Novo papa tem histórico de defesa do meio ambiente; ambientalistas celebram
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O papa Leão 14, eleito hoje no Vaticano, chega ao posto de líder da Igreja Católica com uma reputação consolidada de defensor da justiça social, dos direitos humanos e do meio ambiente.
Em novembro passado, durante um seminário em Roma, o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost destacou que a humanidade precisa passar "das palavras à ação" frente à crise climática. Prevost alertou para os riscos do uso desenfreado da tecnologia e reforçou o compromisso da Santa Sé com a preservação ambiental, lembrando iniciativas como a instalação de painéis solares no Vaticano e a adoção de veículos elétricos. "O domínio sobre a natureza não deve ser tirânico, mas uma relação de reciprocidade", declarou.
El Planeta nos necesita. Marcha organizada hoy en Chiclayo. pic.twitter.com/qH8kiY63le
-- Robert Prevost (@drprevost) November 8, 2015
A escolha de Prevost empolgou líderes climáticos e religiosos ao redor do mundo. Lorna Gold, diretora executiva do Movimento Laudato Si', afirmou que sua eleição representa um "tempo de unidade e ação corajosa" e ressaltou sua ligação com os ensinamentos sociais do papa Leão 13, autor da encíclica Rerum Novarum.
Como alguém que serviu comunidades no Peru e clamou por justiça climática, esperamos com entusiasmo sua liderança neste momento crítico. Junto com líderes comunitários, bispos, religiosos e religiosas e padres com quem colaboramos diariamente, seguiremos trilhando o caminho rumo à justiça climática e ecológica. Lorna Gold, diretora executiva do Movimento Laudato Si'
A brasileira Ana Toni, CEO da COP30, celebrou a eleição e expressou o desejo de ver Leão 14 em Belém, em novembro, durante a conferência climática. "O cardeal Prevost nos convocou a 'passar das palavras à ação', lema também da COP30", disse Toni.
Diante de uma crise climática em níveis sem precedentes, é extremamente encorajador saber que o novo papa Leão 14 parece alinhar-se de perto com o papa Francisco no que diz respeito às mudanças climáticas. O cardeal Robert Prevost nos convocou a 'passar das palavras à ação', que também é o lema da COP30. A Presidência da COP30 espera poder receber o papa Leão 14 em Belém, em novembro, para que possamos alcançar um acordo climático que represente um ponto de virada na criação de um futuro mais próspero, seguro, justo e sustentável. Ana Toni, CEO da COP30
Laurence Tubiana, CEO da Fundação Europeia do Clima e negociadora do Acordo de Paris, espera que o novo papa amplie o trabalho de Francisco, lembrando que, embora a encíclica Laudato Si' tenha sido um marco, os últimos dez anos foram os mais quentes da história.
O papa Francisco foi uma liderança fundamental na questão climática. Suas ações e ensinamentos tiveram um impacto muito positivo na nossa capacidade de negociar o Acordo de Paris em 2015. Mas os 10 anos desde o lançamento da Laudato Si' também foram os 10 anos mais quentes da história. Espero que o papa Leão 14 seja o líder inspirador pela paz e solidariedade que tanto precisamos nestes tempos difíceis, e que amplie os esforços da Igreja Católica para enfrentar a crise climática, mobilizando fiéis, governos e líderes em todo o mundo para proteger a vida em nosso maravilhoso planeta. Laurence Tubiana, CEO da Fundação Europeia do Clima
Manuel Pulgar Vidal, líder global de Clima e Energia do WWF e presidente interino da Comissão de Crise Climática da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), destacou a relevância do papa para enfrentar o avanço do negacionismo climático.
A eleição do papa Leão 14, ex-bispo de Chiclayo, com dupla nacionalidade, personalidade carismática e um sorriso que conecta o povo à Igreja, é uma excelente notícia em um momento difícil para o debate climático, especialmente com o avanço do negacionismo climático e medidas extremas contra o clima vindas dos Estados Unidos. A proximidade de Leão 14 com Francisco é evidente. Seu compromisso se estende não apenas à questão climática, mas também aos pobres e migrantes — o que é muito positivo não só para a Igreja, mas para toda a humanidade. Por ter estado tão próximo de Francisco, ele é alguém que continuará a filosofia da encíclica Laudato Si' e também da exortação apostólica Laudate Deum, lançada pelo papa Francisco pouco antes da COP28, nos Emirados Árabes Unidos. Estou muito confiante de que o debate climático dentro da Igreja será fortalecido. Manuel Pulgar Vidal, líder global de Clima e Energia do WWF
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também enviou suas felicitações. Em mensagem publicada nas redes sociais, Lula desejou que Leão 14 dê continuidade ao legado de Francisco, destacando a defesa da paz, justiça social e meio ambiente.
Quero cumprimentar o cardeal norte-americano Robert Prevost, escolhido hoje para comandar o destino da Igreja Católica, com o nome de Leão XIV.
-- Lula (@LulaOficial) May 8, 2025
Desejo que ele dê continuidade ao legado do Papa Francisco, que teve como principais virtudes a busca incessante pela paz e pela…
Outros líderes, como o presidente colombiano Gustavo Petro, enfatizaram o vínculo do novo papa com a América Latina. Prevost serviu por quase duas décadas no Peru, inclusive como bispo de Chiclayo, no noroeste do país, experiência que moldou seu olhar pastoral para os pobres e os migrantes.
Além da pauta ambiental, especialistas veem sinais de que Leão 14 trará à tona questões ligadas ao trabalho humano e à justiça econômica, inspirado por Leão 13. Francisco Mena, da Universidade Nacional da Costa Rica, avalia que o papa pode reforçar a necessidade de mudar os modelos de produção e consumo, conectando-os à dignidade do trabalho.
A escolha do nome Leão 14 também carrega peso simbólico. Ele remete a Leão 13, autor da primeira encíclica social da Igreja, que estabeleceu as bases da Doutrina Social Católica. Assim, espera-se que o novo papa reforce a defesa dos direitos trabalhistas, da justiça social e da sustentabilidade — um legado que une tradição e urgência contemporânea.
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