Irmãos Williams: juntos no mesmo time, mas em seleções diferentes
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Fui para a Espanha a convite da La Liga e visitei vários pontos. Mas estar na região basca em semana de jogo é especial. No jogo entre Athletic Bilbao e Real Sociedad, um detalhe roubou a cena. Iñaki e Nico Williams, irmãos que jogam bola e não são do mundo do tênis como as xarás famosas, mas que juntos defendem o Bilbao, porém com bandeiras diferentes no peito quando se trata de seleções.

Ambos nasceram na Espanha. Jogam no mesmo clube. São ídolos da mesma torcida. Mas escolheram caminhos distintos quando o assunto é seleção. Iñaki representa Gana, terra dos pais. Nico escolheu defender a Espanha. E isso diz muito mais do que parece.
Em casa, a família torce por dois países. Uma escolha que carrega ancestralidade, pertencimento, identidade. "Foi uma decisão do coração", disse Iñaki certa vez. E Nico reforçou: "Temos orgulho de tudo o que somos".
A história dos irmãos Williams transcende o futebol. Fala sobre migração, raízes e pertencimento. Fala sobre ser plural. Sobre como o esporte também é um lugar para discutir identidade e escolhas. E fala, claro, sobre amor pelo jogo, pela origem e pela família.
Em campo, talento dos dois. Fora dele, uma narrativa que inspira e emociona.
O próprio time que os gêmeos defendem, o Athletic Bilbao, já carrega uma divisão em suas raízes, pois só aceita jogadores com descendência basca. O "País Basco" é uma região geográfica e cultural, não um país independente, localizada no nordeste da Espanha. É reconhecido como uma Comunidade Autônoma dentro da Espanha, com certa autonomia, mas não soberania. Na coluna também há espaço para cultura e geopolítica, muito além do futebol.
No fim, deixei o estádio com aprendizados e uma observação. Numa semana em que o futebol viveu tantas lições, essa foi mais uma: a bola pode unir até mesmo quando o escudo e a bandeira são diferentes.
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