Roberto Sadovski

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Reportagem

Ben Affleck em 'O Contador 2': 'Questões morais podem ser escolhas falsas'

Lançado em 2016, o thriller "O Contador" se revelou um filme de ação decente e descartável, emperrando a perspectiva de iniciar uma série encabeçada por Ben Affleck. A surpresa do diretor Gavin O'Connor recuperar o astro nesta continuação, que chega quase uma década, tem um bônus: "O Contador 2" supera seu antecessor com folga em todos os aspectos.

Affleck é Christian Wolff, autista treinado por seu pai em artes marciais que se torna contador de inúmeras organizações criminosas - ao passo que seu irmão, Braxton (Jon Bernthal), também com treinamento intenso, torna-se assassino de aluguel. Quando uma figura do passado de Wolff é assassinada, ele é procurado por uma agente federal para solucionar o crime - o que revela uma operação de tráfico humano.

"Eu queria muito voltar a trabalhar com Jon e explorar melhor a relação de nossos personagens", conta Affleck. "Quando vi a estrutura que Gavin e (o roteirista) Bill Dubuque arquitetaram, ficou óbvio para mim que eu teria de fazer o filme." Ao contrário da produção original, contudo, o astro entrou no projeto também como produtor por meio de sua empresa, a Artists Equity, ajudando a manter a visão do diretor para o projeto.

Jon Bernthal e Ben Affleck em 'O Contador 2'
Jon Bernthal e Ben Affleck em 'O Contador 2' Imagem: Warner

"Nossa filosofia é prover liberdade, controle e senso de autoria para o cineasta", continua Affleck, esmiuçando a produtora que ele iniciou ao lado do amigo Matt Damon. "Essas pessoas trazem sua paixão ao projeto, então damos espaço para que eles tenham controle criativo sem passar por um comitê, com a liberdade de usar o orçamento como achar melhor."

Ao contrário de outros filmes produzidos pela Artists Equity, como o recente "Pequenas Coisas Como Estas", projeto de Cillian Murphy, "O Contador 2" está alocado em um grande estúdio, no caso a MGM/Amazon. "Fazemos menos filmes do que os grandes estúdios", explica. "Então dedicamos mais tempo às necessidades de cada projeto, além de garantir a nosso parceiro de produção que, se o filme passar do orçamento, cobrimos o excedente, se precisar de refilmagens, pagaremos por ela."

Affleck explica que essa abordagem deixa os cineastas mais seguros e também mais envolvidos, participando de decisões orçamentárias, o que habitualmente produtores blindam de seus artistas. "Confiamos muito nos cineastas e é um modelo que tem funcionado muito bem", diz. "O artista tem voz, assim como o estúdio parceiro. No caso desse filme, a primeira vez que vi uma versão achei que já estava excelente e que poderia ser lançado daquele jeito. É um final do tipo 'felizes para sempre'."

Ben Affleck e Jon Bernthal falam com Splash sobre 'O Contador 2'
Ben Affleck e Jon Bernthal falam com Splash sobre 'O Contador 2' Imagem: Reprodução
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Confiança e um ambiente de respeito foram fatores fundamentais para manter o equilíbrio narrativo entre uma história que aborda temas pesados e as necessidades de um filme de entretenimento. "O assunto foi amplamente pesquisado por Gavin e Bill, não foi abordado às cegas", ressalta Jon Bernthal. "Além disso, Não era o caso de fazer uma continuação porque o primeiro filme foi bem-sucedido, não é violência pela violência."

A abordagem da violência e suas consequências foi uma questão calibrada cuidadosamente no roteiro. Especialmente quando os protagonistas não se furtam em turvar seu código moral em nome da justiça. "Há muitas questões morais espinhosas, e é preciso examinar caso a caso", reflete Affleck. "Geralmente elas se revelam como escolhas falsas, na ideia de que algo imoral tenha de ser feito pelo bem maior." O astro pondera e conclui: "Se você analisar melhor a definição de bem maior ou o quão profundo o ato imoral seria, termina com uma percepção mais ampla que pode levar a uma resposta".

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