Quando o apito soa na mente e não no campo
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Tite não voltou. Estava tudo pronto: malas feitas, família mobilizada, planos traçados. O Corinthians o esperava. A torcida, também. Mas na última curva do caminho, ele parou. Respirou fundo. E disse: "Não dá".
A recusa do treinador em reassumir o comando do Timão escancarou algo que, no futebol, ainda parece tabu para muitos torcedores: a saúde mental. Tite sofreu uma crise de ansiedade na véspera do anúncio e, com o apoio da família, decidiu pausar a carreira por tempo indeterminado.

É curioso como a força no futebol quase sempre é medida por músculos e resultados. Quem vence é forte. Quem perde, fraco. Mas o que dizer de quem reconhece suas próprias fragilidades antes que elas transbordem? Não é essa, também, uma forma de força?
O desabafo da nora de Tite, Fernanda Silva Bachi, nas redes sociais, foi um dos momentos marcantes dessa história. Ela falou sobre o sonho do marido, Matheus Bachi, e o peso de lidar com a dor do sogro. Era um grito silencioso sobre o que muitas famílias de profissionais do esporte vivem nos bastidores: ansiedade, cobrança, burnout, medo.
Tite não está sozinho.
Richarlison, atacante da seleção brasileira, foi às lágrimas em campo e depois revelou que enfrentava problemas emocionais sérios. Disse que buscaria ajuda psicológica. Lyanco, zagueiro brasileiro, também já falou abertamente sobre sua luta contra a depressão. Assim como Bojan Krkić, ex-Barcelona, que teve crises de ansiedade ainda muito jovem, quando era apontado como "o novo Messi".
O futebol, com toda a sua beleza e paixão, pode ser um ambiente cruel. Exige mais do que o corpo. Exige da mente, da alma. E raramente oferece espaço seguro para que atletas e técnicos digam: "Não estou bem".
Tite disse. E ao dizer, abriu um caminho de coragem.
Que sua decisão inspire clubes, torcidas e dirigentes a olharem para o ser humano por trás do uniforme. Antes de técnico, atacante, zagueiro ou craque, existe um coração que pulsa. E, às vezes, precisa parar para um respiro mais profundo.
Não por fraqueza. Mas por sobrevivência.
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