FIA aperta regra e palavrões podem render suspensão e perda de pontos na F1
Os pilotos da Fórmula 1 pediram para serem "tratados como adultos" em uma carta aberta ao presidente da Federação Internacional de Automobilismo, Mohammad ben Sulayem, no final do ano passado, em uma queda de braço que incluía vários assuntos, dentre eles a punição que Max Verstappen recebeu por falar um palavrão em uma entrevista coletiva. E receberam a resposta da entidade agora: um Código Esportivo atualizado, e com punições severas, como suspensões e perda de pontos no campeonato, para quem não cuidar das palavras usadas.
A FIA já tinha um "código de boa conduta" em seus livros de regras, que servem para todas as categorias que têm o ‘selo’ da entidade, mas agora as punições possíveis estão colocadas de maneira clara: um piloto da Fórmula 1 que usar "palavras que causem injúria moral ou perda para a FIA ou seus membros" terá que pagar 40 mil euros (quase 250 mil reais) de multa. "O uso geral de linguagem ofensiva, insultuosa, grosseira, rude ou abusiva" será punido da mesma forma.
Isso, se o piloto não for reincidente. Duas palavras consideradas injuriosas resultam em 80 mil euros de multa e uma suspensão com efeito suspensivo, ou seja, que não precisa ser cumprida. Na terceira vez, o piloto é suspenso por um mês e perde pontos no campeonato.
O mesmo tipo de pena pode ser aplicado para quem violar o princípio de neutralidade da FIA, ou seja, os pilotos não podem expressar opiniões políticas ou religiosas. E se o piloto "não cumprir com as instruções dadas pela FIA sobre a participação de pessoas durante cerimônias oficiais" ele também corre o risco de suspensão.
Mas não dá para excluir a possibilidade de um piloto levar uma punição pesada logo de cara, porque as diretrizes também afirmam que os comissários da FIA "têm autoridade para decidir qual penalidade aplicar" e "mantêm o poder discricionário de levar em consideração quaisquer circunstâncias atenuantes e/ou agravantes, bem como a natureza e o local do evento".
As novas diretrizes são uma demonstração clara de poder de Sulayem, que recentemente conseguiu passar - com 75% dos votos a favor - uma série de mudanças que limitam como o órgão pode ser responsabilizado por má governança.
Quaisquer reclamações éticas serão analisadas pelo presidente da FIA e pelo presidente do seu senado, e não pelo próprio senado, como era antigamente. Isso também diminui o poder do comitê de auditoria de investigar questões financeiras de forma independente. Essa votação aconteceu cerca de duas semanas depois que uma matéria do jornal britânico The Times detalhou como os gastos do presidente vinham sendo questionados internamente pelos auditores.
Sulayem está em ano de campanha. Seu mandato vai até o final deste ano, e até o momento ele é o candidato único à reeleição. E, a julgar pela facilidade com a qual passou as mudanças no sistema de conformidade da FIA, será difícil enfrentá-lo.
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