Já pensou em largar tudo e morar em um motorhome? Famílias relatam vivência
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Quando se tem filhos, mais cedo ou mais tarde, você se questiona como será viajar com eles. É mais difícil mesmo? Será que dá para arriscar e planejar viajar com eles no colo? Nos últimos anos, um novo estilo de vida tem ganhado força entre famílias do mundo todo, e as brasileiras não ficam de fora: a vida nômade com crianças. Aham, é possível!
Morar em um veleiro ou em um motorhome (aqueles carros equipados com cozinha, banheiro e quarto) passou a ser realidade para quem busca liberdade, aventura e contato com a natureza, fugindo da rotina convencional de uma vida com filhos. Para mostrar que essas famílias não enlouqueceram e têm - o que é possível - sob controle, conversamos com duas mães que contam como é optar por fugir do padrão.
Um carro, dois filhos e uma cachorra
Juliana Almeida Kolling, 38, embarcou na vida nômade durante a pandemia, junto com o marido, Thiago Lemos Pinto, 38, os filhos, Caíque, 9, e Thaila, 5, e a cachorrinha Kira. A ideia, que antes parecia um sonho distante, tornou-se viável com a consolidação do trabalho remoto. Ela, oceanógrafa, dava aulas em uma faculdade, enquanto o parceiro, educador físico, trabalhava em uma multinacional. Hoje, ambos trabalham com conteúdo digital, através do projeto que criaram juntos, o Sete Mares Travel.
O primeiro passo foi radical: venderam o apartamento e adquiriram um veleiro para viver sobre as águas. A experiência revelou que, sem experiência como velejadores, era preciso repensar o formato da jornada. "Foi um ano de aprendizado intenso, mas percebemos que não queríamos ficar parados, queríamos mais mobilidade, aproveitar a liberdade", conta a mãe de Caíque e Thaila.

A família então comprou um micro-ônibus e passou um ano esperando ele se transformar em uma casa. Sem moradia fixa, alugavam imóveis pelo Airbnb, e carros para os trajetos.
Hoje vivem no tão sonhado motorhome, em uma vida itinerante pelas estradas da América do Sul. "Já passamos pelo Uruguai, Paraguai, Chile e Argentina, chegando ao Ushuaia, e agora percorremos o Brasil". A saudade e a convivência com familiares foi resolvida com planejamento: anualmente a família faz pausas para visitas em São Paulo. E os filhos dizem que a experiência tem sido enriquecedora, tanto quanto a dos pais.
Eles amam essa vida, têm contato com culturas diferentes e aprendem de forma prática.Juliana Almeida Kolling, criadora de conteúdo digital
Filhos não impõem limites nos sonhos
Fernanda Fernandes, 40, e seu marido Ronaldo Dahmer, 40, também sonhavam em explorar o mundo: antes de terem filhos, ambos eram empregados CLT, e pensaram em largar tudo e fazer um mochilão para viajar, mas a estabilidade na empresa e um apartamento recém-comprado foram razões para adiar a decisão.

Com a chegada dos filhos, pensaram que a rotina nômade ficaria ainda mais distante, mas não cederam ao impulso de desistir ou adiar.
Quando a gente tem filho, acha que é difícil fazer viagem com criança, mas não queria que as crianças fossem um impeditivo para realizar nosso sonho.Fernanda Fernandes
O primeiro passo foi um trailer para pequenas viagens nos fins de semana com os filhos Thiago, hoje com 8 anos, e Júlia, 5. Em 2022, passaram um mês percorrendo Paraguai, Argentina e o Uruguai. De repente, uma 'ajudinha' do destino: ambos foram demitidos. "Vimos ali a oportunidade de reorganizar nossa vida e nos dedicar totalmente ao estilo nômade."
Fernanda trabalhava com gestão de projetos, Ronaldo com tecnologia da informação, e ambos procuraram novos empregos remotos, se tornaram empresários. Também buscaram escolas que oferecessem um modelo de homeschooling. "Optamos por escolas americanas de ensino à distância. A mais nova aprende por experiências e materiais direcionados, enquanto o mais velho estuda on-line, com aulas ao vivo em inglês e espanhol. O aprendizado é incrivelmente rico".

Hoje a família vive integralmente no trailer. Depois de percorrer o Nordeste brasileiro até o Maranhão, desceram pelo Centro-Oeste. "Nossa casa tem nove metros quadrados, mas é completa. E nosso quintal muda a cada lugar que estamos", conta feliz da vida.
Mas é claro que também há perrengue
Viver na estrada não é só romantismo. Questões como manutenção do motorhome, conexão com a internet, segurança, educação, custos e rotas exigem planejamento. Contudo, se é uma mudança que você está disposta a encarar, vai fazer os benefícios superarem os desafios.
Se um dia notarmos que não está mais funcionando para nós, para qualquer um da família, mudamos de novo, sem medo. A gente percebeu que não tem problema, que é possível mudar, da mesma forma que a gente mudou tudo para vir, muda tudo de novo para voltar.Juliana Almeida Kolling, criadora de conteúdo digital
Fernanda concorda que a liberdade de escolher para onde ir é a maior vantagem. "A gente vive um dia de cada vez. Se algo não nos agrada, mudamos os planos, como fizemos ao evitar as chuvas no Sul e seguir para o calor do Nordeste".
Nosso tempo de qualidade aumentou muito. Antes, precisávamos dar remédio e deixar os filhos doentes na escola porque não podíamos faltar ao trabalho. Hoje, temos flexibilidade e eles quase não adoecem, pois vivem ao ar livre.Fernanda Fernandes
Para Fernanda, a socialização é um ponto de atenção, especialmente para os filhos, porque é mais difícil encontrar crianças do que adultos pela estrada, mas - segundo ela - até isso os ajudou a evoluir. "Antes, quando encontrávamos outras crianças, eles demoravam muito para interagir e aí às vezes já era hora de ir embora. Hoje, eles não perdem mais tempo, sabendo que é preciso aproveitar".
Juliana, que inicialmente também se preocupava com a socialização dos filhos, celebra o que vê. "Eles estão criando uma habilidade de socialização muito grande, porque brincam com crianças de todas as idades, que falam qualquer língua".
Com planos de continuar na estrada, essas famílias mostram que podem estar em qualquer lugar - basta coragem para escolher um novo caminho. A liberdade - para mães, pais e filhos - mora logo ali.

Confira outros perfis de famílias que exploram a vida nômade
- Família e uma viagem:
Ela vive na estrada com marido e filhas em um ônibus transformado artesanalmente em motorhome por eles mesmos. Segundo a mãe, "tudo começou com um sonho e algumas ferramentas na mão" e agora já são dois anos como uma família nômade pelo Brasil. - Mummy and a half one:
Ela é mãe solo, está atualmente em Fuerteventura, nos EUA, e viaja por aí com os filhos em um motorhome. Resolveu criar viagens para outras mães. "Sim, sou uma mãe, mas também uma mulher, humana, aventureira, sonhadora", escreveu em um de seus posts. - Take me home trip:
Ela é fotógrafa e resolveu, junto com o marido, viajar por um ano em um motorhome, por 16 países da Europa. Hoje, usam o veículo para viagens mais curtas.
4 comentários
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Walace Pereira Rodrigues
Meio romantizado esse negócio aí hein ainda mais com filhos em idade escolar me perdoa mas não é essa maravilha toda que foi narrada.
Rochael Marques de Oliveira
Reportagem horrível,vazia, falta muito conteúdo aí,como em todos os colunistas da UOL
Jane Tadeu da Silva
Confiar em seguidores e viverem do que paga o Youtuber e pedido de PIX pra quem assiste, é perigoso, já vi muitos desistirem, até alguns famosos, que nascem até filhos e filhas nessa aventura, muitos casamentos terminados, pessoas que cometem delito porque a fama acaba, o dinheiro encurta, dkvidas grandes, mas os que dão certo são raros que conseguem ficarem ainda na ativa, porque tem milhares, que vendem até bens pra se aventurar nessa nova modalidade de aventura, sem falar dos Internacionais, que passam perrengues pelo mundo.