Menos peso e mais anos de vida: 7 benefícios que dormir bem traz para você
Se você dorme mal, não se sinta só: uma pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostrou que 72% dos brasileiros sofrem de problemas relacionados ao sono.
Dificuldades para dormir, muita gente tem em diferentes fases da vida. Mas, quando o problema se torna crônico, como no caso da insônia, é preciso buscar ajuda médica. Afinal, dormir não serve apenas para descansar o corpo e a mente; já é consenso na ciência que é durante o sono que ocorrem diversos processos fundamentais para o funcionamento do corpo, incluindo produção de hormônios e o armazenamento de memórias.
Dormir é tão importante que muitos médicos consideram esse momento fundamental para o organismo como é o ato de respirar ou comer. Veja a seguir benefícios que uma boa noite de sono pode trazer para o seu corpo e para a sua mente.
1. Redução de risco para doenças cardiovasculares
De acordo com a AHA (American Heart Association), a falta de sono de qualidade pode provocar a liberação de substâncias que geram uma inflamação sistêmica no corpo, elevando o risco para doenças cardiovasculares e eventos como infarto e AVC. Um estudo feito pela Universidade de Sidney, na Austrália, também ligou a falta de sono ao maior risco de uma morte prematura por problemas no coração.
A AHA alerta ainda que a inflamação sistêmica causada pela privação de sono também pode elevar o risco para desenvolver doenças como pressão alta e diabetes. Ou seja, uma boa noite de sono pode manter sua saúde cardiovascular em dia.
2. Perder peso
Inúmeras pesquisas já ligaram a falta de sono adequado ao aumento de peso corporal. Isso ocorre por diversos fatores: um deles é que o sono regula a liberação de alguns hormônios que regulam nosso apetite — como a grelina e a leptina. Sem pregar os olhos, o metabolismo fica desregulado e acabamos comendo demais.
Não é só isso. Um estudo da Universidade de Chicago, nos EUA, já mostrou que, quando estamos com sono, nosso corpo tenta compensar essa falta de energia, nos fazendo comer demais e ter mais prazer com alimentos calóricos e ricos em açúcar e gordura —o atrapalha o controle do peso.
Por outro lado, outro estudo mostrou que indivíduos que conseguiram aumentar sua noite de sono em cerca de uma hora reduziram o consumo calórico diário em 270 calorias, contribuindo para a manutenção de um peso saudável.
3. Você pode viver mais
Dormir bem faz o metabolismo do corpo funcionar melhor de maneira global —melhorando todos os processos e dando mais disposição para as tarefas do dia a dia. Mais: sentir-se bem disposto fisicamente também ajuda a manter a saúde mental regulada.
Portanto, uma boa noite de sono contribui para uma vida mais longa e é considerado por muitos especialistas como um hábito ligado à longevidade. Uma pesquisa de 2023 apresentada na Sessão Científica Anual do American College of Cardiology junto com o Congresso Mundial de Cardiologia, por exemplo, mostrou que concluiu que homens que dormem bem vivem 4,7 anos mais, e mulheres têm a expectativa de vida aumentada em 2,4 anos.
4. Menor risco de demências
Alguns estudos sugerem que existe uma ligação entre o padrão ruim de sono e o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer. Isso porque a falta de sono acelera o acúmulo de proteínas anormais no cérebro, como beta-amiloide e alfa-sinucleína, que estão associadas a essas doenças.
O sono é fundamental para promover uma limpeza de toxinas cerebrais (que ocorre enquanto dormimos) e a manutenção da saúde neuronal. Ou seja, uma boa noite de sono é um fator protetivo contra o desenvolvimento de condições neurodegenerativas.
No entanto, vale reforçar que os médicos e cientistas ainda precisam de mais dados para entender melhor como funcionam esses mecanismos e entender com mais clareza essa relação.
5. Melhora na memória e na concentração
O sono de qualidade é essencial para a consolidação de informações e experiências que vivenciamos no dia a dia, contribuindo para o aprendizado e a criatividade —e, portanto, contribui para o aumento da produtividade no trabalho e nos estudos.
Por outro lado, dormir mal reduz a capacidade cognitiva do cérebro, prejudicando habilidades como atenção, foco e concentração. Dessa forma, quando você dorme mal, fica mais difícil realizar atividades como estudar, escrever e ler, além de aumentar o risco para cometer erros banais durante qualquer tarefa.
Não à toa, a recomendação da ABS (Associação Brasileira do Sono) é que crianças entre seis e 12 anos, ou seja, em idade escolar, devem dormir entre nove e 11 horas por dia. Já na adolescência, a recomendação é de oito a 10 horas por dia.
6. Melhora da saúde mental
Além de realizar uma faxina no cérebro e melhorar a saúde dos neurônios, dormir bem tem um papel importante em nossas emoções e nossa saúde mental. É que, durante o sono, o cérebro processa informações e atua na consolidação das nossas emoções, incluindo as positivas.
Já existem estudos que indicam que a falta de sono aumenta o risco para o desenvolvimento de transtornos mentais como depressão, ansiedade e transtorno bipolar, além de elevar o risco para comportamentos suicidas.
A falta de sono também aumenta a irritabilidade, tornando mais difícil para o corpo lidar com atividades estressantes ou incômodas no dia a dia e dificultando a capacidade de regular as emoções.
7. Melhora de performance na academia
Dormir serve também para melhorar a capacidade atlética do corpo —e favorecer habilidades que usamos ao praticar atividades físicas, como equilíbrio e força.
Além disso, é durante o sono que as fibras musculares são reparadas após o exercício, promovendo também o ganho de massa muscular.
O sono ainda é importante para a produção de hormônios que participam do processo de construção muscular, como o GH (hormônio do crescimento) e testosterona.
Quanto tempo preciso dormir?
A quantidade de horas necessárias para uma boa saúde é relativa e varia de acordo com a idade e o organismo de cada pessoa. No geral, a recomendação é de que um adulto saudável durma entre sete e nove horas de sono.
Vale dizer, no entanto, que algumas pessoas podem precisar de mais horas (dez, por exemplo) e também há quem tenha um sono reparador com seis horas ou menos.
Fontes: Alexandre Siciliano, cirurgião cardíaco, gerente de Cardiologia do Hospital São Lucas de Copacabana (RJ); Diogo Haddad, neurologista do Hospital Nove de Julho (SP); Fábio Cantinelli, médico chefe da Psiquiatria do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) e da Clínica Ame.C (SP); Gustavo Magalhães, psiquiatra membro do Instituto Perin (SP); Natan Chehter, clínico geral e geriatra membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e do Hospital Estadual Mário Covas (SP).
Deixe seu comentário