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O documento que fundamentou o afastamento de Ednaldo Rodrigues da CBF envolve a assinatura do Coronel Nunes, um dos ex-vice-presidentes da entidade. O problema é que, aos 86 anos, ele sofre com um câncer no cérebro e um laudo médico afirma que ele sofreu déficit cognitivo em 2023.
Entenda a suspeita de fraude
O relatório em questão foi elaborado pelo médico Jorge Pagura, que atua como presidente da comissão médica da CBF. Em 2023, o dirigente passou por uma delicada cirurgia no cérebro sob supervisão do profissional.

Quando Nunes precisou de documentos para interromper descontos de pensão em sua aposentadoria, usou o laudo de Pagura.
O documento falava em "déficit cognitivo" e foi anexado a um processo na Justiça do Pará — que não estava sob segredo de Justiça.
Quando a oposição colocou as mãos no laudo, começou a maquinar uma maneira de usá-lo contra Ednaldo Rodrigues.
A oportunidade nasceu dois anos depois.
O atual afastamento de Ednaldo foi causado pela anulação de um acordo protocolado no STF no início de 2025. Nele os vice-presidentes da CBF reconheciam a validade da eleição do dirigente em 2022. Todos os vices assinaram, supostamente. Incluindo o coronel.
A oposição juntou as peças: o laudo que relatava os problemas do coronel Nunes em 2023 e uma assinatura do mesmo personagem dois anos depois.
Pediram, então, em parecer técnico de uma perita para avaliar a assinatura. Esse análise, contratada pelo vereador carioca Marcos Dias (Podemos), apontou "impossibilidade de vinculação do punho" a Nunes — em outras palavras, não conseguiu confirmar que a assinatura do documento foi feita pelo coronel.
O laudo pontua "divergências em relação aos padrões apresentados, conforme demonstrado no exame, bem como, ressaltando a fragilidade do documento questionado, em razão da ausência de grampeamento/fixação de folhas e ausência de rubricas".
Um ponto chama a atenção: a empresa contratada para fazer o laudo já teve trabalhos contestados, como no uso de um vídeo para acusar o padre Julio Lancelotti de pedofilia e na discussão sobre documentos que geraram uma dívida na casa de R$ 1 milhão para a apresentadora Ana Hickmann.

A CBF contestou as acusações, mas Nunes não compareceu à audiência na qual poderia esclarecer toda a história e colocar um ponto final na polêmica.
Segundo o advogado do caso, a família informou que ele não tinha condições de saúde de estar na audiência. E olha que o desembargador ofereceu a possibilidade de fazer por videoconferência. A filha mencionou que Nunes estava em um hospital em São Paulo.
A Justiça não desvendou completamente se houve fraude ou não. Mas levou em conta a suspeita e juntou a isso a má condição de saúde para cancelar o fatídico acordo de janeiro.
O desfecho foi o afastamento de Ednaldo, em decisão tomada pela Justiça do Rio. A sentença veio a partir do desembargador Gabriel Zefiro.
E agora?
Quem fica no comando da CBF com a missão de convocar eleições é o vice-presidente Fernando Sarney. Ele foi um dos que entraram com petições na Justiça durante as últimas semanas para tirar Ednaldo do poder.
Segundo Sarney, o pleito será convocado o mais rápido possível. E ele não quer mexer no acordo com Carlo Ancelotti para treinar a seleção brasileira.

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