Cruzeiro cria mascote exclusiva para o futebol feminino; qual o peso disso?

Não é apenas uma figura feminina sendo criada para representar um time. Estamos falando da individualidade e da unicidade da mulher sendo reconhecida. A ícone feminina não acompanha mais o símbolo masculino. Ela é independente e representa o futebol feminino que não mais segue o masculino, mas que tem caraterísticas próprias.
Esse é o peso que sinto com a criação da mascote da equipe feminina do Cruzeiro, a Raposa Cabulosa, anunciada nesta semana pelo clube. Em um evento, na Toca da Raposa 2, o time celeste apresentou as jogadoras para a temporada de 2025 e também anunciou a criação da nova talismã.
O Cruzeiro não é pioneiro na criação da representante feminina, mas acredito que o significado da figura da mulher dentro de um clube é diferente hoje. Ela não é uma peça ou uma parte. É sim reconhecida como um todo. Talvez o Santos, pelo tradicionalismo, tenha sido pioneiro com as Sereias da Vila, com símbolo de uma sereia.
Já outros times até trouxeram a figura da mulher, mas em um contexto ainda muito coadjuvante. Em 2014, o Bahia inovou e apresentou a "Lindona", personagem inspirada na Mulher-Maravilha, acompanhando o Super-Homem criado por Ziraldo em 1979, que homenageava o apelido "Tricolor de Aço".
Já em 2020, o Náutico lançou dois mascotes no Dia Internacional da Mulher: o "Timbu de Chernobyl" e sua companheira, que desde então participa dos jogos nos Aflitos. Em 2022, o Fortaleza apresentou a leoa Stella, irmã do mascote Juba, cujo nome remete ao clube que originou o Fortaleza Esporte Clube. Outros brasileiros, como Remo, Chapecoense e Sport, também contam com duplas de mascotes inspirados em personagens femininas.
É interessante que o olhar para a mulher venha mudando e se abrindo para que o foco seja hoje no que ela realmente é. Não cabe mais apenas ter uma figura para "ficar ao lado" e para ser vista, é necessário um símbolo que mostre individualidade e se identifique com quem está em campo e nas arquibancadas; com aquelas que realmente vivem o futebol.
Vale ressaltar que conforme a última pesquisa de torcida feita pelo Datafolha, cerca de 75% das mulheres brasileiras têm um clube de futebol favorito. Com base na estimativa populacional mais recente do IBGE, atualizada em julho de 2024, o Brasil possui 109,43 milhões de mulheres, representando 51,48% da população nacional. Ao cruzar esses números com os dados do levantamento, o total de torcedoras potenciais chega a 82,07 milhões. Portanto, o lugar delas também é no campo de futebol e onde mais quiserem. Elas precisam ser reconhecidas nesse ambiente e se sentirem verdadeiramente identificadas.
Ter uma mascote hoje é muito mais do que ter uma figura feminina no gramado para "representar', é entender que as mulheres são particulares e que o futebol feminino e para as mulheres é uma realidade consolidada, própria e que precisa ser respeitada. Basta saber agora como o exemplo fora das quatro linhas será seguido internamente no clube celeste e demais equipes em investimento e em importância para modalidade. Entretanto, até agora, golaço!
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