Como presidente do Corinthians tenta se defender de pedido de impeachment?

Bom desempenho no futebol, articulações políticas, apoio da Gaviões da Fiel e o discurso de que não tem ligação com a intermediação do contrato com a Vai de Bet . Esses são os pilares de Augusto Melo na tentativa de evitar que o pedido de impeachment contra ele seja aprovado pelo Conselho Deliberativo (CD).
O órgão se reúne nesta segunda (20) para votar sobre o afastamento do presidente do Corinthians. O voto será secreto.
Caso a maioria opte pelo afastamento, o impeachment será submetido ao voto dos associados. Até lá, Osmar Stabile, primeiro vice-presidente, ficaria no cargo.
Sendo confirmado o impeachment pelos sócios, o novo presidente seria escolhido pelo CD. Vale lembrar que outro pedido de processo de destituição foi feito pelo Cori (Conselho de Orientação). Ele não entra na pauta da reunião programada para esta segunda.
Defesa
A votação testará as articulações feitas pelo dirigente com conselheiros. Ele tentou ganhar apoio de quem estava do outro lado ou indeciso. O cartola também atuou para evitar novas dissidências.
Desde o final do ano passado, Augusto se aproximou de conselheiros. Numa das ações, ele recebeu os membros do Conselho Deliberativo no CT do clube para apresentar o elenco alvinegro para 2025.
Todos os conselheiros foram convidados, mas a maioria dos presentes era da situação. Augusto nega que tenha sido um evento político.
Em tese, o bom desempenho da equipe corintiana desde a reta final do Brasileirão do ano passado ajuda na tentativa de Augusto de se manter no cargo.
No Parque São Jorge, tradicionalmente, o rendimento do futebol tem peso no Conselho.
"Se tiver um impeachment na segunda-feira, o Corinthians entra em um colapso", disse Augusto em entrevista no último domingo.
O presidente argumenta que é vítima de um golpe. As falas mais recentes do dirigente indicam que sua defesa no CD vai passar pelo argumento de que ele não tem nada a ver com o pagamento de comissão no contrato com a Vai de Bet.
O caso virou escândalo policial e é um dos principais pontos usados pela oposição para dizer que Augusto desrespeitou o estatuto e precisa ser afastado. "Querem julgar uma pessoa que nada tem a ver com a história", diz o presidente.
Em entrevista ao "Fantástico", o dirigente disse: "A minha parte é negociar [os valores do patrocínio] e daí para frente fica pelos órgãos competentes do clube que analisam tudo".
Os conselheiros que chegarem ao Parque São Jorge para participar da reunião devem se deparar com uma manifestação da Gaviões da Fiel contra o impeachment.
Oposição
Por sua vez, os opositores apostam que recentes revelações no inquérito policial sobre os desdobramentos do pagamento de comissão pela intermediação do patrocínio com a Vai de Bet desgastem mais o presidente na votação.
A oposição vê como devastador o depoimento do CEO da Vai de Bet, José André da Rocha Neto, revelado pelo UOL. Ele diz que não teve contato com Alex Cassundé, dono da Rede Social Media Design, apontada como intermediadora do contrato. A empresa receberia R$ 25,2 milhões do Corinthians pela negociação.
Outros detalhes da investigação apresentados em reportagem exibida no "Fantástico", no último domingo, também são usados como munição pela oposição.
Sobre Augusto dizer que não se envolveu com o pagamento de comissão, opositores sustentam que no início do caso ele ignorou algumas recomendações para tomar providências.
Armando Mendonça, segundo vice-presidente, aponta que levou para Augusto indícios de que a Rede Social Media Design transferiu dinheiro para uma empresa de fachada, após receber parte do pagamento devido pelo clube. Segundo ele, o presidente não iniciou uma investigação interna sobre o tema naquele momento.
Por sua vez, Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico, e Fernando Perino, que era seu adjunto, sugeriram em maio do ano passado medidas que não foram tomadas. Em seguida, eles entregaram seus cargos.
Entre as sugestões estava a aplicação de licença ao diretor administrativo Marcelo Mariano, até a conclusão do inquérito policial. Ele é apontado como quem autorizou pagamento para a Rede Social Media Design. Na semana passada, Mariano pediu afastamento. Segundo nota divulgada pelo clube, o ex-diretor tomou a decisão para que a gestão consiga trabalhar de forma pacífica.
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