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Blocos de Rua

Marchinha e anarquia embalam o 'Carnaval de verdade' do Boi Tolo no Rio

Matias Maxx

Colaboração para o UOL, do Rio

23/02/2020 13h33

"Cadê o Boi Tolo?" é a pergunta que pinga na sua timeline 365 dias por ano (neste 366), se você for minimamente entendido no Carnaval carioca, ou não. Isso porque o bloco mais anárquico do Rio não tem hora ou local para terminar. O Carnaval sem roteiro começa na região central, mas há quem diga que já viu um Boi Tolo no Pontal da Barra da Tijuca (zona oeste), a muitos quilômetros do centro carioca.

Essa "pluricharanga" existe desde 2005, quando saía na pipoca do Cordão do Boitatá de forma anárquica, com muitos sopros, percussões, sem Deus, pátria ou patrão.

Àquela época, o Carnaval de rua já arrastava multidões, mas mais limitado aos grandes e tradicionais blocos. O Boi Tolo veio fazer a diferença firmando o modelo de música boa, fantasia irreverente e horário e local de saída secretas, o que inspirou blocos Brasil afora.

Com isso, o Boi Tolo virou referência para o Carnaval de rua "de verdade" no Brasil e, ainda que seus integrantes fundadores viessem a formar grandes blocos profissionais, como a Orquestra Voadora, manteve a proposta anárquica.

Marchinhas adaptadas e críticas a Bolsonaro

Nos últimos anos, para driblar multidões, o Boi Tolo tem saído de cinco pontos diferentes para se encontrar no Aterro do Flamengo. Neste ano foi diferente de novo e saiu um boi só, às 7h30 em frente ao AquaRio, na região portuária —área de um Rio que já existiu, reformado para atender um "Rio-Dubai" que não vingou e hoje é uma nova passarela de blocos e cultura de rua.

Para lá de adaptações e versões presentes nos blocos que a maioria da galera do Boi Tolo toca, o repertório é de marchinhas clássicas com adaptações aos tempos modernos, como "indío quer apito, bala, lança e MD! Fora Bozo!".

A crítica ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido uma das tônicas do Carnaval de rua do Rio —o nome Bozo é um trocadilho usado por seus opositores.

A água com geosmina da Cedae (Companhia de Água e Esgoto), o Bozo, o Coringa e o fiscal de fantasia marcaram presença no Boi Tolo entre glitter, plumas, bunda de fora e outros clássicos dos adeptos do Momo.

Até o fechamento desta reportagem, o Boi Tolo estava na Praça Tiradentes (centro), mas há quem diga que ele vá parar em Marte. A depender dos foliões, não é impossível.

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