto de partida no novo universo DC no cinema, e a responsabilidade é imensa. Gunn, ao lado de seu parceiro na produção, Peter Safran, tem sido meticuloso com os projetos que entram na linha de montagem. Além dessa aventura do Último Filho de Krypton, que chega aos cinemas em julho do ano que vem, eles têm "Supergirl", "Cara de Barro" (um vilão do Batman, com roteiro de Mike Flanagan) e, fora dessa linha cronológica, um segundo "Batman" com Robert Pattinson sob o capuz.
Ainda assim, Gunn deixou claro que a estrutura dessa nova DC não será um espelho da Marvel, em que os filmes são construídos em torno de uma grande saga. Embora sejam parte da mesma tapeçaria, cada filme da nova DC será independente, uma abordagem mais parecida com a forma que a série "Star Wars" é tratada.

Ou seja, "Superman" não será celeiro de pistas para alimentar a especulação dos fãs mais exaltados e pode ser saboreado sem a necessidade de uma bula. É um ponto de partida bacana para novos fãs e também uma celebração para a velha guarda. Não é à toa que Gunn usou no teaser uma versão modernizada do tema clássico criado por John Williams para o filme de 1978.
Nos últimos anos, filmes de super-heróis se tornaram um gênero com méritos e características próprias e experimentaram do auge criativo à fadiga da exposição exagerada. Eles fazem parte do DNA da indústria e, ao contrário do que aconteceu diversas vezes no passado, não vão desaparecer. O que eles precisam, no caso, é se renovar.
"Superman" se avizinha com essa promessa: fazer com que o comum volte a parecer novidade. Como "Homem-Aranha" em 2002, ou mesmo "Batman" em 1989, ele sinaliza um renascimento para os filmes de super-heróis. O gênero precisa recuperar o fôlego. "Superman" parece o remédio certo na hora certa. Tudo para fazer você acreditar mais uma vez.
33 comentários
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Victor Hugo Miguelon Ribeiro Canuto
Sensacional!
Fábio Camilo Reis
A DC tem os melhores personagens para filmes e tentaram reinventar a roda todas as vezes, James Gunn tem a habilidade de não enterrar as características das personagens que as tornaram eternas ele consegue realça-las. Não tem a arrogância de impor a "sua visão" sobre o herói mas de mostrar o que os fizeram tão amados nos quadrinhos.
Rodrigo Leal da Veiga
O sucesso mundial e estrondoso de Superman, se deve ao talento incontestável de Christopher Reeve, que estudou na reconhecida Cornell University e também na aclamada Juilliard School, estreiou na Broadway em 1976. Comprometido com a imagem de ator sério, carregou cursos invejáveis e tinha uma única preocupação ao aceitar o papel de Superman de 1978, que o personagem e a história tivessem peso, que o personagem fosse real, com carga dramática, algo que só um grande ator poderia proporcionar. O Christopher deu humanidade para um personagem de lycra azul com cueca vermelha por cima, uma capa, fez ele ainda mais poderoso.