G20 precisa de ação urgente para garantir crescimento verde, diz relatório

O crescimento verde é possível, mas os países do G20 precisam agir com urgência para promover a transição para uma economia de baixo carbono e limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900).

E isso precisa ser feito por meio de estratégias industriais verdes ambiciosas, de novas abordagens para governança global que priorizem a equidade e de políticas financeiras verdes orientadas em torno das NDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas), documentos que oficializam a contribuição de cada país para o sucesso do Acordo de Paris.

É o que indica o relatório independente "A Green and Just Planet" (em tradução literal, "Um Planeta Verde e Justo"), da Força-Tarefa para uma Mobilização Global contra a Mudança do Clima do G20, divulgado nesta quarta-feira (23), a menos de um mês da COP29, que ocorrerá em Baku, capital do Azerbaijão, e da Cúpula dos Líderes do G20 no Rio de Janeiro.

De acordo com o relatório, as nações de renda mais alta e com maior responsabilidade pelas emissões históricas de gases de efeito estufa (GEE) devem assumir um papel de liderança no financiamento necessário para essas estratégias.

"A crise climática é o resultado direto de como as políticas econômicas e financeiras foram projetadas tanto em nível doméstico quanto global", lembra o documento elaborado por 12 especialistas independentes em desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, economia e finanças.

O grupo é coordenado pela italiana Mariana Mazzucato, professora de Economia da Inovação e Valor Público na University College London e diretora fundadora do Instituto de Inovação e Propósito Público da UCL, e pela camaronesa Vera Songwe, fundadora e presidente do Conselho do Mecanismo de Liquidez e Sustentabilidade e membro sênior não residente da Brookings Institution (EUA).

"Os modelos dominantes de crescimento econômico e desenvolvimento colocaram o mundo em um caminho insustentável, com graves consequências humanas, planetárias e econômicas", afirma o relatório.

Papel e responsabilidade

Responsáveis por 80% das emissões globais de GEE, os estados do G20 emitiram 57,4 GtCO2e (gigatoneladas de CO2 equivalente) em 2022. Para atingir a meta do Acordo de Paris, esse número deve ser reduzido a menos da metade (mais especificamente 27 GtCO2eq) até 2030.

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Embora, de acordo com o relatório, essas nações devam atuar proporcionalmente à sua responsabilidade, assumindo um papel de liderança no fornecimento do financiamento necessário para concretizar novos caminhos de desenvolvimento, só dinheiro não é o suficiente. É preciso que se promova um alinhamento entre sistemas financeiros e estratégias industriais com as metas climáticas, fortalecendo a governança global de ambos para priorizar a equidade global.

Entre as recomendações está a adoção de estratégias industriais verdes orientadas em torno das NDCs (metas e compromissos de redução de emissões assumidos por cada signatário do Acordo de Paris). Isso inclui redesenhar as principais estruturas, ferramentas e instituições governamentais para apoiar sua implementação e garantir uma colaboração alinhada entre os setores público e privado, com o compartilhamento de riscos e recompensas.

"Vitalmente, os países do G20 devem liderar o caminho na criação de novas estruturas de governança global equitativas, na ampliação de compromissos com tecnologia verde equitativa e transferência de conhecimento, e na construção de capacidade de fabricação distribuída para garantir que todos os países possam concretizar o potencial da estratégia industrial verde."

Sem isso, o desenvolvimento econômico continuará a exceder os limites planetários, alerta o relatório.

Outra indicação é a promoção de uma estrutura financeira global que seja justa e acessível. "Embora todos os países do G20 tenham a responsabilidade de fazer essa mudança e, de fato, se beneficiem dela, está claro que nem todos os países — dentro e fora do G20 — têm espaço fiscal para investir em crescimento verde."

Isso envolve a capacitação de bancos nacionais de desenvolvimento para fornecer capital de longo prazo a custos mais baixos para países de baixa e média renda; incentivo a plataformas de países para direcionamento do financiamento para objetivos climáticos compartilhados; e medidas para garantir que as políticas dos bancos centrais mitiguem riscos financeiros relacionados ao clima e promovam as condições para mobilizar o financiamento do setor privado em direção a investimentos verdes.

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"Sem um forte compromisso do G20 em perseguir essas metas, o mundo até 23 de outubro de 2024 continuará em uma trajetória insustentável com graves impactos nas gerações futuras", alerta o documento.

6 comentários

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Arthur Eduardo Freitas Heinrich

Todas as formas de geração de energia são responsáveis por emissão de CO2, seja ela direta ou indireta. A solar e eólica depende de desmatamento. A hidrelétrica gera desmatamento. Querem fazer algo de bom, construam mais usinas nucleares. Funcionam 24x7, não estão sujeitas às variações atmosféricas e ocupam pouco espaço. Mas temos que lembrar que, sem CO2 na atmosfera não há comida.

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Luis Henrique Waack Bambace

Não tem como dar tempo de mudar todo um sistema baseado em energia extraída de combustíveis fosseis. precisa urgentemente se arrecadar dinheiro para executar medidas que baixem a temperatura. 2 coisas são possíveis. 1 Sequestrar o CO2  transformando em gelo e guardá-lo no fundo do mar. 2 Refletir a luz solar onde ela não por necessária, com espelhos e ou pintando de branco que é o mais reflexivo. Proteger com mantas térmicas o gelo dos polos e geleiras. Pintar de branco o mais rápido possível as rochas negras que estão surgindo com o derretimento do gelo o que está obviamente acelerando esse degelo. Reservatórios de água como represas e acudes devem  ser cobertos com espelhos flutuantes, o que além de devolver boa parte da luz ao espaço, antes que ela vire calor, também diminuirá a evaporação fazendo a reserva durar por mais tempo. Além de amenizar o problema e ganhar tempo, são ações que aumentariam a atividade econômica gerando empregos.

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