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Hamilton vê tentativas de aumentar crises na Ferrari e busca blindar o time

Era de se esperar que, qualquer que fosse o resultado da parceria entre Lewis Hamilton e a Ferrari, ele seria notícia. Afinal, são os dois maiores nomes da F1 fora da bolha do esporte.

O início não tem sido fácil, e Hamilton é só o sétimo colocado no campeonato. Como se não bastassem os problemas reais, o próprio piloto já está demonstrando certa irritação com tudo o que é inventado sobre a equipe.

Foi por sentir essa irritação em várias declarações desde o início do ano que perguntei para Hamilton, ainda na quinta-feira anterior do GP da Arábia Saudita, se mesmo alguém como ele, acostumado a estar sob os holofotes, via que "as pessoas tentam criar crises em tudo o que cerca a Ferrari e sua presença na equipe amplifica isso".

"Sim", respondeu Hamilton com longa pausa. "Por um lado, era de se esperar. É a maior equipe da história da Fórmula 1. E é realmente bem especial. Há mais cliques, há mais matérias escritas sobre ela. E as pessoas têm opiniões. E as coisas não têm sido um mar de rosas. Então, acho que, sob a minha perspectiva, você não pode trabalhar com uma equipe e mudar as coisas da noite para o dia. E temos passado esse tempo nos conhecendo de verdade."

Hamilton prosseguiu dizendo que há mudanças a curto prazo que eles farão juntos, e outras que serão feitas a longo prazo, "mantendo toda a grandiosidade" do time ao mesmo tempo em que ele se torna mais forte.

Há tantas coisas boas dentro desta equipe. Queremos aproveitar a energia e a paixão que há dentro da equipe. E também temos que proteger a equipe. Porque os holofotes estão mais voltados para esta equipe do que para qualquer outra. E todos nesta equipe realmente se dedicam de corpo e alma. Estamos juntos nessa montanha-russa, subindo e descendo. E não tenho dúvidas de que chegaremos onde planejamos. Só vai levar tempo

O quanto do problema é o piloto e o quanto é o carro?

Dá para perceber o quanto Hamilton sente que esses ruídos extremos podem abalar a confiança da equipe em seu desenvolvimento e também sua posição dentro da Ferrari.

Quem toma as decisões da companhia não está muito interessado em saída de traseira na entrada de curva e saída de frente no meio, características desse carro ferrarista que só aumentaram com um problema fundamental do novo projeto, que ficou claro na desclassificação do próprio Hamilton na China.

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A Ferrari usa uma caixa de câmbio posicionada mais para trás no carro e mais baixa, e a interação entre ela, o difusor e o assoalho, que era pensada para que o carro pudesse usar acertos mais macios de suspensão, acaba fazendo com que o carro fique baixo demais, desgastando a prancha que determina a altura mínima do carro.

Desde que o problema foi descoberto, justamente com a desclassificação por uso excessivo da prancha, suas performances caíram muito em relação a Leclerc, o que tem a ver com o acerto que tem sido usado para remediar isso.

Novamente: essa é uma preocupação do departamento técnico, enquanto Hamilton tenta blindar a equipe, assumindo totalmente a culpa, para tentar salvar o projeto e tirar a pressão de quem pode trabalhar para que ele volte a ter um bom desempenho. Enquanto seu chefe, Fred Vasseur, dribla as perguntas negativas e diz que apoia Hamilton em "2000%".

O francês revelou ainda que a Ferrari trará um novo pacote que pode ajudar nessa situação no GP da Emilia Romagna, sétima etapa do circuito.

Em Miami, resta a Hamilton acreditar que seja possível fazer um acerto mais natural pelo menos para a sprint, pois o carro fica o tempo todo mais leve e essa questão da altura não aparece tanto. Foi assim, aliás, que ele conseguiu vencer na China.

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