Mariana Sgarioni

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Reportagem

Rio tem a primeira moradia estudantil projetada para incluir PCDs

O sonho de morar sozinho e ter uma vida independente dos pais povoa a mente da maioria dos jovens - incluindo aqueles que têm algum tipo de deficiência. Esta conquista deve ser ampliada e um projeto pioneiro no Brasil vem chamando a atenção pelo seu sucesso: no prédio icônico do antigo Hotel Novo Mundo, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, funciona uma residência estudantil especialmente preparada para receber, entre outros, adultos com deficiência intelectual.

Trata-se de um projeto da Uliving, empresa que atua no setor de moradias estudantis, em parceria com o Instituto JNG, que atua em prol da autonomia e independência de adultos com deficiência. Hoje o projeto conta com 10 apartamentos tipo estúdio (quarto, cozinha e banheiro, mobiliados e equipados com TV, frigobar e cooktop) direcionados para esta finalidade. O prédio também conta com vários espaços de lazer compartilhados em que a interação é estimulada.

"Não se trata de uma moradia apenas para PCDs, muito menos um espaço de internação, ou algo hospitalar. É um lugar para jovens estudantes de todos os tipos e lugares. Apenas alguns apartamentos são reservados a pessoas com deficiência. O clima em todo o prédio é alegre, colorido e de convivência", explica Flávia Poppe, presidente e fundadora da JNG.

Segundo Ewerton Camarano, CEO da Uliving, o projeto foi pensado para ser democrático, direcionado a estudantes universitários. "Nosso papel é fomentar a integração e queremos conectar estas pessoas a atividades nos espaços comuns, estimular seus interesses e hobbies", afirma.

Todos os moradores com deficiência contam com o monitoramento de uma base de apoio, grupo de profissionais especializados que funciona 24 horas por dia, nos sete dias da semana. Os agentes não só acompanham o cotidiano destes moradores e estão à sua disposição para qualquer emergência, como também motivam cada um deles a conquistar a sua independência com programas personalizados, convivendo com os vizinhos, participando de eventos e circulando pelo bairro.

Quem quiser morar no prédio, deve fazer uma avaliação de perfil e autonomia, a partir de uma série de entrevistas conduzidas por especialistas. Isso significa apenas uma avaliação do tipo de apoio que o morador vai precisar, sem nenhum efeito diagnóstico. "Qualquer pessoa com qualquer tipo de limitação pode morar sozinha. Só vai depender do tipo e intensidade de apoio que vai necessitar", diz Flávia.

Ela lembra que a chegada na residência estudantil é apenas um primeiro passo para a independência destes jovens. Há casos de moradores neuroatípicos que saíram da unidade da Uliving para morar sozinhos, pois conquistaram segurança e ampliaram sua autonomia, seja em atividades profissionais, ou hobbies, tarefas domésticas, uso de transporte público e gestão financeira. "Todos que estão lá trabalham e têm suas atividades. Queremos que eles voem", conta.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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