Mariana Sgarioni

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'Peças íntimas também podem ser doadas', diz sócia do Grupo HOPE

As roupas íntimas usadas - especialmente as femininas, como calcinhas e sutiãs - são as principais peças que se acumulam nos aterros sanitários formando aquelas montanhas impressionantes de lixo. Como a maioria não é reciclável ou biodegradável, o impacto ambiental é tremendo - estima-se que cada peça demore 200 anos para se decompor.

Esta realidade poderia ser diferente se houvesse a cultura do reaproveitamento da moda íntima, ou seja, a doação de calcinhas e sutiãs limpos e em bom estado.

"Precisamos desmistificar a doação destas peças. Existe um tabu de que doar não é higiênico e que pode transmitir doenças. Isso não é real. Se houver uma higienização, calcinhas e outras peças íntimas podem sim ser aproveitadas por quem precisa e deixar de gerar lixo", afirma Sandra Chayo, sócia-diretora do Grupo HOPE. A empresa lançou a campanha "Doe Esperança", que tem o objetivo de incentivar a doação de calcinhas, sutiãs e pijamas em todas as suas lojas nacionais.

Na entrevista a seguir, a empresária conta um pouco mais sobre a iniciativa.

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Ecoa: Como você idealizou a campanha "Doe Esperança"?

Sandra Chayo: Fiz parte de uma ação de doação de vários itens para a população em situação de rua. No meu carro, estavam as roupas íntimas. Imediatamente muitas mulheres vieram correndo em minha direção pedindo calcinhas. Fizemos uma pesquisa e descobrimos que a primeira necessidade da população que está na rua é água; a segunda são roupas íntimas. Ou seja: este acesso vai além do conforto, é uma questão de dignidade e saúde, e nós precisamos reverter essa situação.

Ecoa: As mulheres sempre estiveram no centro dos negócios da HOPE?

Sandra Chayo: Meu pai fundou a HOPE há 57 anos. Ele era um apaixonado por mulheres, sempre esteve rodeado por elas: tinha 3 filhas, sem contar as irmãs e minha mãe. Na fábrica, a mão-de-obra era majoritariamente feminina. Então, ele dava valor às mulheres. A gente fala que hoje a mulher é a razão de existirmos. Meu pai me dizia: "Moda íntima um dia vai virar moda. Eu não vou saber fazer isso, mas você vai".

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Ecoa: Como você classificaria o seu estilo de liderança?

Sandra Chayo: Fazemos mais de 10 milhões de peças por ano. Impactamos a vida de milhares de pessoas, de famílias. Eu sou consciente desta responsabilidade. Mas tenho um CPF por trás do CNPJ. Ninguém se conecta com uma grande corporação e sim com uma pessoa. Exponho minha vida pessoal, meus valores, porque quero me conectar com clientes, colaboradores, franqueados. Uma empresa reflete os valores pessoais de quem a lidera.

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Processo de demissão pode trazer impactos emocionais, sociais e econômicos
Processo de demissão pode trazer impactos emocionais, sociais e econômicos Imagem: Unsplash

Além do discurso: demissão responsável demonstra ESG na prática

Um dos mais potentes impactos que uma empresa pode ter na sociedade é a demissão de um colaborador. A repercussão vai muito além da vida pessoal daquele indivíduo. Trata-se de um efeito dominó que repercute na família, no bairro, no comércio chegando até mesmo na economia de uma cidade inteira. Se uma demissão tem todo este poder de impacto, parece óbvio que ela deveria ser feita de maneira responsável e incluída na agenda ESG das empresas. Mas não é.

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O processo de demissão é o mais abandonado na gestão de pessoas. "As empresas se esforçam tanto para construir uma marca empregadora bacana, criam uma alta expectativa na contratação, investem tudo no onboarding. Mas quando chega o momento de maior atrito com os colaboradores, que é a demissão, elas simplesmente perdem o controle do que acontece. Não dá para dizer que a companhia leva o ESG a sério se não faz nada sobre demissão - isso deve constar inclusive nos relatórios anuais", analisa Lucy Nunes, fundadora da Prepara-me, startup que trabalha com demissão responsável para cargos de entrada até média gerência.

Segundo Lucy, deixar de cuidar do processo demissional vem custando muito caro às empresas. O risco do ex-colaborador falar mal da companhia nas redes sociais e manchar a imagem que a empresa passou anos tentando construir é grande - sem contar os riscos de processos trabalhistas. Ela aponta que, por outro lado, mais de 70% daqueles que receberam apoio das empresas para recolocação profissional saem com uma boa impressão do antigo trabalho.

"Chegará o dia em que demitir sem se responsabilizar pelos impactos sociais causados, será tão inadmissível como é hoje poluir um rio e não se responsabilizar pelos impactos ambientais", conclui.

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O banco Lactare coleta e doa leite humano para prematuros de hospitais públicos
O banco Lactare coleta e doa leite humano para prematuros de hospitais públicos Imagem: Divulgação

Eurofarma aposta em banco de leite humano como política ESG

Cada letrinha do ESG pode ser distribuída para se encaixar nas mais diversas políticas de uma empresa - muitas delas não tão óbvias. A Eurofarma, primeira multinacional farmacêutica de capital 100% brasileiro, incluiu no "S" um importante olhar para a saúde desde os primeiros momentos de vida: o leite materno. Há cinco anos, a empresa mantém o Lactare, o primeiro banco de leite humano privado do país, onde é feita a coleta e a doação deste alimento de forma gratuita.

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O banco é responsável pela distribuição do leite para 9 hospitais públicos parceiros, que utilizam as doações para alimentar bebês prematuros internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais e que não podem ser amamentados de forma tradicional.

A ideia de abrir um banco de leite humano para atender toda a sociedade começou com uma política interna de apoio às colaboradoras da Eurofarma que amamentam. Além de 180 dias de licença, elas contam com creche dentro do ambiente de trabalho, salas para amamentar e extrair o leite, orientação e acompanhamento emocional desde a gestação.

"O Lactare nasce dentro de uma ação ESG da Eurofarma para ampliar esta assistência a famílias do seu entorno. Apesar de ser privado, o banco está inserido dentro da rede brasileira da Fiocruz e do Ministério da Saúde, e atua de forma totalmente gratuita para todas as mulheres que quiserem doar ou que precisarem de apoio neste momento", afirma Sayonara Medeiros, enfermeira especializada em aleitamento humano, coordenadora do Lactare e da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano.

Já passaram pelo Lactare mais de 10 mil doadoras. Foram mais de 11 mil litros de leite humano doados que ajudaram a salvar mais de 3,7 mil recém-nascidos. A meta mensal é chegar a 400 litros de leite por mês e atender pelo menos 100 bebês.

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Dica de leitura

Emergência Climática: o aquecimento global, o ativismo jovem e a luta por um mundo melhor

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Autor: Matthew Shirts

Editora: Claro Enigma

O jornalista ambiental Matthew Shirts se debruça sobre a emergência climática, explicando com detalhes, gráficos e fotografias tudo o que permeia o assunto — os desafios de um acordo global para combate ao aquecimento, o novo ativismo jovem que tem sido protagonista nesta luta, a importância do Brasil neste panorama e o que podemos esperar do futuro.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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